quinta-feira, 29 de maio de 2008

Tremor

Peço num instante às mão que dêem um instante aos dedos. Não me ligam, talvez gozem até...
Guio a ansiedade para o lugar mais calado, forrado a caixas de ovos e cortiça e tudo aquilo que possa impedir o som de sair. A combustão lança-se mais para deintro ainda, numa forma espiral, porém gasosa...inodora, incolor.
Digo que não quero.
Hoje não quero.
Não vou.
Não faço.
Não.
Não digo nenhum dos nãos e afirmo sempre a positividade decadente em que me faço transparecer na passagem inquestionável dos momentos a seguir aos anteriores. É sempre o próximo, no róximo, para o próximo.
Nunca foi.
Nunca fui.
Adormeço e acordo.
Acordo a desejar a póxima hora de adormer.
Acordo. A vida.
Na vida.
Apaixono-me e dou razão às teorias sociais e de contexto das emoções. Sou exemplo na cultura dos afectos e retiro aos animais aquilo que na verdade me faz sentir inferior a eles. Envergonhadamente abro os olhos na manhã seguinte. Primeiro triste, depois contente de ser já manhã e de não me ter demorado nas insónias ruidosas e sufocantes.
Mais um dia para cumprir.
Preparo meticulosamente a falha e compenso-a. Culpo-me mesmo ainda antes de falhar e retiro à culpa a sua identidade para lhe devolver a minha. Acalmo 0 tremor, dou-lhe nome, trato dele como nunca ui capaz de tratar de mim...
Choro as nuvens do céu inteiro e pela primeira vez sinto.
Afinal...
Agradeço.
Sim, vou.
Caminho intensamente, roubo os passos às pessoas todas das ruas todas aqui perto.
Toco à campainha, subo dois degraus de cada vez.
Apercebo-me que pela primeira vez, hoje, parei com umpé ao lado do outro. Entro, cumprimento, sento-me... Não digo nada...Ela ouve.
Obrigada.

2 comentários:

Anónimo disse...

Que lindo té! Incrivelmente lindo!
Queria pedir-te permissão para o passar para o meu caderninho de textos, posso?

Beijinhos grandes

disse...

ó pixie, nem precisas de pedir...
é uma honra!
Obrigada!