segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

simplesmente

É difícil,
está a ser difícil,
não há mais mãos, não há mais gritos vindos cá de dentro...
Sei o caminho mas os pés prendem-se, tropeço em mim,
vou e volto para "a festa".
Não como imaginei, não como lutei... Será justo? poderei eu falar de justiça?
e vou dizer, dizer, não me calo porque esse silêncio ensurdecedor já não me dá nada... preciso de dizer e às vezes é difícil esperar pelo dia e pela hora marcada...
Sim, fiz progressos, mas não era só isto que eu queria...queria nascer também...
Passou o tempo de ser aquecida, cuidada ao pormenor... agora sou eu.. não se trata de uma luta de números - nunca se tratou por mais crente que estivesse - sais ou ficas? vens ou ficas? caminhas ou sentas-te no chão molhado das tuas lágrimas?
Ainda não estava pronta, ainda não estou...ainda tenho dúvidas, ainda tenho muito medo... e de onde é que isto tudo vem? porque é que a cabeça não pára? porque é que dói tudo tanto ainda?
Não estou onde estava, mas este caminho ainda não tem sol suficiente para eu ver os buracos todos...e quando me afundo, quase quase me afogo...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Natal

Há muitos anos que o Natal se tornou ambíguo....Não falo do consumismo decadente, nos olhos das pessoas transformados em euros porque têm de dar àquele, à outra e ainda uma lembrancinha a não sei quem "para não ficar mal visto"...
Dessa parte já passei do amor ao ódio, um processo que só a idade(?) permite... eu adorava receber presentes, para mim era o máximo quando ficava desde as 7 da manhã a ver tv e a escrever num papelinho quais - dos anúncios - é que eu ia pedir. A escolha era difícil, e eu nem ligava ao esforço que os pais faziam para nunca me "desiludirem"... à meia-noite, rasgava os embrulhos, e só queria ficar a brincar... pedia sempre em silêncio para não ter sono, só esta noite...mas o pedido talvez fosse pedido fora de horas e acabava sempre por adormecer...mas não falhava: cedinho, bem cedinho lá estava eu e os brinquedos... depois vinha a mãe ensonada a trazer-me nestum bem ralo (a mana é que gostava de o comer super empapado). Eu deixava aquilo ali a arrefecer, e a mãe voltava para a cama depois da sua tarefa cumprida de alimenta a sua cria - eu.
Desde que fui atacada por esta monstrinha-amiga-da-onça-carinhosamente-e-totalmente-dominadora... o Natal mudou...Foi na transição de receber presentes diferentes, em que pouco ou nada pedia...porque o meu presente preferido não constava na lista do pai Natal nem do menino Jesus... o cheiro da casa, da cozinha no Natal, passou de reconfortante a vigilante....o conforto deixou de o ser... o medo era mais que muito. Lembro-me de se zangarem comigo pela falta de entusiasmo quando abria os presentes - e nunca pude dizer que não era pelos presentes....é que a mesa era grande, e por mais que eu metesse doces nas bocas das outras pessoas, a mesa parecia sempre cheia... e eu cheia de contradições e medos e a sentir-me profundamente sozinha... e nunca contei o segredo...que bom era ter a família junta - sempre fui de juntar gente em minha casa nestas Festas, porque acima de tudo, para mim são festas de família... Mas de sonho, às vezes realizado pela minha persistência, passou a pesadelo... eu estava ali, mas não estava... inventava maneiras de me "enturmar" numa equipa que já era minha, mas que a "outra" me roubava o lugar.... tentava tocar viola, brincar com os mais pequenos...mas muitas - tantas vezes - ela ganhava...e o final da Noite de Natal era igual a outro final qualquer - talvez só com mais lágrimas, mais raiva e muito mais sozinha.
Este Natal celebro também o meu nascimento... Não é uma Páscoa para mim, não ressuscitei... nasci de outra maneira e atrevo-me a dizer que me apetece que chegue o Natal, a família... a mesa vai lá estar na mesma...mas não será a maneira de lidar com ela que vai ditar o que vou sentir... Abraços, quero abraços! virar os meus sobrinhos de pernas para o ar, dar-me a oportunidade de gargalhar com eles, de lhes montar os brinquedos novos, e de rezar, agradecer a Graça que me foi dada...Esta sou eu, a .

sábado, 18 de dezembro de 2010

diferenças

Agora há dias assim...
Em que só apetece fazer. Sair, empreender nem que seja em ideias, mexer, escolher, passar o tempo com coisas boas sem chegar ao fim do dia com aquele sabor de "passou mais um dia. ponto."
Quero mais passar pelos dias, não os quero a passar por mim.
Quero gritar por alguém se for preciso e eu não quiser estar sozinha.
Ter direito a isso, a mais e mais...
O ardor passou,
O corpo hoje não me faz lembrar nada porque o frio é tanto que não sou a única a senti-lo... há essa comunhão, ainda bem...
Ao mesmo tempo o mundo ainda está lá fora e eu mal saio da redoma para continuar o percurso lá fora.... Aí há regras. "Ainda não".
está bem, mas 'ainda não' até quando?
Pareço uma miúda a fazer birra: "mas eu quero..."
Mais uma vez a Graça de Deus vem dar-me ajuda...cumpro as regras todas e tenho mais um alento para me deixar estar a recuperar... estou a fazer coisas que gosto...tudo com calma, a calma que me pede...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

dores do corpo

Tudo se paga,
e dou por mim a obrigar-me a viver e a ignorar a dor do corpo,
Eu sei, eu sei que fui eu...
Investigo, encontro os pontos comuns ao que se passa aqui dentro, a este ardor...
Porquê agora? Agora que me vejo e sei melhor, agora que renuncio de cabeça erguida, em que ganho bastantes mais vezes que aquelas em que perco...
São dos anos todos em que fui fraca, em que me curvei...
Virá ou estará já em mim o resultado, aquilo que ninguém via de fora - elogiavam-me o cabelo farto e luminoso, as unhas fortes - e depois aquele ardor, hoje maior, insuportável...
Tenho de saber o que é isto...seja o que for é justo e encararei da mesma maneira...
Agora que começo a ver o sol, a dar-me ao prazer de aproveitar o calor do sol de Inverno com um casaco e um livro, esta dor parece querer fazer-me lembrar para sempre do mal que me fiz.
A raiva ainda me diz que mereço, a esperança faz-me pensar que há solução...
A razão faz-me sentir medo

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

disfonia

Amanhã será mais um dia de Verdade.
É estranho olhar para a minha agenda e compará-la com alguns meses atrás.
Nem escrevo consulta, passo logo ao assunto... e o resto, o que antes estava em primeiro é agora secundário. Pouco a pouco há algumas coisas a voltar...num tempo que me parece sempre lento... a imagem que melhor ilustra esta sensação é estar a conduzir e carregar a fundo no acelerador e no travão ao mesmo tempo.
Não fossem os números terem ainda grande impacto na pele, e a ansiedade seria apenas vontade de contar, confiar...
Mas confesso, os números assustam ainda, a balança é uma espécie de medidor de bem-estar, ridículo, ao mais alto nível!
Será que este medo vai desaparecer ou ao menos amainar? Serei eu capaz de o enfrentar, de continuar, de persistir até chegar "LÁ" sem olhar (muitas) vezes para trás?
Eu quero, quero muito mesmo... quero muito ser eu a minha prova que não faz mal, não vai doer mais do que dói hoje...
Racionalmente é fácil: "o que é que tens a perder?" é o que eu me repito... é que entregar-me verdadeiramente é baixar as barreiras todas... e eu sei, vejo-as aqui, no espelho, dentro do carro enquanto as pernas se juntam debaixo do volante.
A minha ausência, as "férias" que passei na luz, foram bem mais que parar. Fui para lá com um sinal de STOP integrado... era esse o objectivo. Hoje vejo a qualidade de vida que ganhei... mesmo sem estar a trabalhar, sem receber um tostão (mal-ditos recibos verdes), e cheia de proibições... É importante cumprir, estas regras são a minha liberdade, e há muito pouca gente que pode perceber isto... Graças a Deus, porque é sinal que não viveram com esta coisa impregnada na pele, no avesso dela, no sangue...
Tudo o que aconteceu de bom desde o meu "sim", devolveu-me imensas coisas que julgava perdidas para sempre, e afinal foi só esticar o braço...
A verdade é que amanhã gostava de contar como tem sido difícil, tudo o que dói e dói muito ainda... mas às vezes sinto-me tão... ridícula... Como se não tivesse direito, como se a resposta a "como é que está?" não pudesse ter outra alternativa a "bem!".... Porque a verdade é que, sim, consegui tanta coisa... mas ainda não passou, tenho medo, preciso de uma mão de vez em quando... mas será que tenho esse direito? Não devia agora ser só a minha parte? Estou a dar o meu melhor, estou a dar-me à vida... ou uma espécie de resgate...
Hoje está tudo acelerado aqui dentro,
e eu quero e não quero o amanhã

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

passos

Hoje vou ter uma reunião de trabalho, daquelas, à séria (na minha profissão).
Fui eu a escolher o sítio, a organizar as horas.
Antes, o trabalho era o meu pilar de salvação. Se não o tivesse cairia (pensava) na entrega ainda mais total a "ela".
Sempre trabalhei com afinco, a bem da verdade, o mesmo em que ponho a tudo o que vim a fazer ao longo destes anos de puro sofrimento a que eu dava voltas e voltas, só para doer um bocadinho menos... Na altura não dava valor, valor algum a qualquer coisa em que me metera... Os exames nacionais com maçãs, a faculdade com sopa, o trabalho com frutas, jejum, caminhadas imensas, intensas... dores no corpo, almofadas debaixo da cadeira, feridas quando não havia almofadas... e vozes, vozes longínquas... "ela vai morrer" "como é que ela consegue" "dava-lhe 16 anos"... tudo em eco, tudo numa forma em que nem sabia nem interessava se era ou não para mim. Hoje contam-me de como fui e de como afligia as pessoas que mais gostam de mim. Tenho uma grande amiga hoje que me disse há pouco do medo que ela teve em aproximar-se de mim... até os professores diziam que eu ia morrer, e não percebiam... é difícil, eu compreendo...
E piorava, e melhorava milimetricamente...eu não ouvia, talvez por defesa. O medo trouxe afastamento - criava medo - dizem... e eu lia tudo sem saber muito bem para quê. Os dias seguiam-se, um 18 no exame de matemática, a finalidade do curso no tempo certo e com as notas apropriadas, o início repentino do trabalho como se me tivesse caído do céu, a sucessão de convites, a acumulação de empregos... e a cada passo sempre uma pontinha de esperança "é quando... que me vou sentir melhor"... procurei sempre fora e a resposta estava tão perto...
A chave foi a verdade, o primeiro passo a confiança... Ouvir repetidamente as regras, às vezes bem rígidas que desde Setembro são uma espécie de oração... O tempo é diferente. A passagem dele dá por mim à procura de mim, deles, dos que deixei... Só tenho ordens para trabalhar um bocadinho, em casa... mas hoje vou ter uma companhia à tarde para pôr em ordem o trabalho a que quero voltar quando a médica achar que já posso. Ela é que sabe de mim...
Mas estou com aquele frio na barriga, um medo de ser pior agora o que fora antes de recomeçar a trabalhar... de onde vem esta ansiedade? é mais uma ambiguidade, a vontade de me deixar debaixo dos cobertores com o portátil em cima da cama e o início de um novo projecto de trabalho...
Faz parte
Vem aí tanta coisa

domingo, 5 de dezembro de 2010

Dias

Parte da lentidão se deve ao medo.
Se há um lado que se quer impor e acelerar o processo, há outro antigo que dita a lenga-lenga: mais vale passos pequenos, mas seguros, em chão firme.
Tenho dormido imenso, há um cansaço que se apropria de mim, depois curva-me as pálpebras até que as pestanas e juntem, levemente, suavemente... como se falassem entre elas, baixinho, para eu não ouvir...
O Acordar fora de horas, impensável noutros tempos faz-me um filme em fast forward de tudo o que eu podia ter feito para manter o metabolismo activo, os músculos a sentirem-me, eu a tomar conta de cada um deles, mesmo com as precauções todas e as regras que passaram do papel para uma espécie de tatuagem, de outra maneira, bem vincada no meu peito.
Sei bem que de nada me vale esta contra-corrente a que às vezes sou incapaz de escapar... mas uma coisa que eu pedia é bem mais certa, mais real hoje... que os instantes entre uma queda e a próxima se distanciem ao máximo... e é isso, tudo isto sem milagres. Enfrento as escorregadelas com cada vez menos medo que se tornem um ciclo. Aquela ansiedade, já não é "aquela", e não me dou inteiramente como antes me entregara...
Faltam-me partes para recuperar a minha vida, talvez venham só quando se puderem substituir por aquelas que nunca existiram e sempre cá estiveram. O tempo custa, uns dias mais que outros e tudo se torna numa espécie de jogo...há o medo, o risco, há a coragem... De alguma forma ainda estou presa cá dentro...dizem que leva tempo...pedem-me persistência e paciência...pedem-me ajuda para me ajudarem....
Eu agradeço, dia a dia, todos os dias, aos especiais
Obrigada por ainda ser, quando tantos pensaram que não seria mais... E há ainda uma espécie de duplo, que fala comigo...eu sei... quem dera que fosse só isso, assim, de repente... mas este tempo é o tempo a cobrar-me, do tempo que me roubei.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ser livre

