sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Copo de água quente

A dificuldade acresce com o medo,
decresce na confiança,
alcança-se numa dificuldade, que nasce, maior.
O eterno descontentamento faz parte de quem se parte ao meio na desesperança de nunca se alcançar um momento de realização... mas a desesperança é, também, ilusão... afinal, só seria desesperança se não houvesse um simples e pequenino impulso de fazer qualquer coisa mais, aquele fazer diferente para que diferentes nos possamos sentir.
O caminho verdadeiro não tem kms marcados, não tem sequer mapa porque na verdade o caminho só existe depois de calcados os pés...
nunca lhe imaginei a facilidade depois do arranque mesmo acreditando que o começo seria o mais difícil... mas depois de tantos inícios não há como dar primeiros passos de olhos fechados e depois a dificuldade de dar mais um passo sem saber à priori se terá sido ou não em falso.
Vida.
A certeza da insuficiência é um trunfo e um triunfo é continuar, mesmo assim. Não há quem possa dizer que depois, vai ser melhor... ou há quem diga mas isso de nada me adianta... simplesmente há tanto que não basta apenas comer com os olhos... provar o cremoso iogurte amargo faz parte e beber a pura água fresca quando a sede nos cega e, afinal, está quente, também.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

future

pastel de nata
bife de vaca
chili
check

and I love it
and I'm proud

come away with me

next exit: FUTURE

segunda-feira, 18 de junho de 2012

a caminho da liberdade

As palavras têm anos e anos, bocas e bocas, sentires e pesares, quilos, de ferro e de penas... as palavras ao longo da vida, querem dizer tantas coisas e mudam tantas vezes de significado.
Não tenho dito, mas tenho feito na minha cabeça o desenho da palavra. Em grande, como em grande é o tamanho do sonho e do desejo de a ter. A liberdade.
Livre para errar, para crescer. Livre para escolher. Tenho uma vontade esfuziante para trocar trocar estas dores por outras... vontade de me irritar por coisas que nunca me fizeram sentir absolutamente nada porque simplesmente este muro não deixava que passassem... quero ficar furiosa por faltar o gás a meio do banho, por apetecer aquela papaia que eu tinha comprado e alguém comeu sem me dizer, por ter de ficar a trabalhar noite dentro quando já tinha uma festa combinada. Tenho tantas saudades destas coisas que nunca tive. Sim, passaram anos dos que dizem serem os melhores da vida... mas a minha vida ainda não passou, ainda não aconteceu...e vai a tempo, muito a tempo!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Custa o regresso,
e diz-se, como antes, que é a última vez... mas desta vez não se promete nada a ninguém. Se conseguir, a maior alegria será minha, se voltar a cair será meu de novo, todo aquele pesar...
custa saber de quem se fala, daquela pessoa que pedia educadamente a minha mão em casamento e quem pedia ordinariamente para se fazer amor em plena sala de fumo. Perguntam e tu acenas com um sorriso leve e um sentir apertado se te lembras daquela que cá chegou amarrada à cama e a berrar que a deixassem em pás com intervalos de querer alguém por perto dizendo todas as palavras que não fica bem dizer em público... mas aqui tudo é permitido... cada um pode ser o que quiser, viver no ano em que quiser, ter a família que se quer... e querer-se ou não acreditar nisso.
Na sala ao fundo do corredor continua a fazer-se um livro de histórias que nunca ninguém escreveu e que, por certo, dariam uma série tão fenomenal que provocaria uns "oh! isso não é assim que acontece" "que exagero!". Talvez eu também o pensasse antes de ter feito parte da minha vida uns meses numa ala psiquiátrica. Hoje já não me surpreende sequer a miúda que logo à partida me diz que não vai acreditar em nada do que lhe vou dizer e que acredita que isto tudo é uma grande encenação para a prenderem aqui. Diz que todas as pessoas estão a gozar com o seu estado e que ninguém está verdadeiramente doente... Talvez eu me aproxime dela pelo menos numa coisa...aqui encontras pessoas que, embora doentes, são verdadeiras... verdadeiras para si próprias antes de qualquer outra coisa... lá fora há um código indecifrável para os de grande espírito. Aqui estão protegidos... medo, medo, medo só dos que lá estão fora à tua espera...

