sábado, 10 de maio de 2008

Montanha

Às vezes a linha recta não existe, as voltas tornam-se não só necessárias como o único modo de fazer o caminho. Enquanto as percorria ocupava-se a pensar na perda de tempo que a inexistência de um caminho mais curto lhe causava. Perdeu toda a energia, consumiu-se inteira por dentro só a imaginar. Anoiteceu mas nunca perdeu, o caminho era demasiado certo e, sem saber bem porquê tinha a nítida sensação de sabe-lo de cor. Um passo, depois outro e outro ainda. Queria chegar. Só o fim não chegava e a ansiedade tornava-lhe o corpo demasiado real para se perder acima da cabeça a prolongar o "se...".Decidiu habitar os pés e envolver-se no som deles a carregar o chão. Aumentou a velocidade e seguiu hipnotizada no seu balançar. Depois de tudo quis parar, mas não podia... não havia nome para a paragem, morava num não-lugar agora. Não sabia ainda o que era a utopia, sabia só que ela era estéril.

2 comentários:

Anónimo disse...

Está tão bem expremido! É mesmo isso que sinto. Neste momento encontro-me no "não-lugar" algures. Já habituei os pés e tenho dado passos pequenos sem pensar muito na paragem :)

disse...

Obrigada por teres vindo!* vou-te lendo e estou por aqui se precisares!

beijinhos