terça-feira, 15 de novembro de 2011

amanhã

O tempo não passa e o corpo pouco muda, à espera do tempo, talvez...
As ideias baralham-se, o coração acelera como acelera a chumva lá fora, que eu não vejo, mas que sinto.
mão dormente,
fazer força para o ar entrar,
sonhar com a vida lá fora
e temer-me na vida lá fora...
As certezas são muito poucas, e que prepotência a minha de achar que o futuro pode ser ditado por mim agora...
Quero o amanhã,
mas só depois do hoje...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

reuniões e afins

Como é que se faz?
Entendo as palavras,
percebo as frases mas não percebo o seu significado... na realidade também não pergunto, mas a única maneira que tinha para poder perceber era: pode-me explicar o que está a dizer?
Tem dois minutos?
mais...
obrigada

domingo, 13 de novembro de 2011

ela

Há muito tempo que te quero dizer adeus,
há muito tempo que te odeio, mesmo quando nada mais existe no mundo para além de mim e de ti...
Há muito tempo que estas palavras parecem mentira,
que os meus gestos me contradizem,
que os meus dias são mais do mesmo sempre a querer, nunca a fazer...
E quando o nunca se enfrenta lá vem o dia em que tremo dos pés à cabeça, do dia à noite...
Não é segredo meu que te odeio,
mesmo quando tu me amas incondicionalmente e ainda mais quando fraquejo e te faço a vontade.
E eu odeio-te mesmo quando parece que me aconchego no teu colo,
E os outros julgam que me dou a ti e a mais ninguém como a ti...
Mas estão errados, mesmo que nunca lhes consiga provar...
Quero e trabalho todos os dias para que seja o último, para que seja o primeiro,
É neste querer e não poder que tudo dá conta do que nunca cheguei a ser e muitos julgam que sou...
Eu odeio-a
E amo-vos

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

laboratório

O peito despedaçado,
A alma calcinada, calcificada... não lhes sinto as mãos e as palavras, o frio tem a mania de tornara calcificado o que já foi mais moldável...
O medo aprisiona,
Como as palavras que dizemos sem as pôr em causa.
Querem que o muro quebre, mas o muro está gelado demais para sequer lhe chegar próximo e tentar ouvir quem está do lado de lá.
O frio do corpo arrefece ainda mais antes de me deixar deitar a manta por cima,
o aconchego não chega... demora...
E será tudo muito rápido: uma experiência em laboratório em que se conhece todos os procedimentos, todos os utensílios e reagentes.
Aplica-se a forma e saio com o resultado...
Que esta se aproxime mais...
Que esta seja a minha...
Que eu seja para ela...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Interromper.
A rotina deserta, o olhar compassivo, a atitude prosódica, milimetricamente rezada, conhecida em ritmo, desconhecida no conteúdo verdadeiro porque, de aprendido, muito pouco escutado. Interpretação zero. Olhar embaciado, brilho ausente, intenção e emoção roubadas pela obrigação.
A estagnação de horas a mais que um dia inteiro, horas inteiras de espera... desesperada na vergonha da resposta que se esperava, conhecer mais cedo...
O telefone não toca e a resposta não chega.
E a interposta reacção é já certa... anulada só pela ausência da questão premente.
Ela disse que não se desiste, que não faz sentido desistir enquanto houver uma vida pela frente que pode ser vivida de maneira diferente... tem a sua questão arrumada mas que de nada serve se quem tiver de decidir deixar este futuro nas mãos de quem desaprendeu a andar.
E ela, a de todas as semanas disse logo, também, que a sua razão era desperta demais para deixar passar em branco um futuro que pode não chegar a ser...
Mas mais uma vez de nada serve a conclusão, de nada serve a vontade de pegar o futuro nas mão de quem não sabe atravessar a tábua com o cuidado suficiente para não cair e oferecer a carne aos devoradores...
Quem tem a palavra faz-se de surdo e o futuro encurta-se. Quem tem o poder de decidir interessa-se antes pelo castigo de quem já teve as suas hipóteses... como um réu que repete o crime... só que em vez da repreensão e da detenção, é deixar ao vento... que o vento magoa quando sopra forte demais e pode ser que alguma coisa lhe quebre a cabeça e que esta avance noutro sentido... chamar-lhe-ão negligência.