quarta-feira, 25 de abril de 2012

pistas

Gostava de saber onde ficou a força e a Graça,
o meu agradecimento em forma de me esforçar mais um pouco, de fazer mais um pouco, de ser mais mesmo quando dizem que já não existo, que me falta o que é preciso para, simplesmente, se ser...
Grito por aquela garra,
corroo o que já não sobra,
oiço as entranhas gritar e estranho o que resmunga sem se fazer ouvir a mais ninguém.
A desmesurada vontade de dizer-te adeus, minha graça, meu dom
e a vontade de voltar à posição primária onde tudo o que temos é tudo o que somos
porque o resto é só dúvidas no mapa do teu caminho a seguir

sábado, 21 de abril de 2012

Dia

A verdade é que me fez sentir que acabou.
Um adeus despachado e depois apressado por mim.
Desfiz toda a viagem sobre a Terra para aterrar depois, bem abaixo do chão.
Subi, arrastada nas palavras e nos passos e na vontade de fugir e de ficar...
Afinal já não vou fazer tudo aquilo que quis fazer quando me disse adeus e eu respondi com um adeus ainda mais eterno. Afinal volto, sento-me e falo.
E afinal não fui capaz de tanto, mas fiz mais que pouco...
Não prometo nem me comprometo com mais nada. (só em silêncio)
E adormeço...
E acordo no dia a seguir não como sempre, mas como agora.

quarta-feira, 21 de março de 2012

respirar

Hoje é dia de despir a pele de elefante,
é dia de deixar chegar
o abraço,
as palavras em todas as frequências
os decibéis todos
Há dias assim, como num tribunal, em que se promete a verdade e não mais (nem menos) que a verdade.
Doem-me os músculos da real constrição de estar para chegar uma notícia bombástica, de estar para começar A prova, de estar n'A Hora.
Que ela não lhe tenha falado n'aquilo, que o número seja jeitoso e a saída com mais calma, a deixar respirar mais fundo.

terça-feira, 13 de março de 2012

até sempre

Um pé, depois o outro. o braço inverso, depois o outro. Assim. Equilíbrio. Vá. Isso. Estou a andar.
Trabalho. Ensaios. Aulas. Curso de Inglês.
Letra. palavras. frases. texto.
Assim.
Estou a ler.
Não para, não para, não para.
Ritmo. Noite, dia outra vez.
Tudo ao mesmo tempo.
A minha vida.
Não há mais paragens. É preciso resistir, persistir, ser capaz, mais que capaz.
Ninguém disse que ia ser fácil e o importante é não parar.
À noite vem um vento de um sítio qualquer... pergunto-lhe o caminho e devolve-me que o caminho é o que eu faço.
Há uma fortaleza à volta, sem janelas para não distrair, nada mais importa.
Graças a Deus nunca soube nem percebi bem o que significa desistir. É só uma palavra que sai da boca quando não se grita e se irrompe em desespero.
Mas desistir, tirar o "istir" ao existir, ao persistir, ao insistir... é o quê? ficar em casa sem agir? ser um peso para alguém, ser um mono a sustentar? Deus não me perdoaria... nem desistir de outra maneira.
Há uma tatuagem da minha pele, no avesso que não se vê que nunca me deixaria PARAR. Não seria eu, antes outra qualquer.
É uma coragem sem papas na língua, completamente descarada! Não se faz verdade quando o assim-não-vais-ser-capaz entra nos tímpanos. E ainda bem.
Consegue-se, um dia, outro e outro...até ao fim.

