terça-feira, 30 de março de 2010

Mão

Agora não és tu. Estás a ser resolvido a par do tempo... não tenho pressa, não tenho nada...
Hoje é o resto. O resto grande. O tudo, o dia e a noite e os pesadelos...
Falo de ti, do não-eu, do que queria que eu não fosse...
E chamas aos desmaios sorte, porque os sentidos todos se ausentam, pelo menos esses instantes que não sabes precisar no tempo das pessoas, esses...são sem ti...
Nem medo... foi sorte
E se um dia o estado em que voltas te trai?
E se um dia todos ficarem a saber...
às vezes, no desespero, procuras a mão que nunca soubeste pedir, ou que pediste sempre com palavras trocadas, porque te julgas indigna, tu, TU tinhas de ser capaz!
Nada mais te atrai... querias só aquele ponto, nem êxtase, nem felicidade, querias só despreocupação...
Que se lixe!
Nunca, nunca conseguiste dizê-lo...ou disseste, mas nunca, nunca o sentiste...
Vais ter de ser capaz de usar as palavras todas,
é irónico...
Fazes da tua vida o calcorrear de verbo em verbo, escreves apressadamente sem nunca seres suficientemente rápida para acompanhar as frases que te percorrem o cérebro... e quando chega o teu momento, em que te pões a jeito para te ouvirem... BRANCO, silêncio
E a pouco e pouco lá te surgem algumas palavras dispersas... há dias que as dizes, não sem antes as deixares passar pelo filtro do eufemismo...
A gravidade deita-te ao chão. "É grave"... Tornas-te incapaz de continuar...sentes medo e raiva e o coração dispara... depois, apatia... Não sentes mais nada.
Vens para a rua, desarrumas a gaveta... sentes à superfície da pele mas nada te entra...
Chamam-te calma, quando calma é o que desejas e nunca sentiste... talvez porque a gastes toda neles (os que dizem senti-la vinda de ti)...
Não és tu, é o resto, é ao resto: sai
Sai
Preciso de dizer, dizer
Antes que...





A dor

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