segunda-feira, 18 de junho de 2012

a caminho da liberdade

As palavras têm anos e anos, bocas e bocas, sentires e pesares, quilos, de ferro e de penas... as palavras ao longo da vida, querem dizer tantas coisas e mudam tantas vezes de significado.
Não tenho dito, mas tenho feito na minha cabeça o desenho da palavra. Em grande, como em grande é o tamanho do sonho e do desejo de a ter. A liberdade.
Livre para errar, para crescer. Livre para escolher. Tenho uma vontade esfuziante para trocar trocar estas dores por outras... vontade de me irritar por coisas que nunca me fizeram sentir absolutamente nada porque simplesmente este muro não deixava que passassem... quero ficar furiosa por faltar o gás a meio do banho, por apetecer aquela papaia que eu tinha comprado e alguém comeu sem me dizer, por ter de ficar a trabalhar noite dentro quando já tinha uma festa combinada. Tenho tantas saudades destas coisas que nunca tive. Sim, passaram anos dos que dizem serem os melhores da vida... mas a minha vida ainda não passou, ainda não aconteceu...e vai a tempo, muito a tempo!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Custa o regresso,
e diz-se, como antes, que é a última vez... mas desta vez não se promete nada a ninguém. Se conseguir, a maior alegria será minha, se voltar a cair será meu de novo, todo aquele pesar...
custa saber de quem se fala, daquela pessoa que pedia educadamente a minha mão em casamento e quem pedia ordinariamente para se fazer amor em plena sala de fumo. Perguntam e tu acenas com um sorriso leve e um sentir apertado se te lembras daquela que cá chegou amarrada à cama e a berrar que a deixassem em pás com intervalos de querer alguém por perto dizendo todas as palavras que não fica bem dizer em público... mas aqui tudo é permitido... cada um pode ser o que quiser, viver no ano em que quiser, ter a família que se quer... e querer-se ou não acreditar nisso.
Na sala ao fundo do corredor continua a fazer-se um livro de histórias que nunca ninguém escreveu e que, por certo, dariam uma série tão fenomenal que provocaria uns "oh! isso não é assim que acontece" "que exagero!". Talvez eu também o pensasse antes de ter feito parte da minha vida uns meses numa ala psiquiátrica. Hoje já não me surpreende sequer a miúda que logo à partida me diz que não vai acreditar em nada do que lhe vou dizer e que acredita que isto tudo é uma grande encenação para a prenderem aqui. Diz que todas as pessoas estão a gozar com o seu estado e que ninguém está verdadeiramente doente... Talvez eu me aproxime dela pelo menos numa coisa...aqui encontras pessoas que, embora doentes, são verdadeiras... verdadeiras para si próprias antes de qualquer outra coisa... lá fora há um código indecifrável para os de grande espírito. Aqui estão protegidos... medo, medo, medo só dos que lá estão fora à tua espera...