domingo, 15 de dezembro de 2013

15 anos depois

A verdade é esta: estou a viver o que há uns meses tomei como impossível.
Depois de retrocessos seguidos de desistências,
o desamor e a desesperança tomaram conta da vida que deixei numa caixa de sapatos.
A caixa chamava-se vida e tinha dentro muitas fotografias, desenhos, milhares de bilhetes que escrevia para mim e palavras que nunca chegavam ao destino. Muitos planos, convites de festas de aniversário, folhas com as notas maravilhosas da escola, medalhas de atletismo e do quadro de honra. Aquela era a vida que um dia havia sido minha e que eu não queria destruir mais. É duro pôr fim à vida mas para mim era muito mais duro sentir na pele a minha imensa ingratidão. O nada em que transformei o tudo que me foi dado.
Essa caixa ainda existe. Mas a vida tenho-a eu.
15 anos depois.
Eu e o sol erguemo-nos de manhã.
Eu e as árvores damos frutos.
Eu e a lua criamos noites bonitas.
Eu e o fogo transformamos água em chás deliciosos.
Eu e o mar vamos, mas voltamos sempre.