sexta-feira, 4 de junho de 2010

subtracção

Arrumou-te a um canto, encarquilhaste, mirraste, desfizeste-te.
De vez em quando acordas e esticas um braço...
(ninguém imagina o esforço para pores um pé à frente do outro)
Ela cresceu, e gritou-te: "sai daqui, isto é tudo meu"
Entregas-te como se fosse o teu grande amor, mas a diferença é que não disseste o "sim!", não disseste nada, nem tão pouco querias... nem sentes amor...és uma devota sem escolha, sim, sem escolha. Não percebes como ficas...mas a verdade é que não tens para onde ir, porque foi ela que ocupou a tua sala, o teu quarto, a tua casa de banho, os corredores todos para ires de um sítio ao outro.
és violentada noite e dia, nos pesadelos, e estás sozinha, mas não te sentes sequer sozinha, porque não te deixa ouvir o silêncio...no limite ouves o som da morte.
Não, não és vítima de agressão nem podes ir fazer queixa. Porque está aqui...e quantas vezes não te distingues? quantas vezes duvidas da voz, se é tua ou não...
Quantas vezes verbalizas vontades que não são tuas como se fossem aquilo em que mais acreditas?
Vontade de te subtraíres deste jogo cru,
porque o teu espaço é cada vez menor... estás numa caixa sem te conseguires mexer...
Manipulas tudo, boicoteias tudo...
O que eu quero sei,
O que eu quero eu não consigo
continua a ser a única coisa que nunca consegui.

é essa a solução?
obrigue-me

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