Amanhã é mais um dia de "verdade".
Sair do quentinho e do dia-a-dia acompanhado por mulheres e homens que têm Amor ao próximo como apelido é necessário, mas também trás medos...
O espaçamento entre cada visita aumenta um bocadinho... por um lado para me livrarem da pressão, por outro para provar (só a mim) que caminho escolhi e o que estou a fazer para seguir, sem desvios nem encostos à bananeira.
O medo é Senhor de vez em quando. E hoje está aqui, sentado ao meu lado enquanto escrevo.
Não consigo olhar para ele de frente nem ler-lhe nos olhos a razão da sua presença tão real...
Olho-o de soslaio e vejo números à volta, vejo-me a mim também... a sorrir, a tremer, a chorar...
A bater o pé ininterruptamente até chamarem o meu nome...
Tirar cada peça de roupa como se tivesse a desmascarar-me... confiar-lhe o meu corpo e o seu rumo.
Tenho confiado e só por isso cheguei aqui... preciso daquelas palavras seguras, de a ouvir falar e falar também eu consigo como se o corpo não fosse meu...como se fosse um "tamagotchi". Eu tive um em miúda... e alimentava-o, acho que era essa a minha principal preocupação, e ele crescia, era matemático... Preciso que me simplifique a esse ponto... porque eu vou com um pré-diagnóstico, mas a verdade é que vou sempre e nunca, nunca acertei!
Quero o amanhã... quero-o agora e tenho medo (aqui ao meu lado) que o amanhã não chegue, ou que o amanhã não me dê mais medos de presente...
Amanhã eu e o medo vamos. Quero deixá-lo à porta e, quando sair, que ele fique lá ou que já não me reconheça nem me persiga. A liberdade... a liberdade

caminhar

Procuras para fugir e desejas que os planos todos te saiam ao contrário quando sabes... vais falhar.
A luta não é serena, é desigual, provocadora
tantas vezes impulsiva e deixa-te assim, para aí
nas formas mais disformes de desejares que a cama te sustente e te sugue o suor e as lágrimas.
oiço de um lado que a parte mais difícil já passou, de outros que esta é a crucial, de outros que ainda está para chegar...
O cansaço acalmou-se, o sangue corre mais depressa e o corpo baralha-se até à exaustão. Queres fazer, não podes fazer, mas pior é sentir que não consegues fazer.
Os passos parecem consistentes, estás melhor, bem melhor... mas a um milímetro do abismo, como antes... Será isso insegurança ou lucidez?
Serão melhores os dias de embriaguez de riso solto em que tentas com o máximo esforço livrar-te "dela"..ou os dias que sem mais nada a dizer te deixas repousar e vir tudo cá a cima?
É este, é este o caminho... mas há dias em que me faltam as pernas...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

caminho

Livro-me das mágoas e das nódoas negras como nunca...
Saio e volto a mim num instante e depois descanso.
Ando a aprender a descansar, a ter tempo...
E esta "calma" fala comigo, fala directamente com a minha calma...
Sem dar por isso a mão do Senhor lá de cima ajuda-me a relaxar as pestanas, sem pressa de acordar a seguir porque esse a seguir, sempre à pressa, aquela metamorfose da decadência à sobrevivência é a cada minuto mais remota, mais me causa repulsa... e quando caio, no instante anterior já sei... aquilo chega... e o "cada vez menos" não me dá qualquer sensação de "estou a conseguir"... No dia a seguir é de novo o dia 1. Não quero mais momentos "dela" a fazerem parte de mim e, ao mesmo tempo encurta-me o caminho. Ainda estou longe, muito longe, mas tenho cada vez mais força nas pernas para caminhar...
É por aqui,
E quando tenho dúvidas vou até quem me contenha e me diga tudo o que já sei mas que preciso de voltar a ouvir.
Obrigada

terça-feira, 23 de novembro de 2010

pesadelos e sonhos

Não sei porque é que o sono não me tem guardado,
precisava de balançar mais um bocadinho... já não acordo sem medo de voltar ao sonho, algun são sabem bem e sinto que acabam sempre demasiado cedo.
Não tenho tido pesadelos. Eles prendem, amarram à cama com um colete de forças. Mal vens à tona ele curva-te a cabeça e, sem querer, lá estás, outra vez. Esperneias mas a cabeça pesa demasiado, como a dos bebés...é proporcionalmente maior que o corpo e mergulhas mais e mais fundo. Alguns pesadelos são demasiado conhecidos e nem assim encontro a porta da saída...e perco-me por caminhos escuros, cada vez mais escuros, até adormecer e acordar tempo (quanto?)depois...
O sonho é liberdade, liberta-me da cama, não penso na roupa nem no corpo nem me interessa se estou penteada ou não... vou e nada me amarra,vivo tudo o que digo e oiço...
Hoje não me lembro do que aconteceu ao sonho, nem se estava a sonhar...
Preciso de ajuda para dormir mais,sonhar mais... sair daqui...porque quando acordo sou incapaz de sair do mesmo lugar. E acordada os pesadelos não me agarram... Aprendi a sonhar de olhos abertos.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

essência

Os medos mudam, mudam muito, mudam muito mais que as pessoas que têm medo...
As pessoas não mudam,
mas as pessoas são as escolhas que fazem...
Escolhi um caminho que dá medo de pisar...oferece-se perante ti, pede-te os pés, as mãos e o corpo inteiro...e de repente tenho medo... outro medo, um medo diferente
É incrível como os medos mudam tanto e os seus invólucros tão pouco...
Os medos de ontem não são os de hoje...por mais que às vezes se mascarem e pintem a cara toda de verde para me enganarem...
Eu sou a pessoa de ontem, mais o hoje... não me anulo ao mudar de caminho... nem me alegro com "estás outra!"... sou eu, mais um bocadinho, menos outros bocadinhos...
Sou eu e sabe bem saber-me cada vez melhor... Mesmo com medo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

balançar

A diferença é um abismo.
Mas em vez de uma chegada em slide, foi preciso descer descer bem fundo... não se via nada, ouviam-se uns ecos distorcidos de vozes mais ou menos conhecidas.... mas a descida continuava, o escuro era cada vez mais escuro e o frio injectava-se nos ossos...
O coração encontrou umas mãos penduradas,
O tempo, diferente, passou-me da descida ao outro lado do abismo. Sem as mãos jamais teria conseguido...
Os primeiros dias foram só adormecer em rochas estáveis... não havia muito a fazer, pouco podias tentar... tu sabias... sabia
Sem tempo para esperar, a subida foi difícil, não havia onde meter os pés, e as mãos escorregavam tanto, do suor, do cansaço... Usaste mãos que não foram as tuas para os primeiros passos... só os pés foram sempre sempre teus.
Aprendeste a retorcer os músculos inteiros, que se iam subtraindo pela falta dos quilómetros que antes percorrias no planalto... mas serviram. Houve um dia em que ergueste a a cabeça, outro em que esboçaste um sorriso outro em que as palavras diziam melhor os medos do coração...
Há dias em que olhas para baixo, e a atracção do abismo paralisa-te... suspende o tempo, desafia-se a gravidade e sobes, mais um passo, mais um...
Ainda não vejo bem a relva fresca, mas o escuro já não é tão escuro... os ecos são cada vez mais nítidos e a tua voz ganhou força, daquela mas ao contrário...
Tenho medo e quero isto...
Quero o medo à minha frente.
Estou aqui, de pé, de pés e mãos firmes... e quando escorrego o vento balança-te... só. Apenas balanças...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

entre nós

Gostava de saber se é verdade,
Se pode ser assim, de vez em quando...
Se é ele que te faz discutir coisas tão claras na tua cabeça só porque gostavas que ele não pensasse dessa forma.
Será que é possível consciências e clarividencias do mundo, tão diferentes, amarem-se...
Gostava de saber se é mais amor ou gratidão...
gostava de saber s aquilo que eu acho que falta existe mesmo, ou se é só isto...
Precisava descobrir se quando te trato mal ou simplesmente não dou sinal de vida, é para que venhas à minha procura ou se estou certa no que acho: não quero estar contigo.
Gostava de saber fazer este balanço... mas tenho só mantido à tona a forma como recomeçámos.
Porque é que os estereótipos fazem de ti "ela" e de mim "ele"
Custa pensar que não é isto que quero e continuar a ocupar o meu e o teu espaço e tempo...quando sinto plenamente que falta "aquela coisa" que nem sei que existe..
Porque é que à distância me parece tudo tão ideal e quando estamos juntos tudo se desvanece num instante...
Gostava de às vezes não ter tanta pressa para saber que "é isto"... mas tenho e não a domino...
Não faz sentido seres a única causa de abandonar-nos... de ser tão fácil imaginar-me sem ti e sem doer por isso.
Já nem quero que entendas as minhas dores, nem me interessa que saibas quando vem tudo a deitar-me ao chão... porque tu não me vais agarrar... não sabes, não percebes nem podes...
Gostava que fosses tu, mas cada vez mais o que tenho não me chega...
E sonho com aquela vontade que tu tens de me ter... porque só em sonhos me parece possível...e às vezes nem és tu que lá estás...
Precisava que não aguentasses tanto o meu desinteresse e as minhas negas...
Facilitavas-me a vida se eu não te chegasse... mas quanto mais tempo passa mais tu avanças mesmo que eu recue... vês em tudo isto uma probabilidade de 100% quando para mim dizer-te adeus às vezes parece só uma questão de tempo...
Custa ser tudo agora, tudo ao mesmo tempo... tanta coisa para decifrar, para aprender... e tu baralhas-me. Será de ti? serei eu...
Amanhã vai ser um dia difícil, e não quero ninguém... nem a ti... E tu ainda percebes e aceitas que tanta da minha vida seja só minha...
O que é que eu quero?
Qualquer coisa que não seja isto...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

presença

A luta é dura, ao minuto...
cruel.
Vira-te e revira-te a cabeça num instante,
e há dias em que nem o desespero te vale... há dias que custam tanto vivias só do outro lado...
Tenho-me surpreendido, pelos diasque se transformam em semanas em que, sim!, foste capaz...
Quero saborear esta vitória que por agora só custa, só te dá mais tempo ao dia, e no fundo...sentes que é a tua obrigação, nem mais nem menos. e sentes, sente-se vergonha por sentires que cada bocadinho é difícil.
Há tantos passos que se fazem de ti sem mais ninguém à volta. A mãos, os braços e os abraços desaparecem ou estão todos ocupados...
Ela não manda mais que tu, mas ainda tens muito medo...e quando te proteges sentes-te ridícula...e eu precisava de me proteger... é que ainda tenho muito medo...
A vergonha de pedir ajuda disfarça-se pela proactividade e dás dois degraus de "ela está melhor" de uma só vez...
Queria umas coisas mais rápidas,
outras mais de vagar...
e de repente é tudo ao contrário... não, não vem nos livros.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

um dia mais um dia

O que mais interessa é a forma como te levantas, o nanosegundo que tem de demorar desde a queda ao estou-de-volta.
Não adianta quereres um frente-a-frente porque vais sempre perder... perder tempo, perder-te naquela teia enlouquecedora que te grita...e enquanto acalmas a cabeça ela sussura... e a calma nunca mais chega... e dás por ti à espera por ela, a calma, na praia e sentes a outra ao lado, logo, assim que te sentas e aconchegas os dedos dos pés na areia, que ela está contigo, ao lado, à espera da calma que, pensavas, viria de ela não estar lá...
Levantei-me a tempo. Vai ser sempre a tempo se for logo logo...mas mesmo logo, não um logo depois...
Custou e doeu e passou-te o filme todo à frente outra vez, feito de uma palavra gigantesca colada por hifens cheios de todos os medos.
medos que existem em ti, que fazem parte de ti, uns que podem diminuir outros que até te dão jeito... E de repente um dia desigual acontece-te e o medo nem te deixa saboreá-lo... Agarras-te e arrastas-te para os dias seguidos em que aconteceu não ter acontecido... e queres mais... mesmo com medo... e só queres que o medo dê cabo do pânico... e o dia a seguir aconteça de dia...
A minha viagem deu-me a melhor sensação do mundo: houve um dia em que respirei fundo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ainda aqui está

