quarta-feira, 14 de abril de 2010

culpa

Só cansaço, só...
Não é mesmo mais nada porque não há nome, e cedo aprendeste a desgastar até ao fundo esse desequilíbrio que vem de dentro para tudo o que não tinha nome nem lugar...
E o teu sem-lugar, a tua utopia, ficou-se na estabilidade que não irias lá chegar, pelo menos neste embrulho que te prende e intriga quando te metes à frente do espelho, que te ensinaram: reflecte.
Reflecte...mas reflecte o quê?
Dizem-te que não vês, mas o sr doutor disse que não precisavas de óculos... depois disseram-te que sim, vias, mas vias outras coisas...transformavas em matéria aquilo que mais te doia... porque ninguém a via, persentiam-na raramente... só. E o teu corpo não era o teu corpo mas as tuas mágoas, e o que odiavas não era o teu corpo mas o que estava lá dentro, o que ficou lá dentro e que sempre te proibiram de pôr cá para fora.
Disseram-lhe "tens a obrigação de ser feliz"... Uma obrigação demasiado pesada, uma obrigação que não o devia ter sido... umas raizes bem bem revoltadas, embrulhadas, cristalizadas que agora tentas picar e retorcer.
Sim, ela não pediu a ajuda que lhe podias ter dado...
Não, ela não tinha obrigação de o fazer...era uma criança, não sabia nada de nada de nada de nada...
Sim, hoje ela tem a responsabilidade de se pôr de pé depois de cair, mas não a culpes...nem com as palavras nem com os olhos
Não, ela não teve culpa
não teve culpa
repete comigo
não tive culpa

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