terça-feira, 29 de junho de 2010

Dicionário

Pega na esperança desconjuntada, à volta
injecta-a sem pensar que dói
e se essa dor te doer, ainda estás aqui.
enrola os dedos na corda do céu
balança bem os pés
baralha-te na contagem e retrocede e avança quantas vezes forem precisas
pára de dizer que é agora
para de lutar contra, pára
de ter vergonha de seres vergonha
de seres roxa por parares de respirar para não te notarem, para não te lembrares
liberta a raiva e essa frustração labirintica
é este latejar, este latejar que não pára
o corpo diz-te tudo e agora diz-te de tudo
faz-te sentir: básico, lógico, científico, biológico, fisiológico
e o teu espirito pragmático grita de noite, depois de mais um dia igual: tens de parar tens que parar
Pensas naquele minuto, aquele, do futuro decidido, mas o mais incerto de todos
e não há arrependimento maior que não ter feito tudo e ao mesmo tempo um desejo imenso que o minuto passe, fim e a calma...calma, fim
A dor, esta dor, é um virús desmedido e veloz...tira-te a velocidade do sangue no corpo, dos pés no chão, do cabelo a crescer, das nódoas a deixarem de ser negras... tudo passou a ser dolorosamente demorado...e demorada é a expressão que ecoa por cada poro sem falhar um: foste tu

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