sexta-feira, 22 de março de 2013

querida té

Minha querida Té,

Hoje falei-te baixinho, 5, 5 e meia da manhã... Pedi que sossegasses, que voltasses a dormir e embrenhares-te no sonho que desta vez não era mau nem metia medo. Um cigarro, uma pastilha, um pouco de um filme, de um livro... Nada, estavas irremediavelmente acordada e a vida começara mais um dia de sol com o frio que rasga. Gostava que seguisses o teu plano diário, que dividisses o tempo entre dormir, os descansos  necessários, avançar com o trabalho, com as promessas de pintar novos quadros e escrever novas histórias. Sabes, Às vezes gostava que tivesses um botão. Um não, alguns. para desligar tudo, para o piloto automático, para sentir, para pedir...aquilo.
É meio dia, tenho de ir fazer o almoço para a família.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: o suicídio. Julgar se a vida merece ou não ser vivida,  é uma questão fundamental da filosofia. o resto, se o mundo tem três dimensões (...) são apemas jogos; primeiro é necessário responder. E se é verdade, tal como Nietzshe o quer, que um filósofo, para ser estimável, deve dar o exemplo, avalia-se a importância desta resposta, visto que esta vai anteceder o gesto definitivo...

Camus

sábado, 9 de março de 2013

A tentação é humana, a tentação. A tentação é uma vontade sem dono mas cheia de ganas de se tornar passado...ser feita num ápice onde o presente já passou.Dizem que as pessoas fortes não cedem às tentações e que as fracas não aguentam sequer. Aguentar até o desejo acalmar, até a fogueira e as labaredas serem só brasas e depois cinzas. fechar os olhos, tentar adormecer - em vão - adrenalina atinge os máximos...e chegou o momento da escolha (mesmo que não dês por isso) E escolhes, não me venham com tretas. ceder ou não ceder é, mais uma vez, uma questão de escolha

sábado, 2 de março de 2013

Não sei por que este blog me continua a fazer tanto sentido... eu lembro-me muitas vezes de passar aqui, dizer daquelas coisas que a nossa voz diz sem som e só ecoa saído dos poros e de todos os buraquinhos do corpo...
Rebenta quando o saco do "aguentar" já não aguenta mais nada, mas cada recaída em queda livre me mete mais medo...um medo igual ao dos avós quando dizem que preferem morrer a ficar cá sem qualquer capacidade física e mental. Eu tenho 26 anos, mas tenho a certeza que essa sensação não é muito diferente da que tenho.
Porque às vezes me sinto virada e atravessada por tanta coisa, coisas que me enche e eu aguento e aguento porque há uma esperança qualquer de não ir ao fundo...pelo menos tanto...
Desta vez não houve o corpo a gritar... não houve sinais de transmitidos de gente em gente. Foi a força toda para dar tudo nos meus dias e desgraçar-me nas noites... e nada me importava, só queria assegurar que tudo iria correr pelo melhor... até que começaram a resvalar lágrimas e sangue e tudo. Até que os meus dias verdadeiros eram as minhas horas de consulta, até que os meus dias passaram só a ser  noites.
Como eu achava que depois dela não haveria quem me mandasse ao chão,
porque eu lhe respondia com um prato de massa, um haggen daz...as maiores armas não chegaram.
E mês e meio depois, de volta a casa, apercebi-me que ela nao estava tão longe, aprendi que tenho de dançar sem beber de tudo e encher-me antes que o vazio tome o seu lugar de obeso mórbido.
cheguei
e já não me importo assim tanto. talvez ainda haja qualquer coisa que faça sentido, e talvez eu só precise parar de procurar...