sexta-feira, 30 de maio de 2008

Balançar

Barulho.
Som e movimento, a impossibilidade de habitar duas realidades ao mesmo tempo. Eles dizem que é possível, eu sei que me mentiram.
Pego no peso inteiro antecipando a colocação meticulosa, mas sem ver, das luvas de Latex.
Tudo esterilizadamente sujo, cirurgicamente inverdadeiro.
Acompanho o balanço, pego-lhe no princípio que eu própria nomeio, obrigo-me à prontidão.
Vá! Começa!
Esqueci-me e entretanto envergonho-me do esquecimento e invento melhor que da ultima vez que julguei que sabia.
Seca, seca de mais, gretada até. Deserto. Tudo árido.
O vento não existe.
Insisto no balanço, crio pela primeira vez: Vento.
Balanço-me nele, emociono-me na minha consolidada ignorância em bloco que afinal, não existia...Duvido primeiro, esqueço depois. Hoje não, amanhã repenso se a dança se ritmar por si e o peso se dissolver no vento que agora transborda pelos poros da pele inteira.
Amanhã talvez...sem adormecer...sono, não me embebedes agora, preciso desta sobriedade até que se agigante e possa tocar-me no vento. Chega! Só porque ainda não cheguei.

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