quarta-feira, 26 de maio de 2010

Acomodar-se

Jamais te acusariam de te acomodares, de seres inútil, inerte.
1
2
3
trabalhos.
a soma dá umas 18,19 horas por dia.
Boa conta.
Pensaste tu que isso lhe tiraria tempo...
Que a tua agitação daqui para ali a distrairia a meio do caminho, ela seguisse um e tu outro...ainda que um trilho cheio de pedras e lama e picos...preferirias.
Pegas no telefone para pôr trabalho em dia quando aquela voz se torna ensurdecedora, mas tem de ser logo ao início, caso contrário, é só a voz e já não és tu...
Escrever freneticamente quando as mãos te pedem para ires fazer outra coisa qualquer.
Metes os vídeos que o trabalho te pede para ver quando queres sair de multibanco na mão, assumes compromissos sempre com horários apertados, records, só para que o teu tempo fique lotado e não dê "tempo" nem espaço para absolutamente mais nada.
O plano não serve.
Pegas em mais um trabalho... a crise não te chegou ainda...acumulas responsabilidades e cumpres ao pormenor, não queres falhar, nem falhas...ali.
Mas o tempo cresce sem saberes como e tens tempo para isso e ainda mais...
e aí sim,
acomodas-te
inutilizas-te

és inércia

alguém?

levem-me
obriguem-me
peguem-me
abracem-me
amem-me
odeiem-me
desiludam-se
irritem-se
batam-me
vendam-me
olhem-me
gritem-me
apertem-me

perdi-me, esqueci-me, errei ontem e hoje, outra vez...
eu não sei
eu não sei
nada de nada de nada,
falta a cor e já falta o medo...
e há medo de não ter já medo.
Porque o medo guiava o instante entre o escorregar e a queda...
às vezes queres cair,
às vezes queres atirar-te
tantas vezes queres que te agarrem e não te deixem continuar.
a dor
diluíste-te nela

terça-feira, 25 de maio de 2010

existir

Ter tudo,
ver tudo de cima,
de lado,
à volta...
cheirar o vento,
embrenhar-me na sensação de não ter mais nada, acesso a mais nada senão à vista desarmada, a olho nu,
contentas-te com essa verdade
a única
compensas-te na ilusão de ter tudo sem ter nada, sabor a nada
o nada sabe-te ao tudo
porque não chegas a mais nada
há qualquer coisa mais...uma curiosidade,
mas nem te atreves a escorregar para cima dela...
não, não estás a fazer nada, não não estás a queres, nem a crer que chegas àquele sabor...

estás porque te dizem que existes,
existes porque dizem o teu nome todos os dias




repetem em voz alta
sorris antes de responder,
sempre

domingo, 23 de maio de 2010

a fugir

Isto fala por mim
Isto age por mim
Isto reage por mim

desculpas?

Arrependimento a seguir
estratégias para ser perdoada pelo que fiz e não queria ter feito, ter dito...

Se há uma palavra que descreve o que têm sido os instantes todos juntos é: fuga.

Sim, quero fugir
Sim quero ficar de outra maneira
Agarrem-me, agarrem-me
Não me deixes fugir outra vez
porque desta vez não sei se serei capaz de voltar

quinta-feira, 20 de maio de 2010

controlo

Não sei dele,
há palavras que não se podem dizer, eu sei...
mas às tantas sente-se que se deve lealdade, que nem todas as mentiras são piedosas... e se gostas de saber a verdade é injusto que só contes mentiras.
Sabes que a tua verdade gera preocupação em quem gosta de ti...contas coisas a meio para não te culpares pela mentira mas também para não teres o dobro do trabalho: contar e acalmar...
De repente, tens telefonemas de saudades e quando te perguntam contas...e repetes vinte vezes " mas eu estou óptima!"..ok, esquizofrenia outra vez... tu ouviste o que disseste antes e isto não combina... desligas o telefone e percebes porque te afastaste tanto... para não ter de dizer, para não ter de mentir... para poderes estar nua, sozinha mas nua, sem esse fato de bobo da corte preocupado em entreter.
Elogiam-te os conselhos, a dedicação a quem precisa...e o tabuleiro vira-se ao contrário quando dizes 5 palavras sobre o-que-se tem-passado...
O controlo a que te obrigas é aqui também, se calhar começa sempre por aqui e iludes-te que seja no resto.
Dói-me saber-te preocupada
Não te vou dizer, mas amanhã só "estou bem" e não te baralho com o resto...
Tenho uma pessoa para agradecer a sanidade de poder ser verdadeira uma vez por dia: OBRIGADA por teres entrado há tão pouco e tanto, por termos bem mais temas de conversa e por haver tempo e espaço para mim... tenho medo da tua frontalidade e da minha capacidade de fugir de ti... Mas mesmo que te deixe, que tu te fartes, o teu abraço real, foi cheio da segurança que eu não tenho... obrigada