Não entendo porque esta força me puxa ainda tanto
Às vezes, tantas, tenho medo de não aguentar, de ceder, de estragar tudo...
Vêm-me as lágrimas aos olhos só de pensar, só de me imaginar ali, curvada, completamente submissa...
Tenho medo dos dias em que não tenho planos, mas nem sempre os planos me chegam...e eu sei que sempre arranjei maneira de fugir... Eu não preciso dos planos para fazer o que não quero fazer, mas dão-me alguma segurança, ainda que isso implique deixar algumas regras de lado.
Vim para casa cheia delas, mas rapidamente elaborei um plano de prioridades... não foi difícil... no topo estão aquelas que mais fazem doer. Fugir delas... Mas há sempre um lado mau... e na ultima consulta foi um misto de alívio com frustração com "eu continuo a não perceber nada disto"...
Fomos por pontos... e ela começou pelos maus porque me obrigou a ver os números... desci outra vez e desci daquela "trituradora de palavras da alma" sem saber o que dizer... Até aqui nada de novo, aliás... foi o de sempre porque eu não acertei...nunca acertei... e eu era capaz de jurar, como tantas vezes fui capaz e jurei mesmo que "desta vez, desta vez é que era..." e não foi...
Vim para casa com mais recomendações e uma confusão na cabeça...
Antes disso falámos nos pontos positivos..o meu objectivo estava e está a ser cumprido...mas o corpo reclama...precisa de mais pernas, de mais braços, de mais e de mais... e fui sincera... ainda há uma força grande que me puxa...que se atreve a iludir-me momentaneamente...
Está a ser difícil... a custar imenso...
E eu continuo com medo
E continuo a chorar de noite
E continuo presa, amarrada a esta vontade vertiginosa...
e continuo a lutar... e preciso de mãos... eu não aguento falhar outra vez.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

contradições

Ainda desconfio muito do "ser capaz"
Ainda não há calma de saber que não vai acontecer nada a seguir...
Mas a verdade é que quando passam horas e outras horas se seguem sem me subjugar ao que me determinei a enfrentar quero sentir orgulho, quero sentir que essa calma que vai existindo pode ser sentida plenamente, porque cada desafio é um desafio diferente.
Há uma espécie de querer sair da concha e ver como é lá fora o mundo depois de ter mudado (tanto) cá dentro... Mas também há medo.
Por enquanto ainda nem sequer tenho autorização de ir espreitar, mesmo que a vontade seja muita... o por de baixo da pele ainda se queixa de tantos maus tratos.
Estou em casa e é em casa que devo ficar até os números se distanciarem do limbo... não vá a sorte que me embalou tantos anos trair-me nestes passos. É precisa uma paciência que me custa e me isola, e me envergonha um pouco, confesso...
Hoje podia estar só feliz pela vitórias que julguei impossíveis...mas quando atingimos o degrau a que queriamos chegar, ele deixa de ter qualquer significado e passa só a haver descontentamento de não estar já no próximo.
E a confusão continua, persiste, insiste... é um querer sem querer inteiro... e amanhã é dia de falar do que fui capaz... e nada disso, confesso, me importa face ao "vamos?".
Nessa altura levantamo-nos as duas e só o número me interessa. O pesadelo já começou e eu nem comecei a dormir...é o medo, é o medo...

domingo, 3 de outubro de 2010

Não quero saber dos "ses"... não é disso que se faz a História.
Foi, fui quando tinha de ser...
E voltei
cheguei
Claro que há medo de cair... mas ainda bem que o medo existe e que me alerta: "eieii! ainda está ali, aqui..."
E eu sinto, persinto aquele sussurar atrevido com a mania que é gente...
Mas agora tenho a certeza que já fui capaz, durante dias e dias seguidos.E quero outro e outro e outro.
Estou mais exigente, mais rabugenta, mais inflexível.
É por aqui que eu quero ir, e hei-de ter ao meu lado apenas quem quiser fazer o caminho das pedras duras comigo...
Hoje foi mais um dia!
E amanhã logo se vê...

Amanhã faço 24 anos. Marca a metade...aos 12 fui para o outro lado...será este ano o regresso... Não sou a que era, mas tenho tanto para ser ainda!

sábado, 2 de outubro de 2010

passagem

O que é que aconteceu?
Cheguei com vontade de chegar, medo também...mas vontade
Tudo isto é novo apesar de ficar a um passo do antigamente
Não apago nada, nem desesperos nem lágrimas amargas de uma "vida" que não tinha solução...
Não adormeço facilmente, nem o sono me chega como chegava quando não havia nada de novo para pensar, mas só ode sempre, para remoer.
Hoje abro o peito para respirar fundo sem medo de soluçar nas entrelinhas.
É que eu pensava que era impossível,
E mesmo que eu não dê mais nenhum passo em frente, valeu tudo, TUDO a pena...
Há lágrimas aqui atrás dos olhos, não posso mentir...
Mas há orgulho no chegar aqui
Cheguei
Presente
Fui capaz, é Possível e mora aqui,mesmo mesmo à beirinha...
Obrigada mães neste mês,
Dras, pelas palavras fortes, cruas, frontais
Vim para casa com o diagnóstico feio, mas que não faz sentir nada
Ele é meu e eu ainda posso ser aquilo que eu quiser...
Apetece-me o amanhã... há um lado VIDA... e é só esse que eu quero ouvir

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

check-out

... já passou...

foi bem mais que o tempo previsto e ainda bem.
Ainda estou no quarto. As malas estão feitas, eu sentada na beirinha da cama que tanto me ouviu e aqueceu nos últimos vinte e tal dias...
Estou com uma espécie de medo de me ir embora, mas também com uma espécie de vontade... Tal como no início, eu já não estava a fazer nada lá fora... e agora sinto que é preciso...um espécie de agir... uma espécie porque vou ter de ficar deitada.. continuar a "boa-vida" lá em casa...
Confesso-me farta mas nem há outra hipótese, por isso não estou farta, só um pouco apreensiva... porque não sei bem de que vão ser ocupados os meus tempos... que tempo vai haver ou quanto vai durar o tempo... é que de lugar para lugar o tempo escorre de maneira diferente... e eu não me lembro de ter alguma vez reparado como era o seu andar em minha casa.
E é estranho este sentimento de hoje... fui proibida de sair de casa mas não proibida de fazer outra coisa qualquer... pensar, por exemplo... e ao mesmo tempo que surge aqui uma panóplia imensa de possibilidades de ocupar o tempo a trabalhar ou a projectar trabalhos, há uma sensação turva neste meu sentir... como um "ainda não...dorme mais uma noites e logo pensas nisso"... Será isto preguiça ou sensatez?

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

esta espécie de obrigação

última refeição da noite
último mini-copinho cheio de comprimidos de diferentes tamanhos a prometerem uma noite descansada.
último "boa noite" carinhoso de quem mal conhecemos
primeiro confronto com a certeza: é a última noite.
Foram bem mais os dias que aqui passei do que os previstos... e foram bem mais as vitórias... Talvez por isso, sim, talvez seja por isso que o soluçar se irrompe de uma forma tão brusca do peito e me deixa pesada no chão sob um manto de responsabilidade.
Tudo isto foi importante para me mostrar que é possível
Mas eu não vou prometer nada porque eu não me conheço no futuro.
Cheguei mais perto só para tocar a vida do lado de lá... e acho que vou gostar. Cheguei à ponte... falta andar.
A decisão é agora, de agora...
Feliz ou infelizmente, nada de nada é para sempre... isso é demasiado tempo.
Hoje não tenho pressa, e espero que esperem...que aprendam e saibam esperar.
Eu não prometi nada a ninguém.

ultimo dia inteiro aqui

As voltas que se dão.. acho que se chama Vida
Primeiro o medo, um querer e não querer por não querer inteiro, o medo do desconhecido, a vontade de ainda ir a tempo de mudar alguma coisa, por mais pequena que fosse. Foram meses de dúvidas na cabeça, outros tantos de dúvidas no papel, depois em conversas hipotéticas, depois inevitáveis...O meu sim e o tem de ser.
Parar.
Parou-se.
Parou o ciclo, mudou-se o sentido...tirou-se a força de um sítio que veio pesar noutro, bem mais abstracto, mais difícil, mas muito mais verdadeiro... a verdade.
O corpo ficou ferido mas aparam-se só as crostas e deixa-se ao ar... de olhar atento, sempre atento... Não bastam duas mãos nem quatro... Deus criou-nos demasiado complexos e nada aqui vive num estado isolado... nem ninguém... As mãos tocam-me o corpo, tocam-me a alma e tocam-me o coração. A verdade é que ainda não se encontrou o vírus, a tal da dor... mas é preciso ver o lado positivo... aqui aprendi onde é que ela não mora... Não é um número nem um nutriente nem uma conta matemática que te reviram a pele e te apertam e cercam o coração e a alma toda de espinhos... não são eles que te fazem sangrar e acreditar que se pode morrer de tristeza... E nada disto é novo, só é um bocadinho mais certo... e seguro a mão sem estender a minha.. é que desbastar terreno e limpá-lo evita fogos... mas põe a nu a matéria de que é feita a terra.
Não é possível fazer uma coisa de cada vez, como não é possível respirar sem que o coração bata ou vice-versa, e é preciso aprender a lidar com este delay entre a pressa do corpo e o demorar cá de dentro... E é preciso coragem para não parar
E é precisa força para arriscar e continuar assim, de frente, em frente... é preciso tentar tudo antes de desistir.
Insistir
Persistir
Ficar aqui

