segunda-feira, 25 de abril de 2011

"eles" e eu

É no mínimo sarcástico o meu trabalho actual...
E o que escrevo para "eles", escrevo-o na minha pele também...
Mas neles, há a garra que me falta, as desilusões não devem andar afastadas... mas os sucessos são visíveis, dignos de um aplaudo em uníssono de Portugal e do mundo inteiro.
Passo entre eles, a dar mais uma dica e outra a quem diz as palavras que escrevo. Não consigo olhá-los nos olhos, mesmo que isso não seja necessário... A gigantesca montanha que nos separa coloca-nos praticamente no mesmo lugar... eu de um lado, eles do outro...
Os números, a balança, a vontade...
A vitória, as quedas e a derrota.
Longe de mim invejar-lhes a pele, mas a força, essa sim... daria tudo para a ter agora...
O risco que corro agora é mais alto do que o deles neste momento.
Não parei ainda, não entrei ainda no meu corpo para o tratar, para aprender a amá-lo, a amar-me.
A semana passada tive um susto e livrei-me de outro...as percentagens assustadoras não me tocam nem chocam como deviam... e esta semana, voltei ao número impossível.
tenho uma semana para voltar a levantar-me. pelo menos a ficar no ponto onde estava, ou sei lá onde... já recorro aos métodos de emergência e é difícil gastar dinheiro para aguentar quando "não há tempo"... Não é o dinheiro que custa gastar, é eu ter de munir-me para aguentar, mais um dia, só mais um dia, só mais um dia...

domingo, 24 de abril de 2011

são os dias

Queria uma concha, deitar-me embrulhada em mim,
adormecer...
Fugir do ruído todo, das preocupações dos outros sobre mim... Eu sei... mas nada mais posso dizer, a não ser "não te preocupes, estou bem"...
Custa a repetição, cansa... mas não cansa mais do que carregar o peso deste dia-a-dia, cada vez com menos esperança, cada vez com menos sonhos, menos prazer, menos lágrimas... pela inevitabilidade que agora parece a única saída...
Já soube lutar, já me armei com tudo o que tinha e não tinha, já me desarmei inteiramente e entreguei-me a quem me pediu para confiar...
A vida corre como os passos da corrida, um pé à frente do outro, qualquer que seja o destino... e às vezes pensar: para quê pensar? que futuro?
A minha carreira limita-se à sorte de ter quem me queira activa, com a determinação e empenho que este meio me conhece...
Mas... para quê?
Para quem?
Para quê?
Deixei de matutar nestas questões que só me atrasavam as horas...
Estou aqui. Estou viva. Pago o irs e a segurança social. Não dependo de ninguém, não peso a ninguém...
O Futuro?
O futuro...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

a noite do dia

Alguma coisa ou alguém,
uma corda, uma mão, um abraço apertado e quente...
O frio entrelassa-se nos ossos,
e a termogénese protege-me do congelamento total...
O cérebro não age, reage,
os músculos dão conta do recado mas pedem-me as contas ao final do dia, e castigam-me.
O coração avisa-me da lentidão que necessita a cada passo que dou e eu respiro fundo...
espero que o oxigénio me renove as forças e estou mais presente do que nunca em cada fase de todas as funções vitais...Como se a pele fosse tão fina, tão transparente...
Engano o resto,
ou penso que o faço...
Riu-me simpaticamente das poucas frases que dedicam à preocupação de quem nada sabe do que se passa.
um passo mais
um músculo pede ao vizinho para trabalhar...
O dia acontece, a noite rouba-me e o escuro protege-me...posso ser EU, com todas as dores...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

a rede

Sem rede e a tentar subir alto, alto...longe do chão, do fogo no chão do chão que desaparece assim que o pisas...
O medo, de não ter rede é o resultado da queda...de mais uma queda depois de cair tantas vezes... e magoa, cada pedaço...dorido, aleijado, sofrido...
E ninguém imagina, quando a gazela corre, o quando lhe custa erguer, saltar, para o pedaço de terra a seguir... ou a aterrar ou atrapalhar-se nas suas próprias patas e cair... ser atacada em vez de fugir ou atacar para sobreviver.
Hoje,
tirar-me-á a rede?
Vai deixar-me?
Sem perguntar é tudo aquilo que quero ouvir,
e uma esperança,
um nó,
um aperto profundo em que todos os órgãos se retorcem...
Hoje talvez espere os números de amanhã
E saiam,
em debandada do cenário de guerra aberta...
direi só que percebo,
que entendo,
chorarei depois...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

chega?

Preciso de ir. de partir.
Preciso de ter a sua palavra a confrontar e calar as minhas. preciso de ordens e não de sugestões.
Preciso de assumir o meu 'hoje'. Preciso de largar o passado e construir no amanhã o meu futuro, se for para o futuro existir.
Preciso da sua visão pragmática que tanto me escapa por ora,
Preciso de assumir que é mesmo do cansaço e que não 'emburreci' nem fiquei mais lenta por alma e graça do Espírito Santo.
Preciso que o corpo pare e que a cabeça comece a trabalhar.
Preciso de desligar o piloto automático que me mete a 100000 à hora... o resultado já nem é como era...
A máquina queixa-se
O corpo grita a cada dia...
Tem toda a razão.
Onde é que fiquei?
O que é que aconteceu?
Quando é que o desamor se colou à minha pele?
para quê uma pistola dentro da boca prestes a atirar?
Não penso. Ajo, como posso e me obrigo a cada dia, com um esforço vindo de uma força que não é a minha...
parar... parar é morrer

