terça-feira, 29 de abril de 2008

não ter tempo

Acordou sobressaltada.
Lembrou-se da pressa. Não tem tempo. Há qualquer coisa, qualquer coisa ou alguém à espera. Está atrasada, agora demasiado atrasada para correr apressada para o encontro. O tempo é outro e engana. As nuvens não dizem nada nem o dia nem a noite. Não importa, a pressa agita por dentro, revolve o sangue, desperta-lhe o calor. O sangue desata a correr em êxtase no sentido contrário ao de sempre. O sangue quer sair pelos poros, habitar, habitar o corpo, senti-lo, encharcá-lo e largá-lo depois, deixar nele o sangue coagulado, ressequido depois... O cheiro a sangue faz esquecer a pressa. O comboio apita, aproxima-se, chega. Parte. Desta vez, como as outras, para sempre.

3 comentários:

Joana Capucho disse...

Devias escrever romances. Guiões também, e comigo de preferência, mas romances... tens linguagem de escritora a sério, daquelas que fogem do quotidiano e voam para outro nível de existência que não sei explicar. Gosto da tua linguagem, é bonita e cheia de dramaturgias. Não pares de escrever, nunca e partilha porque para além de ti, nós ficamos com mais coisas nas nossas vidas. Estavas tu com medo que eu não gostasse... como é que eu posso não gostar de uma coisa tão tua??? Estou por aqui e vou-te lendo.

Anónimo disse...

és a coisa mais bonita do meu mundo

Anónimo disse...

Os teus textos são o que penso de ti.
Ter prazer a ler o que tão intensamente escreves deve querer dizer algo forte, acho que sabes.
É bom ler-te.
É bom descobrir-te e continuar a descobrir-te.
Só te posso dizer que quando sentires o frio de algum vazio, eu estarei sempre aqui,
Do Teu sempre PAI