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

sair

Devia deixar de ter a mania que acerto em tudo.
Estou ainda receber, a dar-me mais segundo as regras daqui... Já não há aquele pensamento primordial e doentio de como tentar fugir um bocadinho às obrigações que implicam a aceitação de estar aqui. Nem há força nem vontade para isso... e ainda bem.
Agora que já há dia certo para regressar a casa tento imaginar o meu dia-a-dia sem o frenesim antigo que fazia o tempo andar mais depressa... Sim, um dos meus medos é que o tempo não ande e fique parado a gozar comigo...
Penso em mil e uma estratégias, nenhuma me parece verdadeiramente aliciante, aliás... quando me pergunto o que é que quero fazer, o NADA é a única palavra que me aparece na cabeça em letras maiusculas... Mas eu sei que nunca me dou ao 'nada' demasiado tempo, que temos alergia um ao outro e surge sempre alguma ideia para... sei lá, nem que seja para fazer andar mais depressa o tempo.
E não vou fugir, não vou deixar que esta ânsia de querer que tudo se torne "normal" se ponha à frente dos passinhos todos que me puseram os pés em sangue para aqui chegar.
Repita-me tudo o que me disse ontem... que náo estou a ser desinteressada nem má profissional. Diga-me que tenho direito à recuperação e que este é o único modo de o fazer...
Ajude-me a cada dia a despir um bocadinho da culpa, essa ue tem a mania de se sobrepor... capa, sobre capa, sobre ti...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

ainda não me disseram, mas vou hoje embora

De repente acontece o que é suposto acontecer...ali, ao milímetro... as pernas perdem a força, a cabeça ergue-te.
"Está tudo bem?"
Está óptimo pelo que se vê...
A conversa de hoje não será muito mais que as restantes já tidas e, não me venham com histórias, porque o meu guarda mais que os outros. ponto final.
Já me sinto desamparada e nem sei qual é a temática de hoje, ou melhor, qual o caminho, porque em termos de teor é sempre, mais coisa menos coisa, igual.
Era agora que eu precisava daquela ajuda milimétrica de passo a passo...de birra em birra porque até aqui.. foi "simples"... e agora que os resultados, os 1ºs que apareceram, e nem sequer foram retestados, estão nas mãos de toda a gente e a cobrir a minha cabeça inteira, abrem.te a porta de sorriso nº 4... Precisava de tempo aqui, a combater esta vontade que quer dar cabo de tudo o que consegui?? sim! vou pedir? não..já não peço mais nada...deixem-me ir à minha vida que eu, como sempre, resolvo...
Sim, estou cheinha de raiva e dores em tudo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

daqui a pouco

Já daqui a bocado começa o amanhã que mete medo, pelo menos respeito...
Vou dar por um chegar pesado e desengonçado da enfermeira a trazê-"la" e a mandar-me subir.
E eu a tremer, ainda ensonada só vou querer ver....
Ver o quê?
Não é nada disto nem por nada disto, ainda que isto influencie o resto do teu dia...entre conversas com todas as medicas que fazem parte do teu "estar aqui".
Não sei se é uma despedida, mas o ar cheira-me a já nada estar a fazer aqui... também tenho medo do "lá fora", mas esse vou sempre ter..hoje, amanhã, para o mês que vem...só houve uma coisa que gostava de experimentar cá, acompanhada, e não vai acontecer... porque o "filme", a vida..ou qualquer dessas coisas está já feita na minha cabeça: O numero aumenta significativamente, a seguir vêm os parabéns, a seguir a conversa do "objectivos cumpridos", logo depois uma conversa mais profunda como se a alta nada tivesse que ver com a engorda ao ritmo exigido... pedem-te o de trás, por trás disto...e estás tão enervada que não queres saber de mais nada... e vais para casa...matas as saudades, e morres de medo.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quase nascer

Tenho tudo aqui,
a sair da boca, a escorregar pelas mãos a verter dos olhos, a desfazer-se em passos que vão dar sei lá onde...
Nunca pensei dizer "nunca pensei"... e já tinha lido muitos "nunca pensei"... Eu sonhava, sim, às escondidas, que o daqui a bocadinho doesse só um bocadinho menos.
Assusta saber que esta é uma batalha que ainda agora começou...tenho curiosidade de ver até onde vai o meu querer, até onde serei capaz de pedir ajuda e até onde os "ajudantes" perceberão que vão haver alturas em que me terei de por à prova e eles não vão poder estar...
A minha queda foi como a de uma pena, leve, demorada...mas o precipicio nunca mais acabava, não havia fundo... Pensavam, pensaram sempre que não havia fundo ou se pensassem não fizeram nada para me impedir de lá tocar.
Procurei braços e abraços, tive tantos, tão bons, tão quentes e preciosos... tantos que eram hologramas, tantos que eram sonhados por mim... tantos porque faz parte...
A lentidão da queda acentuava a inquietude e procurei qualquer coisa, qualquer coisa ou alguém...
e encontrei e enganei-me e procurei outra vez e desisti e falhei e recomecei e aleijei-me e recuperei e lambi as feridas e mascarei-me e menti e omiti e procurei, e gritei e disse que já não aguentava mais...
E pararam-me quando perceberam que eu não ia parar
E vocês olhavam-me e eu culpei-me de vocês nada terem feito para me pararem,
E hoje sorrio,
Porque hoje o teu "bom dia" faz tremer cá dentro, os teus abraços já fazem lágrimas que não sou obrigada a esconder (é verdade...pode-se chorar!)
E tenho medo de ir mas curiosidade também
quero tudo e nada ao mesmo tempo
e quero que não queiram que eu queira mais que aquilo que eu hoje posso querer... é que custa... há ainda vezes tantas em que não se quer.

Não sabia que o que sinto hoje existia para se sentir

sábado, 18 de setembro de 2010

TODO O VERBO SER

ESTOU ORGULHOSA DE MIM

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

estar aqui

Claro que nem tudo podia correr às mil maravilhas...
aqui sofre-se até o corpo fazer contorcer a alma e não há ninguém para agarrar... simplesmente porque sabemos que a vontade que nos está a deixar loucas não é a nossa real vontade.
Há dias mais difíceis que outros, mas a sensação
com que fico é que passou tudo a correr e que ainda precisava de aprender tanto...
Ontem menti aqui pela primeira vez, foi a pior sensação de sempre...mas se eu sou sempre tão boa a mentir, será que eu queria ser descoberta? isto é estúpido, mas ando com a cabeça às voltas...
Ao fim do dia estive com a minha querida médica e lá contei a verdade...e pedi mais ajuda...ajuda que nunca mais me deixasse fazer mais destas mentiras. Bem sei que cá fora vou ter de ser eu, sozinha, mas se pelo menos eu perceber que é possível, que ainda que com ajuda eu consigo..então vale a pena...
A única coisa que eu peço é que o dia em que sair seja diferente que o anterior a ter entrado...
Hoje tenho um bocadinho de esperança,
Será que alguém ainda acredita em mim?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

escrevam-me

Só para dizer que os resultados estão a ser bons,
que estou eu mais surpreendida que a equipa,
que têm todos um carinho por mim inimaginável...
Só tenho medo que o tempo seja pouco, já estou com medo do regresso.
Queria ter a minha mala das ferramentas bem cheia e pesada mas não me querem tirar do mundo, pois essa é a minha maior facilidade...
Aqui tudo é muito calmo, estou ligada 24h porque o corpo precisava mesmo e eu não lhe andava a ligar nenhuma...
Tenho regras, tenho muito apoio, imenso carinho (e dizem-me que esse é um dos ingredientes principais!), finalmente estou a aprender a confiar, a entregar-me a pedir ajuda quando sinto perigo... e não está cá mais ninguém "como eu"...tudo aqui é diferente... Usam tanto esta palavra comigo, porquê?

um grande beijinho e escrevam-me...sabe bem

domingo, 5 de setembro de 2010

chegar sozinha

Sim, já devia estar lá.
Como sempre pedi para "deixar tudo pronto", ainda na ilusória crença que uma coisa dessas é possível...
Bem, a verdade é que não tenho nada pronto nem sequer capacidade de o fazer. Agora sobre os ombros e a (minha) censura, a obrigação de deixar tudo impecavelmente arranjado para a minha ausência que só temo que seja demasiado curta... já não me assusta.
Não me perco a imaginar por falta de tempo e falta de chão nesse hipotético sonho... sei o que não me faltar enquanto lá estiver, mas pouco ou nada sei do me vai esperar...
E não fui capaz de contar, de conversar com ninguém assim, com as palavras, com o que fosse preciso, não há ninguém aqui... mas estes dias vão ser Dias.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Amor

Será que posso dizer que tenho medo?
que desde aquele dia acordo mil vezes de noite e choro até nascer o sol?
Será que posso dizer que esta energia toda vem da vontade de esconder esta ansiedade em forma de "eu-não-vou-chorar" para poder acabar o trabalho todo antes de ir?
Será que me desculpam se eu disser que mesmo antes de ir não estou a cumprir tudo o que devia já ser capaz de fazer?
Será que não sou ingrata e será que mereço esta bondade toda e este AMOR que me tem sido atirado para cima em forma de abraços noite e dia?
seria preciso chegar aqui para ver como tanta gente gosta de mim e não se esquece?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

VOU!

Vou.
Respiro ainda a tremer, entre soluços.
Já não há nada a decidir nem a pensar. Não é preciso adiares mais na tua cabeça, não são precisas mais desculpas nem mais medos nem mais porquês.
Pela primeira vez foste de certo modo surpreendida, e disseram-te coisas que pensavas só pertencerem a outras bocas mais próximas (mas essas calaram-se sempre).
Pedi só alguns dias para deixar tudo preparado e a minha cabeça o mais limpa possível da culpa... embora haja 'culpa' que me vão obrigar a levar aqui dentro, comigo...
Deram-me os dias a medo, não sabem o que vai por trás da pele translúcida, dessa imagem minha que dizem ser tão diferente de há meses para cá...
Eu continuo a olhar, não sei se a ver... de onde é que saíram esses 8 bocados com medida?
é que a dor pesa tanto...
mas há agora um lado (saudável) mais calmo... é que eu nunca volto atrás quando digo que Vou. Vou

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Manhã

A conversa da manhã soube-me a sal, soube-me a rapidez, soube-me a enfiar todas as palavras dentro de um espaço meu e seu de tantos segredos neste mistério de uma relação estranhamente criada a partir de uma coisa muito minha: o silêncio.
Hoje falámos as duas, hoje não me quis só ouvir, hoje disse-me o que pensava e disse-me ainda o que achava que era necessário fazer... e não daqui a algum tempo...mas já... não conjugou o verbo. Usou-o. Inteiro. Firmemente, sem hipóteses. Seguramente. Aquela segurança que, bem sabe... eu nunca soube... Este tremor vem de todos os lados, da alma e do coro e dos olhos e da cabeça. Há qualquer coisa a dizer que não podes nem te deixam nem nunca mais vais ser nada... e eu agradeço que pelo menos "nada disto" voltes a ser... Depois... dói... Como é que se explica? ainda parece tudo um pouco surreal, ainda cheira tudo um pouco a não-é-verdade-porque-blá-blá-blá

"porquê tanto mal contra si"
o meu silêncio
"eu vou falar com ela também, ligue-me quando sair"
Amanhã vai ser difícil aguentar o tempo a passar,
Vai ser difícil quando estiver quase a chegar o tempo quando eu chegar, quase sem tempo, àquela sala de espera, das cadeiras acolchoadas mas duras demais para aguentarem o peso do meu pesado corpo de espera.
Imagino-me a entrar, a dizer poucas palavras, imagino-a a adivinhar-me palavras, a falar-me da conversa que teve à pouco da minha consulta da manhã...
Eu vou querer saber conclusões quando vai querer combinar comigo decisões...
vai-se levantar e eu não vou querer ver... o que é que o número importa? o que é que vai decidir?
Porque é que este coração está pequenino apertado e a doer?
é sempre assim...e depois...nada... não acontece nada... eu suspiro
Não, não é de alívio por mais que me engane... é desta suspensa repetição

domingo, 29 de agosto de 2010

Estes dias

Chegaram os dias em que cada perna te pesa como dez,
chegaram os dias em que três escadas são como atravessar um deserto,
chegaram os dias em que o coração dispara se te levantares e vês estrelas antes de ver o mundo...
Chegaram os dias em que os graus nas subidas te tiram o fôlego e te trazem uma dormência no osso entre o canto do olho e a orelha.
Chegaram os dias em que qualquer viagem de carro te faz dormir, qualquer movimento repetitivo te faz fechar os olhos,
Chegaram dias de sabor amargo
dias...
Serão apenas dias porque uma vida não permite fazer-se de muitos destes dias,

É já depois de amanhã,
que mistura que aqui vai...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

os meus

Desceu outra vez.
Desta vez não te vem um sorriso à cara e não é porque tenhas dúvidas, nem tão pouco porque quisesses o oposto... É porque simplesmente não sabes o que querias ter visto nem percebes porque foste ver. Hoje tudo te foge... cheira a despedida,
os beijos cheiram a última vez,
nos abraços despeja-se a força que resta
As palavras não se podem gastar,
E quantos não se gastaram de mim?...
Doeu cada dedicação seguida de pedidos impossíveis, a que se seguiram insultos e, por fim, desistências... Tantas!
Quem ficou, quem está, é com respeito, e nesta altura está longe porque eu me afastei, talvez seja isso...eu acredito nisso... Mas aquilo que se ouve na rua, se eu acreditar que os olhos dos outros estão bons quando me vêem, dói e então eu não quero que me vejam agora,os meus...mas há dias em que eu tenho saudades...Há dias em que me fazem falta e estou sozinha.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

.

