quinta-feira, 29 de julho de 2010

aperto

Fiquei a pensar

eram oito e meia da manhã e fui recebida por si, com o sorriso seguro, as palavras firmes, a voz calma.
Desta vez o ensaio que fiz na minha cabeça, do carro até chegar ao pé de si, não correu bem, falhou e sabe, ainda bem...
porque fiquei a pensar

não se resolveu ali

não fui um pedaço morto a pesar e a avaliar de fora, não me vi de fora...nem a vi muito bem porque me custou olhar, como se me custasse olhar os olhos que me olhavam.

Zangou-se com a minha falta de tempo para mim, com o meu empenho no trabalho, por levar trabalho para casa, por querer a excelência, a pontualidade e a assiduidade acima de tudo.
Mas não se zangou, como eu me zanguei, com o resto... o Grande resto, o Meu Grande Resto.

Foi puramente prática e pela primeira vez não ouvi "temos de esperar" mas "temos de resolver"... e deu-me uma solução diferente, um caminho nunca antes experimentado por mim...muitas vezes pensado, é verdade, mas também, inúmeras vezes adiado...

e da minha boca só saía "não posso" "e não posso fazer isso" "eu não lhes posso fazer isso"... uma desculpa? talvez medo? também... como é que eu faço? o que é que eu faço? o que é que eu escolho?...

Falámos das regras possíveis... e e expliquei como é impossível ter regras a trabalhar em TV... mais uma vez, aquele espírito ainda mais prático que o meu: "então tem de parar" eu: "quando acabar?em Novembro?" -----"Se tivesse um cancro esperava até Novembro para fazer quimio?ser operada?"

Dói-me aqui

domingo, 18 de julho de 2010

Leve leve-me

Estás ao caminho ainda com as pernas noutro lado.
Estás com a energia e a vontade prontas a sair mas, estúpida, adias o dia UM.
Continuas ridiculamente igual no que toca a pores-te a andar, e só corres quando o perigo corre mais que tu, mas na tua direcção.
Custa quando te acusam com aquele ar de "it's all your fault" porque não queres isto, e custa quando na sala te dizem "a culpa não é sua" porque a tua acção diz que queres isto...
Uma completa adita, uma completa estúpida em acção constante e imparável, rumo a...
Tens saudades do Sol e enfias todos os dias a cabeça na areia,
Saudades do que não te lembras e logo saudades do futuro que cada vez mais te parece um sonho para "depois"... e aparece-te em sonhos a gozar
Acordas com as lágrimas que ficaram pendentes do dia anterior e dizes "acabou". Dura minutos, horas, talvez um dia... e escondes-te outra vez, e curvas-te outra vez...e desta vez nem consegues combater contra esse lado que não é teu mas que se apoderou de ti.
Precisas que tudo seja um bocadinho mais rápido que nas ultimas vezes em que tentaste e não é (só) pela urgência de liberdade que te assalta e te faz morrer por dentro, é antes pela velocidade com que o outro lado te está a matar o corpo e o corpo do corpo.

terça-feira, 13 de julho de 2010

limite

Ela hoje disse-me o limite,

Até onde posso ir ou até onde não posso chegar,
Até onde fica comigo, ou o ponto em que decide por mim,
Até onde sou eu a decidir ou até onde... ou fujo mais uma vez...
deu-me um número como se a minha vida deixa-se de ser minha ou deixa-se de ser minha se eu o vir.
Custa ver a vida reduzida a números... não que eu não o tenha feito antes, ainda o faça ou tenha feito desde que me lembro, mas custa quando são outros a pegar naquilo que abominas, que desejavas tão profundamente que fosse diferente...
Não te pede que saias de casa, porque isso tu fazes,
não e pede que te esforces...
Não te pede que sejas útil à sociedade porque aí ÉS
Pede-te só que não te subtraias mais,
deu-te o limite...
e vergonhosa e silenciosamente, há uma vontade que queres calar, de lá chegar, de passares das marcas todas,
e não vai ser nada...
hoje há razão para o cansaço,
mas o de dentro é o mesmo de quando o limite não existia...
às vezes parece que o abismo é uma luta desenfreada para haver qualquer coisa palpável, que fale por tudo aquilo que não és nem nunca foste capaz de dizer.
"o que é que a está a deixar assim? O que é que aconteceu? tem de falar. O que é que aconteceu?"

Eu não sei

segunda-feira, 12 de julho de 2010

isto a mais

Não sei o que é que está aqui dentro,
mas eu sei que não é meu.

Há qualquer coisa que te faz boicotar sistematicamente a vontade. Ou a ânsia.
Sabes as coordenadas, sabes o que acontece se fizeres o que está certo...e o que está errado.
Conheces bem a recompensa, a ausência e o castigo... mas és um péssimo espécime para Pavlov.
Bem, isto é só um eufemismo... porque tudo não passa de pura estupidez...
Quando qualquer coisa te irrita aproveitas e choras... qualquer coisa, não é preciso uma grande coisa. E esqueces rapidamente o que te irritou para te desfazeres nas lágrimas impossíveis que o resto não te deixou chorar.
Vais lá chegar redonda, com duas camadas a mais e vais estar, tu, bem no interior da cebola. a camada do que te fizeste e a camada pelo que te deixaste fazer.
Transversal a tudo só as duas linhas que não se tocam: uma brilhante, outra negra.
Dois staments e a dúvida: qual é qual?
Esperas ansiosa e esperas com medo.
Só a verdade, trabalhar com a verdade, dizer sempre a verdade
Hoje prometo só isso
é que há qualquer coisa aqui dentro que não roubei mas que juro, juro que não me pertence.

domingo, 4 de julho de 2010

quase quase nada

Dá-me um minuto,
deixa-me multiplicá-lo em horas, de acções, não de tempo
Fica tu com o vazio e dá-me as mãos.
Deixa-me fazer.
Não quero mais olhar nem contemplar esta ilusão tenebrosa,
Não me dês nada, mas não me tires mais nada...
Nem a força do início,
Um novo início com sabor a velho...
E aquela velha dor,
mais forte que nunca,
mais forte que eu...
Já não há quase nada
O confronto
A verdade por meias palavras de alguém
E o fim, finalmente o fim...
Porque é que demoraste tanto?
Acabou, pára de te cansar a brincar nessas ilusões,
ei! acabou. Perdeste.
Acabou
Já não resta quase nada
Assiste agora ao fim... já não fazes mais nada