terça-feira, 18 de maio de 2010

ir...

Sem chão,
Sem nada
Queres estar "sozinha" mas ela não te deixa...
Não a queres, não a suportas, mas dás-lhe colo e ficas tu no chão, a doer-te o rabo, a sentires a dormencia do corpo, demasiado pesado para os vasos que te mantêm "viva".
E agora?
E agora?
Dizem-te que vão dar-te um nome, outra ajuda..ajudar ao quê? Tu ainda não acreditas no que te disseram: "foi ele que não foi capaz de admitir que não te conseguia ajudar mais...e não te deu alternativas...tu nao podes ficar "limpa" agora, não podes deixar tudo..."
Não te podes deixar, porque ela leva-te... e nunca mais te encontras

sábado, 15 de maio de 2010

abismo

Não era nada disto,
Sabia da possibilidade mas, para variar, havia um bocadinho de esperança de um fazer diferente...
Parece que tudo acontece para me provar que o caminho está errado,
E eu continuo fiel ao abismo.
fito-o a ando, pé ante pé...
E vão dizer: estás tão bem...continuarão a dizer: estás tão bem...
E o abismo.
O abismo não chega.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

um fim, o 1º

Fui eu quem disse adeus
E fui eu quem mais chorou a despedida

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Respiras fundo de olhar molhado e eu olho-te daqui, a saber um pouco mais que os outros, porque bem ou mal, passei muito tempo contigo... hoje fico aqui fora porque a agitação é demasiada, a pressa e a repulsa em proporção directa fazem-te ter vontade de gritar, de fugir e de cair, ali, às 6 da tarde...
Vais porque tens que ir. Vais porque já não se aguenta este mal-estar provocado por palavras encravadas a meio da garganta. Vais porque precisas de bater com o punho na mesa e dizer: não está a dar. E não, dormiste hoje sobre o assunto e confirmaste que não é de revolta adolescente que se trata... é legitima a tua frustração, eu percebo, percebo. Tu fugiste muito, desconfiaste mais que sei lá o quê, não cumpriste tantas e tantas vezes, mas bolas! tu é que foste procurar ajuda... achas que se não a quisesses te davas a esse trabalho? achas que se não a quisesses trabalhavas que nem um cão para poderes pagar 1000 vezes que lá vais ouvir tudo pela enésima vez e tentar...só mais uma vez, só mais um bocadinho? Tu queres, ele reforçou aquilo que ainda tinhas dúvidas...tu prometeste empenhar-te e cumpriste, ele prometeu ajudar e falhou... Não sinto que tenha disponibilidade para ti, não sinto que tenha mais opções para ti, e tu queres mudar... tu queres outro alguém que te alimente o reservatório da esperança que precisas para pôr um pé à frente do outro, vulgo andar... E ele não te dá nada disso. Anos e anos a sentires que ele fazia tudo e que a culpa deste impasse era tua, que não mudavas de dr por respeito a quem te disse que te ia ajudar... mas já não aguentas mais, hoje tens a certeza que lutas, que te empenhas, que te esforças todos os dias mesmo quando falhas e cais e choras tudo até não poderes mais. Ainda assim não consegues enfrentá-lo com esta frieza de discurso porque - ele não sabe - sentes uma culpa gigante por ele não te ter ajudado. Hoje esta culpa não te faz sentido, mesmo que não a consigas evitar... não sais de cabeça erguida porque não era isto que querias...a responsabilidade, não a culpa, também é tua... Mas tens direito a lutar por ti, a procurar alternativas ainda que falhes, ainda que saias delas igual ou pior... mas pelo menos sais dessa terrível estupidez de não ter tentado... quero tentar tudo, como lhe disse no dia em que acreditou em mim, eu faço tudo para que isto mude 1 milímetro que seja.
E neste momento, se há tantas coisas que me sinto incapaz de conseguir mudar, há outras que ainda estão na minha mão.
começa por aí!