Parece que te venceu
Parece que te deixaste vencer
Atravessou-te as idades...já não são as queixinhas, é o suor da vergonha, esse PÁRA gritado sem som, que te sai disparado pelos olhos em contra-picado...
E a fraqueza, ai a moleza e a dureza debaixo da pele, quando o corpo já não se aguenta e tenta descansar e se senta e se magoa e pede as mãos para ampararem o impacto. E as mãos ganham dormência, o corpo todo adormece, os olhos pedem para dormir... Mas o coração continua a bater,
e passa mais um dia,
mais um dia a passar por ti,
os dias passam por ti...
já não és a miúda com medo das queixinhas,
és a mulher cheia de vergonha desse conteúdo ridículo
uma mulher, uma qualquer
uma "mulher" ridícula".

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

pai

No fundo sabia que olhavas, só não tinha a certeza se vias, nem sequer sabia o que vias... é dificil imaginar quando nem eu todos os dias vejo o mesmo, quando de hora para hora oscila essa sensação, esse sentido, esse sentir.
O corpo não ficou em alerta como antes, já não me fazes virar o mundo ao contrário para te distrair, abstrair, corrigir, no fundo...mentir... e não, não entendas como desilusão ou desamor, encara-o antes como é...é assim. A tua vida não para pelas escolhas que eu faço ou que eu deixo de fazer... Nunca parou. Acredito que fiques triste, acredito que te doa, mas eu não sei o que fazer quando me atiras para os braços essa total disposição para me ajudares. Desculpa, mas assim de repente, eu não sei o que isso significa...e duvido, muito sinceramente, que saibas o que isso quer dizer. Imagina que eu respondia "sim, quero", e depois? o que é que fazias?...Desculpa, também não sei...A minha decisão está tomada e a seu tempo vais sabe-la... só rezo para que não a encares com um pingo de desilusão... gostava até que tivesses orgulho, mas isto sou eu a sonhar...orgulho porque mais uma vez fui eu, sozinha a correr atrás da minha recuperação... Há dias em que ainda me pergunto...se vês tanto, se és tão atento, porque é que não pegaste em mim e me levaste? confiaste na premissa "máxima liberdade para máxima responsabilidade"? a tua filha não foi fazer uma viagem aos onze anos como tu disseste... não foi uma filha confortável....ficou doente.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

adormecer

Cambaleando,
O vento insiste em por-te os cabelos à frente.
Ainda há lembrança a perfume da manhã... e logo te lembras que é tarde, quase noite.
os pés pouco separado, o toc toc dos chinelos lembram-te que os pés ainda tocam o chão.
Os cabelos outra vez à tua frente e desta vez a mão faz a longa viagem e toca-te a pele....
Sinal encarnado e paras o passo.
Nestas estradas não se brinca... disseram-te uma vez...
os próximos 5 minutos têm já tema de conversa interna.
Tinham, não fosses tu passar pelo Tivoli e ele não te fizesse lembrar outras coisas. Coisas boas.
Todos os bancos têm íman, depois todos os degraus têm íman....mais uma subida e a pedra da calçada é um íman... Tens de resistir/ que resistir/ a OBRIGAÇÃO de resistir.
Chegas de cabeça vazia a um lugar sem nome. As lágrima ficaram presas e lavaram as memórias todas. Pegas num lápis, numa folha, desenhas as letras e adormeces.

domingo, 15 de agosto de 2010

Ensaio

Nem sei porque insisto em tentar dar sinais,
Dói-me essa tristeza,
às vezes só não queria que fosse de repente porque imagino que vos vá custar... e isso preocupa-me. Tem-me ocupado espaço cá dentro. Mas estão demasiado longe, continuam demasiado longe...e eu sei, fizeram tudo, sempre, da melhor maneira que souberam...
Não estão cegos, nunca foram, só não vêem bem... talvez vejam como eu, como eu às vezes gosto e prefiro ver...se fiz a faculdade, se arranjo trabalho atrás de trabalho, namoro, atrás de namoro (mesmo que relâmpago)... para quê julgar que alguma coisa se passa naquele corpo que é um bocadinho mais débil que os outros? não anda? não se mexe e se levanta da cama todos os dias para ir trabalhar?? então já faz mais que a maioria do povo português!
Ensaio:
Vou...
preciso de descansar a cabeça, não estou bem e preciso que me ajudem... preciso de tentar outra forma, outra forma diferente de todas as anteriores... sei que vocês fizeram tudo...não vos culpo de nada, de nada...preciso de experimentar a única coisa que ficou de fora nestes 6 anos porque tentei sempre da mesma maneira e estou farta de falhar...é muito frustrante. Não vos vou prometer nada. Vou por mim, porque acho que mereço ter uma vida que ainda não tenho. Até já

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Vou dormir fora.

Estava de corpo paralisado naquelas cadeiras verdes almofadas, rijas demais.
chegou com aquele sorriso aberto e seguro.
Vamos?
Sorri também. Levantei-me rapidamente como uma miúda a quem fossem dar um presente muito desejado... e iam dar uma coisa muito mellhor.. uma conversa com sabor a verdade, um olhar com sabor a abraço, fosse ele duro, cru, refilão, com palavras que doessem ou que fizessem chorar. Eu queria, era essa a única certeza.
E foi tudo isso, mas também bem mais que isso.
Tinhamos falado por mail e eu era a expressão da vergonha das minhas próprias palavras, porque o que eu lhe disse era só aquilo que eu não ia ser capaz de dizer e que, então, escrevi...
É incrível como conseguimos ganhar empatia em tão pouco tempo, em como ela faz e responde a perguntas quando eu já só sei chorar e ela dá as letras a cada lágrima, a cada pedra de sal... e reune-o todo, e dá sentido... "precisa de confiar, nunca confiou em ninguém... se eles nunca a ajudaram como é que alguém a a vai ajudar? mas agora não há tempo...tem de confiar, tem só de cumprir, cegamente..."
Onde eu só vi mais e mais quedas ela encontrou coisas boas e formas de me elogiar, mais uma vez deu parabéns à minha persistência, às minhas capacidades que apenas precisam de virar o ponteiro. E disse, agora com a voz mais séria do mundo: não há tempo para esperar que o trabalho dê tempo, não há tempo para acreditar que o corpo vai continuar a aguentar tudo, não há tempo para continuar esta descida vertiginosa nem esperar numa uma mudança mágica...
bem sei que essa espera pode ser trágica...
Mas na altura, tudo é diferente..esses medos desaparecem, o foco fica numa nuvem distante, o chão é noutro chão, o tecto nem existe...
Vou estar duas semanas e meia sem si, sem a minha ida-semanal-de-busca-de-sanidade, duas semanas em que se vai decidir se acordo durante uns tempo numa cama que não é a minha ou se tive medo e não fui - porque eu sei que não há mais hipóteses.
Sabe, fiquei com medo quando disse que tinha medo. Fiquei com medo porque a senti próxima, fiquei com medo porque de repente as minhas duvidas momentâneas de ter medo de repente se tornaram um pouco reais... Disse que tinha medo desta nova perda repentina, da minha falta de noção do meu estado...e desta angústia... Deu-me mais medicação, fez-me prometer que o trabalho não seria desculpa para descansar... E acabámos a rir, com a minha sinceridade: quando marquei a 1ª, o meu objectivo era dizer estou aqui, esta sou eu, diga o que é que tenho de fazer para tirar este bicho... e eu fazia. Simples.
Vim com um abraço.
E chorei.
Tenho a certeza do que quero.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Parto com uma pequena mala.
Com o coração trémulo.
Com a esperança a meio gás,
com a vontade toda,
sem muitos projectos, confesso.
Não te prometo nada, não vou por ninguém, por honra de ninguém... Não vou para provar nada a ninguém, não vou para deixar nenhuma alma em paz...
Vou para "fazer diferente"
Vou porque não faz sentido desistir antes e tentar tudo, acima de tudo vou porque quero férias... e estas serão bem melhores que umas férias nas Bahamas... TENHO A CERTEZA! e digo-o assim, à boca cheia, gritado mesmo. Nestes últimos anos viajei, com uma amiga, com vários amigos, com namorado..e em todas, sem excepção, fui "acompanhada", não tive férias... nem nas férias tive férias e preciso... Ontem e perguntava-me: "por quê??? porque é que isto me grita cá dentro que este é o caminho, que não vale a pena fingir nem desculpar-me mais, que eu tenho de tentar isto??..a resposta é só uma: porque preciso...Nem que seja para ir e ver que também não funciona... Mas depois vou poder dizer que também tentei, até lá vou ter sempre um caminho que ainda não experimentei... vou estar a desistir antes do tempo e isso não faz sentido.
Amanhã decido o meu futuro mais próximo. Deus me dê coragem.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

um bocadinho de raiva

De repente parece que deixa de valer a pena inverter o sentido, deixa de valer lutar...Deixas-te levar como se ninguém estivesse a ver, e dói...
Choras agora com a raiva à flor da pele
Foste ao contrário de tantas...
Não quiseste chocar, não bateste o pé,
nunca fizeste uma birra!
Fizeste tudo lentamente para que ninguém desse por nada, para que ninguém sofresse para que ninguém se preocupasse, para que ninguém tivesse que mexer uma palha da sua vida para se ocupar da TUA VIDA!
E a diferença, entre essa altura, em que tu dizias a ti mesma... "ninguém vê porque eu não deixo que ninguém veja"... para a destruição massiva e maciça,em que o teu corpo é uma réstia...é ZERO... Vou parar, sim... quando não der mais... não tenho coragem de carregar no Stop, a vergonha é imensa.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

The End

O Fim agora, o fim agora, agora, o fim. Estou à espera. Acaba-te. Já.

domingo, 8 de agosto de 2010

Ajude-me

Trata-se de parar para parar de perder tempo.
Ainda que esse parar te soe a perda de tempo, às vezes, porque podias continuar a correr como se não houvesse amanhã... Felizmente para ti a 'crise' não tem querido dizer muito e dás-te ao luxo de ter que recusar proposta atrás de proposta de trabalho. Exactamente 3 no último mês.
E ainda que vivas como os teus pares, e te queixes com eles, ou só acenes com eles quando se queixam da dureza desta profissão, sonhas acordada com a vida santa que terias se tivesses só a profissão-de-carteira...
É urgente parar porque estás a enlouquecer,
porque este trabalho não se coaduna com a total ausência de prazer... todos te dizem..."nós lá aguentamos, porque no fundo, gostamos disto..." E tu?
Eu ocupo-me do trabalho nos tempos livres da minha profissão intrínseca, da minha pele, do meu cérebro envenenado feito sonho, pesadelo, suor, lágrimas, pesar, andar e dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor.
...
Preciso de PARAR
parar de perder tempo a contar,
perder tempo nas filas
nos super mercados,
na casa de banho
ao espelho
no chão
a vaguear horas a fio
a limpar
a gastar água
de gastar dinheiro
de desperdiçar
de pensar a mesma coisa mil vezes por dia e não conseguir ter a cabeça livre para absolutamente mais nada
preciso de substituir

Chegou A Hora

E vou tentar boicotar tudo, vou ter medo, vou dizer que se calhar é melhor não, que vou conseguir sozinha...mas não vou... Ajude-me, ajude-me

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Eu quero

Queria pegar no telefone e ligar-lhe.
Dizer que tem toda a razão e que ontem tive mais uma prova.
Dizer o quanto custou segurar o corpo, nem eram precisos muitos pormenores...
Combinávamos e dividiamos tarefas. Tratava da minha chegada, eu tratava da minha ida. Começava no minuto seguinte. Levantáva-me, ia até à sala do chefe e dizia-lhe as palavras necessárias para deixar o trabalho, comia os lábios todos por dentro se fosse preciso, trabalhava até cair para o lado para não o deixar na mão até ele arranjar alguém para me substituir - e por mim - para eu poder ir descansada...
Continuo com este tremor aqui dentro, com esta ambivalência furiosamente angustiada... eu não vou parar com este ciclo sozinha... eu tenho de ir... Mas eu não consigo dizer com as letras todas, à sua frente, "pode avançar, marque que eu vou, estou pronta, vou!". Mas eu quero...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

aperto

Fiquei a pensar

eram oito e meia da manhã e fui recebida por si, com o sorriso seguro, as palavras firmes, a voz calma.
Desta vez o ensaio que fiz na minha cabeça, do carro até chegar ao pé de si, não correu bem, falhou e sabe, ainda bem...
porque fiquei a pensar

não se resolveu ali

não fui um pedaço morto a pesar e a avaliar de fora, não me vi de fora...nem a vi muito bem porque me custou olhar, como se me custasse olhar os olhos que me olhavam.

