quinta-feira, 25 de novembro de 2010

caminho

Livro-me das mágoas e das nódoas negras como nunca...
Saio e volto a mim num instante e depois descanso.
Ando a aprender a descansar, a ter tempo...
E esta "calma" fala comigo, fala directamente com a minha calma...
Sem dar por isso a mão do Senhor lá de cima ajuda-me a relaxar as pestanas, sem pressa de acordar a seguir porque esse a seguir, sempre à pressa, aquela metamorfose da decadência à sobrevivência é a cada minuto mais remota, mais me causa repulsa... e quando caio, no instante anterior já sei... aquilo chega... e o "cada vez menos" não me dá qualquer sensação de "estou a conseguir"... No dia a seguir é de novo o dia 1. Não quero mais momentos "dela" a fazerem parte de mim e, ao mesmo tempo encurta-me o caminho. Ainda estou longe, muito longe, mas tenho cada vez mais força nas pernas para caminhar...
É por aqui,
E quando tenho dúvidas vou até quem me contenha e me diga tudo o que já sei mas que preciso de voltar a ouvir.
Obrigada

terça-feira, 23 de novembro de 2010

pesadelos e sonhos

Não sei porque é que o sono não me tem guardado,
precisava de balançar mais um bocadinho... já não acordo sem medo de voltar ao sonho, algun são sabem bem e sinto que acabam sempre demasiado cedo.
Não tenho tido pesadelos. Eles prendem, amarram à cama com um colete de forças. Mal vens à tona ele curva-te a cabeça e, sem querer, lá estás, outra vez. Esperneias mas a cabeça pesa demasiado, como a dos bebés...é proporcionalmente maior que o corpo e mergulhas mais e mais fundo. Alguns pesadelos são demasiado conhecidos e nem assim encontro a porta da saída...e perco-me por caminhos escuros, cada vez mais escuros, até adormecer e acordar tempo (quanto?)depois...
O sonho é liberdade, liberta-me da cama, não penso na roupa nem no corpo nem me interessa se estou penteada ou não... vou e nada me amarra,vivo tudo o que digo e oiço...
Hoje não me lembro do que aconteceu ao sonho, nem se estava a sonhar...
Preciso de ajuda para dormir mais,sonhar mais... sair daqui...porque quando acordo sou incapaz de sair do mesmo lugar. E acordada os pesadelos não me agarram... Aprendi a sonhar de olhos abertos.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

essência

Os medos mudam, mudam muito, mudam muito mais que as pessoas que têm medo...
As pessoas não mudam,
mas as pessoas são as escolhas que fazem...
Escolhi um caminho que dá medo de pisar...oferece-se perante ti, pede-te os pés, as mãos e o corpo inteiro...e de repente tenho medo... outro medo, um medo diferente
É incrível como os medos mudam tanto e os seus invólucros tão pouco...
Os medos de ontem não são os de hoje...por mais que às vezes se mascarem e pintem a cara toda de verde para me enganarem...
Eu sou a pessoa de ontem, mais o hoje... não me anulo ao mudar de caminho... nem me alegro com "estás outra!"... sou eu, mais um bocadinho, menos outros bocadinhos...
Sou eu e sabe bem saber-me cada vez melhor... Mesmo com medo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

balançar

A diferença é um abismo.
Mas em vez de uma chegada em slide, foi preciso descer descer bem fundo... não se via nada, ouviam-se uns ecos distorcidos de vozes mais ou menos conhecidas.... mas a descida continuava, o escuro era cada vez mais escuro e o frio injectava-se nos ossos...
O coração encontrou umas mãos penduradas,
O tempo, diferente, passou-me da descida ao outro lado do abismo. Sem as mãos jamais teria conseguido...
Os primeiros dias foram só adormecer em rochas estáveis... não havia muito a fazer, pouco podias tentar... tu sabias... sabia
Sem tempo para esperar, a subida foi difícil, não havia onde meter os pés, e as mãos escorregavam tanto, do suor, do cansaço... Usaste mãos que não foram as tuas para os primeiros passos... só os pés foram sempre sempre teus.
Aprendeste a retorcer os músculos inteiros, que se iam subtraindo pela falta dos quilómetros que antes percorrias no planalto... mas serviram. Houve um dia em que ergueste a a cabeça, outro em que esboçaste um sorriso outro em que as palavras diziam melhor os medos do coração...
Há dias em que olhas para baixo, e a atracção do abismo paralisa-te... suspende o tempo, desafia-se a gravidade e sobes, mais um passo, mais um...
Ainda não vejo bem a relva fresca, mas o escuro já não é tão escuro... os ecos são cada vez mais nítidos e a tua voz ganhou força, daquela mas ao contrário...
Tenho medo e quero isto...
Quero o medo à minha frente.
Estou aqui, de pé, de pés e mãos firmes... e quando escorrego o vento balança-te... só. Apenas balanças...