segunda-feira, 21 de julho de 2008

À Austeridade.

A austeridade.
Penitencio-me, de joelhos, frente à revisão acelerada, só para caber tudo.
Olhos baixos, cabeça curvada. Eu sei, eu sei, eu sei. Não sei como.
Desta vez não questiono, nem detecto microscopicamente o erro, não me sirvo dele para o impulso...Nem o esqueço nem o nomeio, pelo receio escorregadio que se sinta homenageado por mim. Guardo só a força que o anterior assalto não resgatou. Metamorfoseio-a e metamorfoseio-me, ergo a pele mais separada do corpo, visito o jardim dos afectos que tem a mania de se esconder por baixo dela, não pego sequer na chave...ver de fora chega-me, senti-lo inteiro, de cores e de cheiros.
Hoje, nova aurora solarenga sem a janela sequer aberta. Sol ou chuva, ou vento, ou frio...Interessa-me mais o jardim, aqueço-me nele. Em ti, em ti e em ti, um beijinho, um pedido maior de orvalho com aroma a ti e a ti e a ti. Fecho os olhos e o o ar expira-se pelos poros desentupidos de dor...O vácuo tem a mania de fazer-se de solidão, perversamente...A excelência do intacto...também a perfeição inumana de querer o amanhã igual, não, Igual ao ontem.
Quem dera o vento se atrevesse a passar sem se arrepender ao primeiro choque da diversidade entre o que se pensa e se sente.
Austera a mudança imunda da semelhança de nome sempre igual.
Suplico a última vez, cumpro a promessa e chego a fazer batota, a ver se cola, a ver se pode ser...
Inútil. Indiferente à mudança, indiferente às dores do corpo, pelo esforço... Querer mais, infinitamente mais...nem mais do meio, nada a mais que a metade me chega enquanto o cume não sentir a fina bandeira fazer-lhe parte do corpo. A exigência de só isso chegar, a existência ajoelhada e a clemência da humildade espraiada.

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