Zangou-se com a minha falta de tempo para mim, com o meu empenho no trabalho, por levar trabalho para casa, por querer a excelência, a pontualidade e a assiduidade acima de tudo.
Mas não se zangou, como eu me zanguei, com o resto... o Grande resto, o Meu Grande Resto.

Foi puramente prática e pela primeira vez não ouvi "temos de esperar" mas "temos de resolver"... e deu-me uma solução diferente, um caminho nunca antes experimentado por mim...muitas vezes pensado, é verdade, mas também, inúmeras vezes adiado...

e da minha boca só saía "não posso" "e não posso fazer isso" "eu não lhes posso fazer isso"... uma desculpa? talvez medo? também... como é que eu faço? o que é que eu faço? o que é que eu escolho?...

Falámos das regras possíveis... e e expliquei como é impossível ter regras a trabalhar em TV... mais uma vez, aquele espírito ainda mais prático que o meu: "então tem de parar" eu: "quando acabar?em Novembro?" -----"Se tivesse um cancro esperava até Novembro para fazer quimio?ser operada?"

Dói-me aqui

domingo, 18 de julho de 2010

Leve leve-me

Estás ao caminho ainda com as pernas noutro lado.
Estás com a energia e a vontade prontas a sair mas, estúpida, adias o dia UM.
Continuas ridiculamente igual no que toca a pores-te a andar, e só corres quando o perigo corre mais que tu, mas na tua direcção.
Custa quando te acusam com aquele ar de "it's all your fault" porque não queres isto, e custa quando na sala te dizem "a culpa não é sua" porque a tua acção diz que queres isto...
Uma completa adita, uma completa estúpida em acção constante e imparável, rumo a...
Tens saudades do Sol e enfias todos os dias a cabeça na areia,
Saudades do que não te lembras e logo saudades do futuro que cada vez mais te parece um sonho para "depois"... e aparece-te em sonhos a gozar
Acordas com as lágrimas que ficaram pendentes do dia anterior e dizes "acabou". Dura minutos, horas, talvez um dia... e escondes-te outra vez, e curvas-te outra vez...e desta vez nem consegues combater contra esse lado que não é teu mas que se apoderou de ti.
Precisas que tudo seja um bocadinho mais rápido que nas ultimas vezes em que tentaste e não é (só) pela urgência de liberdade que te assalta e te faz morrer por dentro, é antes pela velocidade com que o outro lado te está a matar o corpo e o corpo do corpo.

terça-feira, 13 de julho de 2010

limite

Ela hoje disse-me o limite,

Até onde posso ir ou até onde não posso chegar,
Até onde fica comigo, ou o ponto em que decide por mim,
Até onde sou eu a decidir ou até onde... ou fujo mais uma vez...
deu-me um número como se a minha vida deixa-se de ser minha ou deixa-se de ser minha se eu o vir.
Custa ver a vida reduzida a números... não que eu não o tenha feito antes, ainda o faça ou tenha feito desde que me lembro, mas custa quando são outros a pegar naquilo que abominas, que desejavas tão profundamente que fosse diferente...
Não te pede que saias de casa, porque isso tu fazes,
não e pede que te esforces...
Não te pede que sejas útil à sociedade porque aí ÉS
Pede-te só que não te subtraias mais,
deu-te o limite...
e vergonhosa e silenciosamente, há uma vontade que queres calar, de lá chegar, de passares das marcas todas,
e não vai ser nada...
hoje há razão para o cansaço,
mas o de dentro é o mesmo de quando o limite não existia...
às vezes parece que o abismo é uma luta desenfreada para haver qualquer coisa palpável, que fale por tudo aquilo que não és nem nunca foste capaz de dizer.
"o que é que a está a deixar assim? O que é que aconteceu? tem de falar. O que é que aconteceu?"

Eu não sei

segunda-feira, 12 de julho de 2010

isto a mais

Não sei o que é que está aqui dentro,
mas eu sei que não é meu.

Há qualquer coisa que te faz boicotar sistematicamente a vontade. Ou a ânsia.
Sabes as coordenadas, sabes o que acontece se fizeres o que está certo...e o que está errado.
Conheces bem a recompensa, a ausência e o castigo... mas és um péssimo espécime para Pavlov.
Bem, isto é só um eufemismo... porque tudo não passa de pura estupidez...
Quando qualquer coisa te irrita aproveitas e choras... qualquer coisa, não é preciso uma grande coisa. E esqueces rapidamente o que te irritou para te desfazeres nas lágrimas impossíveis que o resto não te deixou chorar.
Vais lá chegar redonda, com duas camadas a mais e vais estar, tu, bem no interior da cebola. a camada do que te fizeste e a camada pelo que te deixaste fazer.
Transversal a tudo só as duas linhas que não se tocam: uma brilhante, outra negra.
Dois staments e a dúvida: qual é qual?
Esperas ansiosa e esperas com medo.
Só a verdade, trabalhar com a verdade, dizer sempre a verdade
Hoje prometo só isso
é que há qualquer coisa aqui dentro que não roubei mas que juro, juro que não me pertence.

domingo, 4 de julho de 2010

quase quase nada

Dá-me um minuto,
deixa-me multiplicá-lo em horas, de acções, não de tempo
Fica tu com o vazio e dá-me as mãos.
Deixa-me fazer.
Não quero mais olhar nem contemplar esta ilusão tenebrosa,
Não me dês nada, mas não me tires mais nada...
Nem a força do início,
Um novo início com sabor a velho...
E aquela velha dor,
mais forte que nunca,
mais forte que eu...
Já não há quase nada
O confronto
A verdade por meias palavras de alguém
E o fim, finalmente o fim...
Porque é que demoraste tanto?
Acabou, pára de te cansar a brincar nessas ilusões,
ei! acabou. Perdeste.
Acabou
Já não resta quase nada
Assiste agora ao fim... já não fazes mais nada

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Intention, Anscombe

Discípula de Wittgenstein

As intenções, as intenções...

QUAL É A TUA INTENÇÃO?

there is a difference in 'direction of fit' between cognitive states like beliefs and conative states like desire.

She is X'ing intentionally intentional action
She is X'ing with the intention of doing Y
or ... She is X'ing in order to Y
intention with which
or further intention in acting
She intends to Y
or... She has expressed the intention to do Y
expression of intention for the future;
(what Davidson later called a pure intending)

terça-feira, 29 de junho de 2010

Desistir

Uma hora em que estive calada
três ou quatro gotas salgadas e um mar por dentro
"esse silêncio foi sempre a maneira de mostrar a angústia"
esse silêncio não se cala e não me deixa falar
revolta por esta acomodação ao pior de sempre
o caos,
o que entra, no que sai,
a desarrumação total
o chão já te cola os pés... tropeças quando te tentas descolar: decadente
o banco do jardim cola-se a ti...preparas-te para que venha atrás quando te levantares e nem o banco nem tu se levantam: decadente.
empurras a dor do corpo, para que o corpo não sinta já mais que tu...e dessas, só te assusta que alguém veja, e olhas para ti, choras já não pela dor, mas por te teres deixado chegar a ti...
Hoje era capaz de entrar ali, onde nunca fui e pedir que me amarrem dizer que só quero que me obriguem... porque a culpa de querer é imensa. Odeio. Hoje odeio o mundo inteiro, amanhã passa e odeio-me só a mim.
Desculpe, desculpe, desculpe
hoje desisti

Dicionário

Pega na esperança desconjuntada, à volta
injecta-a sem pensar que dói
e se essa dor te doer, ainda estás aqui.
enrola os dedos na corda do céu
balança bem os pés
baralha-te na contagem e retrocede e avança quantas vezes forem precisas
pára de dizer que é agora
para de lutar contra, pára
de ter vergonha de seres vergonha
de seres roxa por parares de respirar para não te notarem, para não te lembrares
liberta a raiva e essa frustração labirintica
é este latejar, este latejar que não pára
o corpo diz-te tudo e agora diz-te de tudo
faz-te sentir: básico, lógico, científico, biológico, fisiológico
e o teu espirito pragmático grita de noite, depois de mais um dia igual: tens de parar tens que parar
Pensas naquele minuto, aquele, do futuro decidido, mas o mais incerto de todos
e não há arrependimento maior que não ter feito tudo e ao mesmo tempo um desejo imenso que o minuto passe, fim e a calma...calma, fim
A dor, esta dor, é um virús desmedido e veloz...tira-te a velocidade do sangue no corpo, dos pés no chão, do cabelo a crescer, das nódoas a deixarem de ser negras... tudo passou a ser dolorosamente demorado...e demorada é a expressão que ecoa por cada poro sem falhar um: foste tu

segunda-feira, 28 de junho de 2010

procura

Perdes o discernimento e o tempo, por momentos,
Voltas refeita e agora só molhada, não lavada... o banho de sal na cara cristalizou-te o avesso da pele...
Esqueci-me do regresso
Não existiu. Não houve regresso. Eu sei que fui.
Aqui outra vez,
mais uma viagem que não fiz,
livros que não li apesar de me ter demorado em cada página
Segredo-me esse sabor amargo e é impossível viver aos soluços
Já nasci e morri tantas vezes... e o tempo em vez de subtrair essas fugas, congela-me e faz-me olhar, sem me lembrar... que morri. Cola-me a ti, dor sem nome e sem cor
Fazes uma desgarrada instantânea...
Grita para aí nesse teu compasso de quem tudo sabe
brinca até te cansares
faz do meu corpo o teu objecto de eleição
e delicia-te nessa sensação de poder
Eu não vou ser-contigo
Chamam-te
E só te sinto
Julgo-me cega,
mas eu nunca te vou ver

põe a mão à frente da minha testa. estou farta de bater na parede

Por que és sempre aquela que se adianta e me toma?

