Interromper.
A rotina deserta, o olhar compassivo, a atitude prosódica, milimetricamente rezada, conhecida em ritmo, desconhecida no conteúdo verdadeiro porque, de aprendido, muito pouco escutado. Interpretação zero. Olhar embaciado, brilho ausente, intenção e emoção roubadas pela obrigação.
A estagnação de horas a mais que um dia inteiro, horas inteiras de espera... desesperada na vergonha da resposta que se esperava, conhecer mais cedo...
O telefone não toca e a resposta não chega.
E a interposta reacção é já certa... anulada só pela ausência da questão premente.
Ela disse que não se desiste, que não faz sentido desistir enquanto houver uma vida pela frente que pode ser vivida de maneira diferente... tem a sua questão arrumada mas que de nada serve se quem tiver de decidir deixar este futuro nas mãos de quem desaprendeu a andar.
E ela, a de todas as semanas disse logo, também, que a sua razão era desperta demais para deixar passar em branco um futuro que pode não chegar a ser...
Mas mais uma vez de nada serve a conclusão, de nada serve a vontade de pegar o futuro nas mão de quem não sabe atravessar a tábua com o cuidado suficiente para não cair e oferecer a carne aos devoradores...
Quem tem a palavra faz-se de surdo e o futuro encurta-se. Quem tem o poder de decidir interessa-se antes pelo castigo de quem já teve as suas hipóteses... como um réu que repete o crime... só que em vez da repreensão e da detenção, é deixar ao vento... que o vento magoa quando sopra forte demais e pode ser que alguma coisa lhe quebre a cabeça e que esta avance noutro sentido... chamar-lhe-ão negligência.