Este tempo não tem tempo nem números, estas palavras querem-se todas inteiras para ficarem cravadas e nunca mais as perder... e quando imagino,
quando olho para um dia melhor, lá ao fundo, volto a perguntar-me, cheia de medo, se tenho direito, se ainda tenho direito...
E desfaço-me antes de entrar e arrisco-me antes de eu própria carregar no travão com todas as forças...
Os meus pés,
As minhas mãos,
os meus ouvidos, boca, pele, coração...
Há dias em que o coração fala e há dias em que o coração só dói...
E eu fico com medo,
enrosco-me como um bebé... adormeço acordada, porque tudo começa logo a seguir...
ouvi dizer que lhe chamam vida, e que está à minha espera.
Vontade e medo, sonhos e pesadelos de não perceber muito bem onde acabam e terminam, onde está a minha estrada e os meus passos... há dias em que não me vejo a caminhar sequer... mas depois vejo que cheguei mais à frente...
levaram-me ao colo,
embalaram-me, adormeci e ganhei força para pôr novamente um pé firme no chão.