quarta-feira, 7 de março de 2012

medo

O corpo chega a doer da carga que a cabeça lhe mete em cima.
As mão eternamente geladas começam a suar, os olhos a arder, os pulmões pedem: AR!
E a verdade é que não há muito a dizer... as coisas estão tortas, desarrumadas. o caos é caos por dentro e do avesso... por mais que se tente arrumar, tem sido assim.
As lágrimas não caem quando se chora e a poeira acumula-se, como se o mundo fosse outro mundo, de outro qualquer.
A tempestade de dento agita-se mais um pouco quando parece não poder ir mais.
Não há controlo, não há sinfonia...
O avesso mete medo de tão disfónico, e não adianta tapar os ouvidos porque o ruído não vem de fora... e quanto mais silêncio, maior o volume... ensurdecedor.
Uma mão.
Não há, nem há lugar seguro para onde ir... Não deixam nenhum espaço ser meu porque o invadem com mil palavras que não posso refutar... porque são...verdade.
Ajuda-me em vez de dizeres que estou estúpida outra vez... acalma-me em vez de dizeres que eu estou a perder tudo outra vez.
Não vejo nada nem quando o sol se agiganta ao dia,
os pés não assentam,
medo
medo outra vez

segunda-feira, 5 de março de 2012

Custa acreditar que o caminho leva algum lado.
caminhar para não parar.
Caminhar só, por não haver outra escolha, que parar é muito pior...
paro.
recomeço.
ao caminho outra vez.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Estremecer

de calor, de frio, de medo, de cansaço.
Da insistência inevitável porque viver é um papel que resume outros tantos: ser filha, ser trabalhadora, ser amiga...
A vida enrola-se em si mesma como as ondas... as ondas são o mar a espreitar o seu avesso, de forma tão subtil, entre barulhos gigantescos, que distraem...
O avesso da minha pele tem pó e cordas e gesso e cimento e remendos, tantos.
Não se vê. Não existe.
Não me vejo. Perdi-me.
Para sempre. ?.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

tempo

Uma espécie de espasmos no corpo e aqui... um expulsar involuntário, assistido com um sentimento qualquer entre o medo e os "ses", entre a imaginação e a realidade visível...
A dor acompanhada de um desejo do que possa ser... a dor.
As palavras baralham-se e as frases reaparecem de forma estranha a fazer jus a uma paciência que quase se torna no seu oposto. A impaciência e a desesperança a brincarem no parque infantil das possibilidades. É hoje? chega. que chegue.
o dia.
A HORA.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

aguenta

Parece que sem se querer se espera que o dia volte a chegar... tenta-se ocupar o tempo, para que ele demore e as críticas não sejam tão agressivas... na realidade esse é o medo... as expressões, os comentários, os sermões que ninguém se coíbe de dar. Não querer que o dia chegue em vez de se querer que a vida chegue... e a vida vai passando. Uma obrigação ali, outra ali, as rasteiras para que a demora se faça útil.
Aguentar o máximo de tempo possível, mostrar o progresso as "coisas-maravilhosas-que-fazes-acontecer". "És uma lutadora!" Pois...
Aguenta

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

procastinar

segundos e depressa a vida inteira.
Custa o balançar...
mete medo.
Depressa a vontade de por a mão à frente até que pare.
mas o medo que o balanço acabe em saída logo te põe a imaginar no que virá a seguir.
pode demorar, pode ser já, podes até precipitar-te e sair antes do tempo.
Falou de tomar a decisão... decidir o que se quer, sobretudo o que não se quer. Dizer sim e dizer Não... fazer das escolhas a personalidade a vir à tona... e que é isso senão a vida...
embrenhada entre a indiferença no que respeita a si própria,
embriagada e indiferente a deixarem que decidam...
no que respeita à Sua vida.
Características: "é extremamente decidida, lutadora, com espírito de liderança, trabalhadora, dedicada, empenhada..."
Sem saber o que fazer, não com as palavras mas com o seu significado.
Quem dera que a vida lhe tocasse nos poros todos...
mas o estremecer faz sentir que nem ali vive, órgãos, tecidos, células... todos a lutar, cada um por si, em sentidos mais que diferentes...
VEM CÁ!
onde? onde? onde?
ponham-na ali... sim, ali...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

