segunda-feira, 16 de junho de 2008

Tela

Dou-me ao vento.
Desprendo-me inteiramente, largo-me do controlo que aperta mais que segura. Avisto-me só, mais longe, só um pouco...Um pouco mais só, menos solitariamente acompanhada. Não te agradeço.
Danço, balanço...não conto as voltas, esqueço até os números...só por instantes, ainda são muito vivos, os inteiros, os com vírgula, os negativos, os fraccionados.
Passo à frente, passeio-me no corpo inteiro, desafio a alma a transbordar-me, habito-a, sinto-lhe os poros. Agradeço-lhe ter ficado.
O vento amaina-me a dor e canta, encanta o tempo e eleva-me o corpo...Leve, leve agora, leva-me longe, sonha-se a cores claras com nuvens de algodão.
Acordo.
Desço escadas, só demasiadas, sem número.
Entro.
Pego.
Compro.
Volto com o corpo e com a tela,
Pinto a cores,
Agradeço a vida.

1 comentário:

Anónimo disse...

Simplesmente lindo!

Obrigado por nos presenteares com esse talento.

Beijinhos grandes minha querida