domingo, 13 de abril de 2008

Partida

O sentimento de missão cumprida ainda é novo, muito novo. Prematuro. Chegar e continuar a andar mas com a sensação na boca do sabor agradável, nem mais nem menos intenso do que se quer. Não querer o café a seguir para continuar, prolongar a sensação de ainda se experimentar o ultimo passo do caminho certo nesse dia. A receita é quase tão efémera como o Teatro e o Teatro a única coisa impedida na receita. Sou eu. Só eu e os passos, os pés e o resto do corpo. Hoje segui a receita já sem ver o papel. Ainda me lembro bem de cada passo, o que fazer primeiro e depois. Quero esquecer-me e lembrar-me eternamente que este sabor existe e que eu o posso fazer. Quero ensiná-lo, dá-lo a provar, ser com ele, ser mais que ele. Consumi-lo inteiro, despedaçá-lo por dentro. Sentir que o tenho sem sentir que existe. Ser. Primeiro com medo...hoje o medo faz falta. Depois menos, muito menos de tudo por aprender a ser...qualquer coisa. Qualquer coisa, um alguém diferente, os lábios rasgados, devorados por dentro. Encarnados morango de Verão, mais quentes. Depois o vento, dançar com ele, nele, inteira. Ser qualquer coisa diferente, dar outro passo. Não chegar à meta. Avançar. Só. Ter muito medo, não temer quando o tenho. Agradecer-lhe. Agradecer-Lhe. Aprender a perder e a perder-me. Um bocado. Depois inteira. O sabor de ontem, melhor, apurado pelo passar dos instantes. Seguir. Conseguir.

Sem comentários: