sábado, 26 de julho de 2008

Copo de Alma

Depois a apatia,
a inexistência na berlinda,
O apagão que faz barulho entre o silêncio de tudo aquilo que não sou capaz de dizer.
Sei,
não quero saber, não quero ouvir, não quero conhecer, não quero obedecer...pára!
Não pára nem eu me demito da posição mascarada, da fortaleza de lhe fazer frente. Ao mesmo tempo o maior desejo e a maior fuga, a dor e o prazer, a felicidade, a plenitude e o fim.
Demasiadamente maiores que eu...não da fragilidade do corpo, mas da debilidade do resto, o lado incomensurável e ilimitado, não mais pelo tamanho que pela invisibilidade.
Sou sem,
Sou vazia,
depois inteira,
depois desequilibrada entre a presença e a lua,
um pé, o dedo e a pele de fora,a carregar no chinelo o peso do mundo,
em cima dos ombros,
em cima do tronco, das pernas e deles...
A pele congela entre o calor dos corpos transbordantes de tudo...
Invejo, quero, imagino, construo o filme...cada frame.
Afirmo, grito-me...
injusto injusto injusto...
Uma espécie de brinde com o copo vazio.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

À Austeridade.

A austeridade.
Penitencio-me, de joelhos, frente à revisão acelerada, só para caber tudo.
Olhos baixos, cabeça curvada. Eu sei, eu sei, eu sei. Não sei como.
Desta vez não questiono, nem detecto microscopicamente o erro, não me sirvo dele para o impulso...Nem o esqueço nem o nomeio, pelo receio escorregadio que se sinta homenageado por mim. Guardo só a força que o anterior assalto não resgatou. Metamorfoseio-a e metamorfoseio-me, ergo a pele mais separada do corpo, visito o jardim dos afectos que tem a mania de se esconder por baixo dela, não pego sequer na chave...ver de fora chega-me, senti-lo inteiro, de cores e de cheiros.
Hoje, nova aurora solarenga sem a janela sequer aberta. Sol ou chuva, ou vento, ou frio...Interessa-me mais o jardim, aqueço-me nele. Em ti, em ti e em ti, um beijinho, um pedido maior de orvalho com aroma a ti e a ti e a ti. Fecho os olhos e o o ar expira-se pelos poros desentupidos de dor...O vácuo tem a mania de fazer-se de solidão, perversamente...A excelência do intacto...também a perfeição inumana de querer o amanhã igual, não, Igual ao ontem.
Quem dera o vento se atrevesse a passar sem se arrepender ao primeiro choque da diversidade entre o que se pensa e se sente.
Austera a mudança imunda da semelhança de nome sempre igual.
Suplico a última vez, cumpro a promessa e chego a fazer batota, a ver se cola, a ver se pode ser...
Inútil. Indiferente à mudança, indiferente às dores do corpo, pelo esforço... Querer mais, infinitamente mais...nem mais do meio, nada a mais que a metade me chega enquanto o cume não sentir a fina bandeira fazer-lhe parte do corpo. A exigência de só isso chegar, a existência ajoelhada e a clemência da humildade espraiada.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

E ainda não me conheces.
Incrivel.
Preferi durante muito tempo demorar-me na crença fácil, de contestar mas aceitar por dentro, uma espécie de birra de miúda que se ampara nas tiradas sabichonas dos crescidos.
Dizia que não e corria para longe a proteger o que acabavas de dizer.
Sabias-me melhor e eu confiava nessa tua visão Raio X porque era quente a segurança de acreditar que admiravas o bom que eu duvidava e acalmarias a dor invisível.
Não deste por ela, nunca. A seguir à crença veio a dúvida, mas era tarde.
A nódoa negra cresceu, contagiou o embrulho na tentativa desesperada e de tomada de inconsciência de se mostrar.
Angustiantemente.
Pediste-me as mentiras em espiral, as cor de rosa, as engraçadas
Eu mentia alegremente, anestesiada do resto nesse instante, estava a fazer o melhor para ti mesmo que me estivesse a culpar do egocentrismo que implicava essa criação do argumento, realização e interpretação, três em um,três em mim...
Era essa verdade a única que estavas disposta a receber, mostravas-me o desespero e culpavas-me por ele cada vez que o deixava de fora do figurino a minha roupa.
Continuavas a dizer que sabias a verdade, que me sabias muito melhor que aquilo que eu pensava... E de confortante isso passou a revoltar-me... Preferi acreditar que te enganavas...
Pela ignorância não te podia culpar
Melhor acreditar na frase que em miuda não tinha eco cá dentro
Ainda não me conheces.

domingo, 13 de julho de 2008

Voar

Sonhei-me numa asa.

Senti-me no vento sem me ver...liberdade

Das portas todas abertas, até essa...E dói, e confunde, baralha...Organizadamente, sem pressa.