Já estou mais ou menos de volta, mais ou menos mais calma.
Vou com a dúvida de estar profundamente enganada... mas não me posso culpar por não ter tentado, mais e mais e mais uma vez.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

amanhã, ponto.

Amanhã vou dizer-lhe que chega.
Já tentei, já arrisquei, já me desacomodei.
Como me disse eu não paro, nunca parei, fui muito mais longe do que se esperava nas condições mais duras... Consegui impor-me a disciplina ambigua...um mundo entre o dentro e o fora, um abismo entre o direito e o avesso da pele.
E os resultados, onde estão?? um bocadinho, só um bocadinho... consegui o resto, mas falta-me a única coisa que nunca consegui...e que cheia de vergonha pedi ajuda.
Faltam-me mudanças radicais, mudar, mudar, mudar... Não vou para o Tibete nem vou tornar-me vegan, nem vou viver para uma comunidade naturista.
Vou sair.
Vou deixar o resto.
Vou deixar de ligar ao resto.
E vou-lhe dizer: não resultou e já perdi a esperança. E não, não é uma decisão a quente, vem já quase fora de prazo...foram 6 anos a pensar nisto. Tive momentos de pura esperança, de muito desespero também... desisti mil vezes, mas nunca por completo, confiei muito pouco ou quase nada e neste momento, desculpe, mas não sou eu que estou a falhar.
Tenho pela primeira vez a certeza que dei o máximo, que o que não faço a mais é porque NÃO consigo. Chamem-me os outros o que quiserem, mas perdi. E não, não é uma questão de força de vontade...foi o dr a ensinar-me isso... e custou-me ouvir que dessa eu tinha de sobra, bastava olhar para tudo o que tenho conseguido nos ultimos anos... Sim, consegui...tanta coisa que não me sabe a nada porque esse medidor está congelado pela dor do resto.
Tentar infinitamente pelo mesmo método parece-me muito pouco para quem se diz especialista, para quem já teve centenas de casos nas mãos, para quem já ajudou tanta gente. E tenho sempre de ser eu a destruir a espécie de alegria com que me encara quando falo na "minha vida"...porque isso é o que acontece e em nada rima com o que se passa cá dentro.
Vou-me embora para lado nenhum, talvez um dia encontre uma maneira de encontrar um caminho menos escuro, menos cheio de tantas teias e labirintos...
Neste momento não contava com muito de si, só disponibilidade, a ajuda que me prometeu, só... e não a tem, eu compreendo que não tenha tempo mas eu também não consigo perder mais tempo.... O que vou fazer com ele? com o tempo? Nada de especial...vou continuar com todas as ocupações e os stresses que fazem o tempo correr mais depressa. Mas não me dê mais esperança que depois não acompanha...
Eu não vou sair daqui sozinha, e vai custar a dizer...
isto é só o que quero dizer.
Amanhã...

terça-feira, 11 de maio de 2010

PARAR

dormir
descansar
desligar
esquecer
deixar


deixa-me

domingo, 2 de maio de 2010

Loucura

Entre medo de chegar e medo de ultrapassar, demasiado...
Entretive-me nesse desassossego e detectei minuciosamente os pontos alvo, resultantes de uma semana que devia ter sido de "viragem", mas que havia sido... igual... com avanços demasiados pequenos para combater a solução de um futuro breve, essa, sem meias-medidas.
Subo com medo de estragar, punhos cerrados para não se notar que tenho as mãos a tremer... eu sabia que estava inundada... e já me estava a mentalizar para não acreditar...era um bocadinho menos, não era preciso entrar em pânico, estava tudo bem... "está tudo bem..."
Fiquei com a sensação que ia cair dali, eu não estava a aguentar aquele chegar-ao-equilíbrio porque eu própria não estava muito bem para me equilibrar...
E quando ela disse:

Perdi.
Perdi-me
Eu não lhe vou dizer, mas eu sei o que devia fazer