Venha a solidão desmesurada, a loucura-foguetão com destino ao desapego...

eu não vou saber dizer,
ouve, ouve o que eu preciso de te pedir...
alguém
alguém...

domingo, 27 de junho de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Fim

Mais um fim feio
deste saio em vilã enfurecida, de voz oscilante entre uma oitava acima e outra abaixo do normal...
Desfigurou-me a tua insistência a tua insensibilidade e até a tua burrice de não entenderes nada de nada de nada,
Fui bruta quando passaste do ponto,
Fui agressiva quando pisaste a linha e invadiste o espaço que te proibi...o Meu espaço. O Meu tempo. A Minha dor.
Ri-te da minha intolerância, até porque já não terás de lidar mais com ela.
Chateia-te, revolta-te, odeia-me e sai daqui... por favor pára de me chamar "meu amor" e de falares como se tudo o que te disse da forma mais sincera não tivesse qualquer valor, fosse apenas um devaneio da minha insanidade...
E por cá... os meus, força... podem finalizar a piadinha "isso ainda dura? tu?"... tinham razão, toda a razão... posso ter mil "dotes", jamais serei parte de alguma coisa com cheiro a futuro.
E tu, para com esse controlo...conseguiste tocar no ponto que não permito, nem a t que chegaste ha meia duzia de dias com a maior dedicação e amor... Eu não o quero, eu não te quero. E hoje odeio-te, graças a ti. Ah, e obrigada. Foi bom. Chega. Fim. Adeus.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Pontuação

Apetece-me o fim,
Não trabalho mais nele nem em nada,
Apetece-me um ponto final, um parágrafo.
Chega de vírgulas, de ponto e vírgulas demorados,
Não é este o espaço nem este o tempo, nem esta a a praia, nem este o som...
Os olhos ardem demais,
tudo pesa demais...
Ontem o cabelo pesou e eu já não sabia o que fazer com a cabeça...
E não, não é novo, é de um 'há muito tempo' que eu pensava que nunca mais ia voltar.
O que é que eu faço
O que é que eu te faço?
Nada.
Ponto final.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

um bocadinho de pai

Não percebo tantas vezes o nosso choque...
Era a tua menina e não me importava nada com aquela expressão de "a menina do papá". Pedia-te colo para ouvir a conversa dos adultos, não queria brincar... Hoje não sei se eram mais as conversas que me interessavam se era o teu colo forte, eras tão grande, és tão grande. Eras a única pessoa que me fazia sentir sempre pequenina quando me começavam a chamar 'gazela' por ter crescido primeiro que as outras meninas. Na formatura eu ficava sempre no fim, longe das amigas, era por alturas e eu ficava ali ao fundo a observar os cochichos quando ninguém podia falar.
Nunca me trataste como uma menina, mas como uma igual a ti. Grande. Mas tu também nunca te levaste muito a sério, ainda te pesa imenso a adolescência que gostavas de ter tido e ficas aí, a ruminas essa angústia em vez de aproveitares a vida que conquistaste... Não me ensinaste que a vida podia ser prazerosa...não que não mo tenhas dito, mas dizem os psis que as crianças aprendem pelo que vêem fazer e não pelo exemplo. Não te critico minimamente...tu também não foste ensinado...
Lembro-me das conversas adultas, de te ver a chorar sem veres lágrimas, das coisas que me querias dizer mas que eu não te podia deixar dizer porque uma miúda não pode ouvir essas coisas.
Lembro-me de te descobrir e não te contar, lembro-me de tudo o que me querias dizer e nunca disseste porque não sabias como dizer. E lembro-me de ficar tão magoada pela forma crua e despida como dizias aquilo que depois, quando me vias a chorar, colmatavas com "não era isso que eu queria dizer"... Conhecemo-nos há 23 anos mas não podes exigir que eu te oiça e que transforme as palavras no que tu estás a pensar mas não dizes à espera que eu adivinhe. Vou-te contar um segredo: isso enlouquece as pessoas...
Disseste um dia que sentiste que aos 11 anos fui fazer uma viagem e só voltei muitos anos depois... doeu, porque eu senti exactamente o mesmo... a viagem que fiz foi por ausência de abrigo aqui... e sei que estiveste cá sempre, mas eu não sabia dizer, queria só que me pegasses ao colo como eu pensei que fosses fazer para sempre.
Sempre me irritei contigo quando te ouvia falar com aquela acomodação que sabes que não suporto, sempre te orgulhaste em segredo por discordarmos em tantas coisas, por veres desde muito cedo a minha consciência politica e social... Sempre olhámos um para o outro com uma cumplicidade que absolutamente mais ninguém entende...e ela sempre teve ciúmes, ambos sabemos.
Por seres o único que me faz desatar a chorar e tens a capacidade de me estragar o dia quando és inteiro desilusão sobre mim, por não perceberes nada do que se passa mas assumires isso, por sempre me teres dado toda a liberdade mesmo quando eu não a deveria ter, por nunca te teres oposto mesmo quando sabias que escolhia o caminho errado, por me ensinares, por não teres jeito nenhum para ensinar o trivial, mas o resto... por aprenderes comigo mesmo nunca admitindo... por ver o teu orgulho em mim, de soslaio...por continuar a precisar de ti...
Gosto tanto de ti.
Passei tanto tempo a tentar conquistar o teu amor que me perdi tantas vezes, chorei tantas vezes... às vezes podias dizer...
Gosto de ti
Eu não sou essa fortaleza que julgas, eu também choro papá... e gosto de dizer e de ouvir coisas bonitas, eu sou mesmo uma pirosa de vez em quando.
Hoje é o teu dia
Parabéns pai

terça-feira, 8 de junho de 2010

Grito

Às vezes sentes que andas às voltas,
A fugir do inevitável, que desejas e que não podes dizer alto...
Porque a "outra" odeia-te e trata-te mal quando os teus pensamentos deixam de ser só pensamento, quando passam a vontades claras na tua cabeça...
Tu sabes, no fundo tu sabes para onde tens de ir.
Não sabes se resultaria porque ainda não adivinhas o futuro,
mas sabes que as voltas todas que já deste te deitaram no chão...
Olhas para a parede-das-tentativas e só vez cruzes, o sinal de "caminho a evitar" dos jogos de pista. Foste tu que lá puseste as cruzes porque o teu espirito aventureiro te fez experimentar.
'cada falha equivale a uma obrigação de nova tentativa' foi o que tu disseste, e fizeste...
Mas agora o tempo urge, o buraquinho na ampulheta abre-se e o tempo corre mais depressa a fazer arranhões ao vento...
No fundo tu sabes que não tens muito tempo, embora te iludas que o tempo todo não vai dar cabo de ti. Odeias isto, queres aquilo e não lhe chegas...
"Aquela" energia não é mais aquela energia, a força deixa-te tantas e tantas vezes... poucos se apercebem, só alguns dos que mais te amam...mas não podem fazer nada. Estás longe, demasiado longe... e não saiste do lugar. Andas às voltas, és a de ontem... pela primeira vez sentes-te capaz de dizer "vou", dirias "vou, agora" se te dissessem "tens de vir" em vez de te perguntarem...
Tens medo e ao mesmo tempo um dedo de esperança quando entrares no novo sítio da verdade. Contas a história toda, sem os eufemismos de que és perita. Ouves e prometes-te a ti mesma e a ela... e falas, e olhas nos olhos sem esse medo e essa vergonha.
E se ela perguntar dizes para responder por ti...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

subtracção

Arrumou-te a um canto, encarquilhaste, mirraste, desfizeste-te.
De vez em quando acordas e esticas um braço...
(ninguém imagina o esforço para pores um pé à frente do outro)
Ela cresceu, e gritou-te: "sai daqui, isto é tudo meu"
Entregas-te como se fosse o teu grande amor, mas a diferença é que não disseste o "sim!", não disseste nada, nem tão pouco querias... nem sentes amor...és uma devota sem escolha, sim, sem escolha. Não percebes como ficas...mas a verdade é que não tens para onde ir, porque foi ela que ocupou a tua sala, o teu quarto, a tua casa de banho, os corredores todos para ires de um sítio ao outro.
és violentada noite e dia, nos pesadelos, e estás sozinha, mas não te sentes sequer sozinha, porque não te deixa ouvir o silêncio...no limite ouves o som da morte.
Não, não és vítima de agressão nem podes ir fazer queixa. Porque está aqui...e quantas vezes não te distingues? quantas vezes duvidas da voz, se é tua ou não...
Quantas vezes verbalizas vontades que não são tuas como se fossem aquilo em que mais acreditas?
Vontade de te subtraíres deste jogo cru,
porque o teu espaço é cada vez menor... estás numa caixa sem te conseguires mexer...
Manipulas tudo, boicoteias tudo...
O que eu quero sei,
O que eu quero eu não consigo
continua a ser a única coisa que nunca consegui.

é essa a solução?
obrigue-me

quarta-feira, 2 de junho de 2010

correr

Tirem-na da corrida,
ela vai cair,
vai fazer uma lesão grave
nunca mais vai poder voltar à competição nem treinar, sequer.
Tirem-na da corrida,
ela vai bem, numa marcha agressiva, com cara de medalha de ouro, mas ela não vai aguentar,
ela sabe mas não vai ser ela a parar, os pés correm por ela
Tirem-na da corrida
não, ela não olha para o lado a ver quem lhe vai passar à frente...
Ela não corre com ninguém, nem vê a meta: não há meta
o olhar de soslaio é um grito tão grande que ninguém ouve
levanta-te da bancada
tirem-na da corrida

terça-feira, 1 de junho de 2010

pedir com vergonha

Todos os dias te curvas e dizes, em silêncio, "ganhaste".
Todos os dias repetes e já nem te dás ao trabalho de dizer "foi a última vez".
Tu sabes da tua fraqueza de espírito, enquanto bem sabes que não vale a pena contrariares aqueles que falam da tua força como se ela fosses tu...
Eles não sabem que o que te acorda é o hábito e não a força.
Eles não sabem que o que vêem teu é uma luta imensa em contra-relógio para fugires ao que tu "és"...
Eles não sabem que os elogios te doem infinitamente sobre a pele e o avesso, que te desnudam...que te percorrem os pesadelos e te fazem chorar.
Porque tu sabes que já não és tu que vives...
E eles pensam que cresceste por aguentares sempre mais... por seres hoje capaz de tanta coisa que nunca foste... por deixares pessoas entrarem e ficarem na tua vida... Não te sentes tão invadida, mas a verdadeira razão é por já não sentires que a tua vida te pertença... Antes tinhas medo que entrassem porque tinhas medo que te deixassem, hoje não o tens, porque simplesmente esse abandono que temias não faz sentido... Acontece a chegada e a partida, acontece simplesmente... e despojaste-te de tudo... tudo.
Já imaginaste a despedida, aquela em que podem falar e tu já não ouves... e hás-de poupá-los a essa perda de tempo...
Enquanto o relógio continua tonto, nestas voltas compassadas e desenfreadamente calmas, levas a tua calma...às vezes desesperada, às vezes com esperança que não dês pelo tempo...
O desejo mais solar que tens é que o tempo passe sem dares por ele...
Deixaste de querer o mundo em três dias... porque amanhã não há-de ser muito diferente de hoje...Viajas, ganhas mundo, vês e fazes coisas de gente grande, com vida... mas tu, tu, tu és igual... o desejo de fuga persegue-te, mas no fundo sabes...vai ser igual... combates esse pessimismo de costas direitas, e aconteces igual, és tu...
E queres, e dói-te quando dizem que não estás a querer. Tu queres, mas já não és tu quem manda...
Apercebes-te quando te dão a escolher, seja o que for... e custa perceber que não és capaz de escolher...a voz nao te sai, a vontade é turva...vem de vários lados da cabeça. Tu nunca foste assim...não és tu...e não, não é desculpa.
Hoje tens um desejo junto a este momento de lucidez...

ALGUÉM, alguém ouça o que não sabes dizer...

quando eu me calar é porque não quero mentir
quando eu não disser, é simplesmente porque não sei dizer.