A asa passa-me frente a cada entrada, sem nome e sem morada, sem moradores, só transeuntes albergados do sol...
Voo-me na asa aconchegada pelas bárbulas invisiveis, feitas penas...Precipito-me para a curiosidade de saber melhor o mundo a que a asa me roubou...não roubou, mas eu julguei que sim, só porque é mais fácil dar que guardá-la inteira.
Há quanto tempo meu Deus, quantos intermináveis momentos se contagiaram uns aos outros para me ausentarem... E a dificuldade de explicar a facilidade masoquista do isolamento inteiro do corpo e do seu "dentro", muito maior, transbordante, e questionador da média permeabilidade da pele.
Tudo em questão. Querer, precisar de um caminho ou dos pés neles...Ainda não sei. Já soube e felizmente soube-me também enganada...Obrigada. a Certeza,
Tua.
Eu sou para Ti.
Ergo a cabeça e rodopio em cima da asa que voa a rondar o mundo inteiro...Sei melhor dos passos embora ainda custe muito pisar as pegadas. Fixo nelas o olhar, deixo de precisar do resto que não quero, que odeio, mas que amei alguma vez por julgar do pior o possível para mim. Saber-me amada. A liberdade.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

inDiferença

Desta vez bato na boca e não me deixo dizer...Só que a voz de cabeça, irritante, diz-se e ri-se de me poder impedir de a calar.
Eu não queria dizer que era a última vez, porque nas outras vezes todas em que o disse, não foi.
Eu não queria dizer mas ouvi que era a úlltima vez. E mais uma vez, não foi.
Destruo o pensamento e faço-o à mão...desageitadamente genuino, arteanal. Dizem que à mão dura mais, é mais caro e tudo...Pagam-se as mãos para além do artefacto. Engraçado.
A feitura desenvolve-se ao mesmo tempo que o caminho se pisa. Nunca do príncipio gasto...parte-se antes de outro sítio qualquer, sempre mais à frente, enganadoramente adiante. Esqueço a hipótese, a dúvida e reafirmo o "adiante". Somo-lhe a cabeça erguida. Melhor assim.
Ocupo o tempo da contagem de partida com um primeiro passo mais impulsionado. Ar, ar, ar. Chão outra vez.
A cabeça é agora assustadoramente pesada. O corpo inverte-se. Só cabeça.
Amordaça-me, magoua-me, bate-me. Peço e repeço e repito outra vez. Não confies, por favor.
Encontro o corpo meio perdido e a cabeça longe.
O som teve mais significado e a superstição deu por si mais próxima do ponto em que se enunciava.
Odeio-te com toda a força que o corpo me pede. Gasto a energia na armadilha que a força maior me nega, a rir-se.
Ausento-me à raiva de sempre.
Qualquer coisa diferente.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Olhar

1ª vez: finjoque não te ouvi.
2ª: desperta-se o medo, há uma possibilidade.
3ª: o lado hipotético assume-se fortemente, agiganta-se ao meu lado.
Pés no chão, nada a temer...as ideias têm a felicidade e o desespero de não se verem...
Demonstram-se, já foi assim...Tanto.
Revejo cada ponto do perigo, habito os segundos. Nada a temer, estou ainda no mundo.
Chamo a terra aos pés, aperto bem cada um dos atacadores.
All star durante a noite sempre deram jeito...Gosto pela primeira vez do tempo que demora a retirar cada pedaço do atacador pelas ilhoses. Elegantemente.
Não há pressa, há ainda uma distância de segurança.
Sento-me na terra e ela ampara-me. Na Terra, agarro-me aos pés, enterro nos seus dedos os dedos das minhas mão e impulsiono-me para a frente. De cócoras estendo as duas pernas em simultâneo. Estendo os gémeos ao limite, arqueio a culuna naquela posição. Sorrio no recordar: "Miuda!Como é que fazes isso?", O instante acaba logo e a coluna segue quase sem mim. Para cima, como se quer, a funciona graviticamente ao contrário...Sempre tive alguma dificuldade com as leis da Natureza. Sem dúvidarporque ela é de Deus para nós...
Peço repetidamente perdão...Adormeço lavada e salgada, acordo num sonho, desperta, novamente ao contrário do direito...daquele conquistado...A dor fez-se matéria e aliviou-se em mim...Ausentou-me à terra e tenho, de repente, os pés endeusadamente limpos. Corro atrás da terra, grito...Ninguém, ninguém...tanto e branco, tanto e ...dor...
Acordo e respiro.
Acordo e fujo antes de abrir os olhos...
O cume da ansiedade atinge-se rápidamente, devolve-me o sono porque desgasta...Medo, medo, medo, medo, medo, medo...
Qualquer coisa ou alguém