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ambiguidade

Antes de adormecer fecho a janela até meio.
Quero que o sol me diga bom dia já que o corpo está amuado comigo e não temos conversado...
Confesso que também estou zangada com estas dores de virar a anca de um lado para o oposto...
Estou zangada,
Estou furiosa,
Estou acordada.
Gosto dos dias maiores, dilatam as horas.
Odeio o crescer dos dias, durmo menos e a dor dura mais...
Preciso de uns olhos, preciso...
(Não peço)
Tenho medo do próximo encontro e é incrível como tudo o que tenho escrito são encontros onde acontecem coisas tão importantes que mudam o rumo... do jogo...
é entretenimento, é programa, é televisão... mas são pessoas...
Sempre me custou pegar em pessoas e transformá-las... mesmo que sejam elas a vir, muitas a pedir...muitas a querer só aquilo que eu fujo... serem vistas!
Este novo trabalho faz-me lidar com vidas trancadas dentro de um corpo que reconhecem e odeiam...(onde está a diferença)... Depois de todos os meus dramas éticos, tratei a forma de ligar com aquelas pessoas - é o poder que me dá escrever - são heróis. Heróis por lutarem, por desistirem e regressarem à luta...
Rendi-me e tenho inveja dessa garra.

domingo, 10 de abril de 2011

o medo invertido

A acertar a ordem e o passo.
Não há outra forma...
As dores da compressão exprimem-se negras, resvalam para o verde até desaparecer, a cor e a dor.
O destino é incerto, o caminho sinuoso,
A falta de mãos e de braços, o aumento do vento a zumbir e a fazer-me coçar as orelhas compulsivamente, pela impressão que deixa cravada.
As pernas levantam-se, uma de cada vez, os pés pousam um de cada vez... e o cansaço, a maldita fadiga de quem só tremeu de nervosismo e não fez sequer um km.
Há uma parte orgulhosa por me ter posto ao caminho, por ter saído da gruta onde o escuro me toma e me cega...
Abri os olho e vi, quis ver e quis levantar-me...
O medo...o medo...
pelo menos por agora virado para o caminho certo..
não tenho de ter medo do que antes havia tido, do que tenho na maioria das vezes, do que me persegue horas e horas, o meu trabalho a 24 horas.
Ganhei pela primeira vez o medo certo,
e por mais estúpido que seja, gosto deste medo e preciso dele...
Sabe bem este medo... há uma cumplicidade, menos solitária nestes medos que todos temos...
Este medo aproxima, este medo é o medo dos outros que me olham...
Deixei por ora o outro medo, mas sei e estou preparada para voltar a recebê-lo...nada, nem o medo passa assim...
E ainda assim, sei que nada nem ninguém, o pode mandar fora e despedir-se dele senão eu...
E ninguém melhor que eu para se despedir... Por milionésimas vezes me despedi... disse adeus, tantas vezes sem palavras... É duro gostar e mandar embora... mas foi preciso, ou julguei que o era...
Essa é a solidão controlada.
A outra... na outra, eu não tenho mão...

terça-feira, 5 de abril de 2011

4, 3....

Abaixo do limite,
muito abaixo,
nem lhe disse hoje depois da "ameaça" da semana passada...
E eu quero, juro que quero, mas ninguém acredita porque as pessoas são as acções e eu fico, só a ver, só a deixar o tempo correr... e cada esforço é cada vez mais em vão, como se o corpo me estivesse a "ajudar" a dar-"lhe" tudo, a dar-"lhe" a minha vida... de uma maneira tão simples, de uma maneira tão francamente simples e veloz...
E eu não tenho já forças para correr e me apanhar.. e não paro... e não ajo todos os dias como Quero, como QUERO... e ninguém acredita... mas eu QUERO...
Que me arranquem do corpo, que me levem, que me abracem...que me devolvam o meu eu de dentro, que me ajudem a encontrá-lo....perdi tudo... do 4 para o 3.... não era nada disto...nada disto que eu previa...e tenho medo, tanto medo... embora aja como se não o tivesse, embora esteja em cada dia como sempre estive... mas sou eu cada vez menos sem mim... Quanto tempo é que sobra?
Às vezes não sei se prefiro que o tempo acabe já...
Porque o medo é que dure a vida inteira...e isso é demasiado tempo...

domingo, 3 de abril de 2011

Primavera

O sol aparece mais, os dias duram mais, as flores, estão mais bonitas, o mar chama-nos... A primavera - e a quaresma para quem Acredita - são ou deveriam ser a preparação e o começo do renascimento, de quem ficou a dormir, voltar a acordar, de quem ficou no escuro voltar a espreitar a luz... de quem ficou na caverna, pôr a cabeça de fora. Sim É isto. Só isto. Tudo isto. Acima de tudo, começar de dentro para fora, do ninho para a imensidão do céu... Tenho saudades da primavera (não me julguem estúpida porque já estamos, porque sim, nela) mas da minha primavera... Sei que os passos terão de ser meus, sei que tenho de ser eu a espetar no cimo da montanha essa bandeira. Onde é que ela ficou, onde é que eu a deixei?