... _ _ _ ...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Acomodar-se

Jamais te acusariam de te acomodares, de seres inútil, inerte.
1
2
3
trabalhos.
a soma dá umas 18,19 horas por dia.
Boa conta.
Pensaste tu que isso lhe tiraria tempo...
Que a tua agitação daqui para ali a distrairia a meio do caminho, ela seguisse um e tu outro...ainda que um trilho cheio de pedras e lama e picos...preferirias.
Pegas no telefone para pôr trabalho em dia quando aquela voz se torna ensurdecedora, mas tem de ser logo ao início, caso contrário, é só a voz e já não és tu...
Escrever freneticamente quando as mãos te pedem para ires fazer outra coisa qualquer.
Metes os vídeos que o trabalho te pede para ver quando queres sair de multibanco na mão, assumes compromissos sempre com horários apertados, records, só para que o teu tempo fique lotado e não dê "tempo" nem espaço para absolutamente mais nada.
O plano não serve.
Pegas em mais um trabalho... a crise não te chegou ainda...acumulas responsabilidades e cumpres ao pormenor, não queres falhar, nem falhas...ali.
Mas o tempo cresce sem saberes como e tens tempo para isso e ainda mais...
e aí sim,
acomodas-te
inutilizas-te

és inércia

alguém?

levem-me
obriguem-me
peguem-me
abracem-me
amem-me
odeiem-me
desiludam-se
irritem-se
batam-me
vendam-me
olhem-me
gritem-me
apertem-me

perdi-me, esqueci-me, errei ontem e hoje, outra vez...
eu não sei
eu não sei
nada de nada de nada,
falta a cor e já falta o medo...
e há medo de não ter já medo.
Porque o medo guiava o instante entre o escorregar e a queda...
às vezes queres cair,
às vezes queres atirar-te
tantas vezes queres que te agarrem e não te deixem continuar.
a dor
diluíste-te nela

terça-feira, 25 de maio de 2010

existir

Ter tudo,
ver tudo de cima,
de lado,
à volta...
cheirar o vento,
embrenhar-me na sensação de não ter mais nada, acesso a mais nada senão à vista desarmada, a olho nu,
contentas-te com essa verdade
a única
compensas-te na ilusão de ter tudo sem ter nada, sabor a nada
o nada sabe-te ao tudo
porque não chegas a mais nada
há qualquer coisa mais...uma curiosidade,
mas nem te atreves a escorregar para cima dela...
não, não estás a fazer nada, não não estás a queres, nem a crer que chegas àquele sabor...

estás porque te dizem que existes,
existes porque dizem o teu nome todos os dias




repetem em voz alta
sorris antes de responder,
sempre

domingo, 23 de maio de 2010

a fugir

Isto fala por mim
Isto age por mim
Isto reage por mim

desculpas?

Arrependimento a seguir
estratégias para ser perdoada pelo que fiz e não queria ter feito, ter dito...

Se há uma palavra que descreve o que têm sido os instantes todos juntos é: fuga.

Sim, quero fugir
Sim quero ficar de outra maneira
Agarrem-me, agarrem-me
Não me deixes fugir outra vez
porque desta vez não sei se serei capaz de voltar

quinta-feira, 20 de maio de 2010

controlo

Não sei dele,
há palavras que não se podem dizer, eu sei...
mas às tantas sente-se que se deve lealdade, que nem todas as mentiras são piedosas... e se gostas de saber a verdade é injusto que só contes mentiras.
Sabes que a tua verdade gera preocupação em quem gosta de ti...contas coisas a meio para não te culpares pela mentira mas também para não teres o dobro do trabalho: contar e acalmar...
De repente, tens telefonemas de saudades e quando te perguntam contas...e repetes vinte vezes " mas eu estou óptima!"..ok, esquizofrenia outra vez... tu ouviste o que disseste antes e isto não combina... desligas o telefone e percebes porque te afastaste tanto... para não ter de dizer, para não ter de mentir... para poderes estar nua, sozinha mas nua, sem esse fato de bobo da corte preocupado em entreter.
Elogiam-te os conselhos, a dedicação a quem precisa...e o tabuleiro vira-se ao contrário quando dizes 5 palavras sobre o-que-se tem-passado...
O controlo a que te obrigas é aqui também, se calhar começa sempre por aqui e iludes-te que seja no resto.
Dói-me saber-te preocupada
Não te vou dizer, mas amanhã só "estou bem" e não te baralho com o resto...
Tenho uma pessoa para agradecer a sanidade de poder ser verdadeira uma vez por dia: OBRIGADA por teres entrado há tão pouco e tanto, por termos bem mais temas de conversa e por haver tempo e espaço para mim... tenho medo da tua frontalidade e da minha capacidade de fugir de ti... Mas mesmo que te deixe, que tu te fartes, o teu abraço real, foi cheio da segurança que eu não tenho... obrigada

terça-feira, 18 de maio de 2010

ir...

Sem chão,
Sem nada
Queres estar "sozinha" mas ela não te deixa...
Não a queres, não a suportas, mas dás-lhe colo e ficas tu no chão, a doer-te o rabo, a sentires a dormencia do corpo, demasiado pesado para os vasos que te mantêm "viva".
E agora?
E agora?
Dizem-te que vão dar-te um nome, outra ajuda..ajudar ao quê? Tu ainda não acreditas no que te disseram: "foi ele que não foi capaz de admitir que não te conseguia ajudar mais...e não te deu alternativas...tu nao podes ficar "limpa" agora, não podes deixar tudo..."
Não te podes deixar, porque ela leva-te... e nunca mais te encontras

sábado, 15 de maio de 2010

abismo

Não era nada disto,
Sabia da possibilidade mas, para variar, havia um bocadinho de esperança de um fazer diferente...
Parece que tudo acontece para me provar que o caminho está errado,
E eu continuo fiel ao abismo.
fito-o a ando, pé ante pé...
E vão dizer: estás tão bem...continuarão a dizer: estás tão bem...
E o abismo.
O abismo não chega.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

um fim, o 1º

Fui eu quem disse adeus
E fui eu quem mais chorou a despedida

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Respiras fundo de olhar molhado e eu olho-te daqui, a saber um pouco mais que os outros, porque bem ou mal, passei muito tempo contigo... hoje fico aqui fora porque a agitação é demasiada, a pressa e a repulsa em proporção directa fazem-te ter vontade de gritar, de fugir e de cair, ali, às 6 da tarde...
Vais porque tens que ir. Vais porque já não se aguenta este mal-estar provocado por palavras encravadas a meio da garganta. Vais porque precisas de bater com o punho na mesa e dizer: não está a dar. E não, dormiste hoje sobre o assunto e confirmaste que não é de revolta adolescente que se trata... é legitima a tua frustração, eu percebo, percebo. Tu fugiste muito, desconfiaste mais que sei lá o quê, não cumpriste tantas e tantas vezes, mas bolas! tu é que foste procurar ajuda... achas que se não a quisesses te davas a esse trabalho? achas que se não a quisesses trabalhavas que nem um cão para poderes pagar 1000 vezes que lá vais ouvir tudo pela enésima vez e tentar...só mais uma vez, só mais um bocadinho? Tu queres, ele reforçou aquilo que ainda tinhas dúvidas...tu prometeste empenhar-te e cumpriste, ele prometeu ajudar e falhou... Não sinto que tenha disponibilidade para ti, não sinto que tenha mais opções para ti, e tu queres mudar... tu queres outro alguém que te alimente o reservatório da esperança que precisas para pôr um pé à frente do outro, vulgo andar... E ele não te dá nada disso. Anos e anos a sentires que ele fazia tudo e que a culpa deste impasse era tua, que não mudavas de dr por respeito a quem te disse que te ia ajudar... mas já não aguentas mais, hoje tens a certeza que lutas, que te empenhas, que te esforças todos os dias mesmo quando falhas e cais e choras tudo até não poderes mais. Ainda assim não consegues enfrentá-lo com esta frieza de discurso porque - ele não sabe - sentes uma culpa gigante por ele não te ter ajudado. Hoje esta culpa não te faz sentido, mesmo que não a consigas evitar... não sais de cabeça erguida porque não era isto que querias...a responsabilidade, não a culpa, também é tua... Mas tens direito a lutar por ti, a procurar alternativas ainda que falhes, ainda que saias delas igual ou pior... mas pelo menos sais dessa terrível estupidez de não ter tentado... quero tentar tudo, como lhe disse no dia em que acreditou em mim, eu faço tudo para que isto mude 1 milímetro que seja.
E neste momento, se há tantas coisas que me sinto incapaz de conseguir mudar, há outras que ainda estão na minha mão.
começa por aí!

Já estou mais ou menos de volta, mais ou menos mais calma.
Vou com a dúvida de estar profundamente enganada... mas não me posso culpar por não ter tentado, mais e mais e mais uma vez.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

amanhã, ponto.

Amanhã vou dizer-lhe que chega.
Já tentei, já arrisquei, já me desacomodei.
Como me disse eu não paro, nunca parei, fui muito mais longe do que se esperava nas condições mais duras... Consegui impor-me a disciplina ambigua...um mundo entre o dentro e o fora, um abismo entre o direito e o avesso da pele.
E os resultados, onde estão?? um bocadinho, só um bocadinho... consegui o resto, mas falta-me a única coisa que nunca consegui...e que cheia de vergonha pedi ajuda.
Faltam-me mudanças radicais, mudar, mudar, mudar... Não vou para o Tibete nem vou tornar-me vegan, nem vou viver para uma comunidade naturista.
Vou sair.
Vou deixar o resto.
Vou deixar de ligar ao resto.
E vou-lhe dizer: não resultou e já perdi a esperança. E não, não é uma decisão a quente, vem já quase fora de prazo...foram 6 anos a pensar nisto. Tive momentos de pura esperança, de muito desespero também... desisti mil vezes, mas nunca por completo, confiei muito pouco ou quase nada e neste momento, desculpe, mas não sou eu que estou a falhar.
Tenho pela primeira vez a certeza que dei o máximo, que o que não faço a mais é porque NÃO consigo. Chamem-me os outros o que quiserem, mas perdi. E não, não é uma questão de força de vontade...foi o dr a ensinar-me isso... e custou-me ouvir que dessa eu tinha de sobra, bastava olhar para tudo o que tenho conseguido nos ultimos anos... Sim, consegui...tanta coisa que não me sabe a nada porque esse medidor está congelado pela dor do resto.
Tentar infinitamente pelo mesmo método parece-me muito pouco para quem se diz especialista, para quem já teve centenas de casos nas mãos, para quem já ajudou tanta gente. E tenho sempre de ser eu a destruir a espécie de alegria com que me encara quando falo na "minha vida"...porque isso é o que acontece e em nada rima com o que se passa cá dentro.
Vou-me embora para lado nenhum, talvez um dia encontre uma maneira de encontrar um caminho menos escuro, menos cheio de tantas teias e labirintos...
Neste momento não contava com muito de si, só disponibilidade, a ajuda que me prometeu, só... e não a tem, eu compreendo que não tenha tempo mas eu também não consigo perder mais tempo.... O que vou fazer com ele? com o tempo? Nada de especial...vou continuar com todas as ocupações e os stresses que fazem o tempo correr mais depressa. Mas não me dê mais esperança que depois não acompanha...
Eu não vou sair daqui sozinha, e vai custar a dizer...
isto é só o que quero dizer.
Amanhã...

terça-feira, 11 de maio de 2010

PARAR

dormir
descansar
desligar
esquecer
deixar


deixa-me

domingo, 2 de maio de 2010

Loucura

Entre medo de chegar e medo de ultrapassar, demasiado...
Entretive-me nesse desassossego e detectei minuciosamente os pontos alvo, resultantes de uma semana que devia ter sido de "viragem", mas que havia sido... igual... com avanços demasiados pequenos para combater a solução de um futuro breve, essa, sem meias-medidas.
Subo com medo de estragar, punhos cerrados para não se notar que tenho as mãos a tremer... eu sabia que estava inundada... e já me estava a mentalizar para não acreditar...era um bocadinho menos, não era preciso entrar em pânico, estava tudo bem... "está tudo bem..."
Fiquei com a sensação que ia cair dali, eu não estava a aguentar aquele chegar-ao-equilíbrio porque eu própria não estava muito bem para me equilibrar...
E quando ela disse:

Perdi.
Perdi-me
Eu não lhe vou dizer, mas eu sei o que devia fazer