passos

Cai o pano e a vida regressa...
e ela tenta convencer-se que a vida era aquela...
forte, sem muita ansiedade a dominar-lhe o corpo.
E tem vergonha, tanta vergonha de dizer quem é ela... porque é ela a criatura que de olhar dramaturgico se vê a si, de fora...
Aquele olhar exterior, isolado, profundamente rodeado e inteiramente só.
Falta-lhe a conversa que chega até à outra cadeira e de a receber de volta, falta-lhe o cair da máscara presenciado, a verdade a cores...
Falta-lhe arrumar tudo, o passado que trás consigo feito de tanto que lhe tolda o "projectar", "agendar"... só depois futuro será melhor e o presente recebido como presente de já não ter passado à história.
Não está descansada e cansa-se de ainda não ter decidido... ainda não... porque entregou a decisão dita à espera que a vontade e a verdade lhe seguissem o caminho... Daqui até ali o caminho é solitário e será tão longo quanto a incapacidade de o tornar luminoso e transparente...vivido.
daqui até ali são quantos passos tu quiseres...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

atrás do pano

Por ti, deixei trabalhos, livros, sonhos, prazeres... na totalidade, ou pior, a meio...
Demorou até te entregar tanta coisa, foi preciso deixar de ter força para tu me deitares ao chão... quase inanimada, foi alívio - nunca consciente - que fizeste suspirar outros, pelo meu afastamento... o medo que eu tinha, era menor que o medo que tu em mim, causaste a outros...
Hoje a luta é deixares de te meter na minha vida, lutar para tu deixares de te meter na minha vida. E parece, que estou em modo Fénix renascida - hoje é a ante-estreia! Não falhei um ensaio, nem sequer metade de um... Tenho um orgulho que mais ninguém entende... tenho o princípio, o meu e - hoje, o final para contar! Um final prolongado por todo o mês de Fevereiro, no teatro... Por mil coisas outras, o Teatro tem-me salvo a vida... e eu que não conseguia ver isto! Sabes... nem me interessa tanto se é uma grande ou mediana peça - ou interessa, mas não é da mesma maneira... interessa-me mais saber que vou estar ali... e agora estou a profetizar... até dizer FIM deste projecto...e pelo meio começa outro... e que seja sempre um enlaçar que me puxe sempre para ter por que lutar. E quando não for por mim, que seja pelos que levo no projecto...
Chega de te deixar parar a minha vida. Hoje posso dizer que venci, e no fim do dia de hoje, que eu sinta que um bocadinho que as palmas são merecidas, verdadeiramente, por tudo...!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

tão perto... de ficares tão longe

Passou já algum tempo,
e atrevo-me a dizer que esse tempo passou por mim também...
Em aprendizagem, como sempre, mas de uma maneira diferente,
dei-me total liberdade para me libertar... só depois percebi que essa minha liberdade que me dera, não era, de todo, suficiente.
Graças a Deus, uma senhora - a quem hei-de agradecer para todo o sempre - Disse-me tudo aquilo que já ninguém tem vontade de me dizer...porque não acreditam, pelo cansaço, pelo desinteresse,
por verem que por fora funciona tudo, ou quase tudo, "mesmo assim".
Entendi e virei-me para dentro, com os pensamentos mais egoístas de sempre,com "aquela senhora" a dizer que eram os melhores pensamentos de sempre... Afinal, quem é que vai usufruir da tua liberdade - dessa vida, distante, ainda...
Já nos levamos uma à outra, quando o cansaço e a incapacidade de raciocinar não se tornam um muro de betão entre nós.
Sei o quanto tenho nas mãos e sei o que acontece se deixar que os dedos se entreabram...
Preciso de umas coisas, não chateio mais ninguém com outras,
Sei só que a vida continua e que não quero oferecer-"lhe" mais de mim, quando já me roubou tanto...
Tão rígida numas coisas, tanta força e tanto empenho noutras e, depois, tanta evasão de espírito e tamanha inabilidade para a saber domar... em percentagem, ganhas hoje, mas não ganharás por muito mais tempo...
porque podes estar tão perto mas numa linha ténue... de te afastar para sempre e de te afogar a quilómetros de distância.