domingo, 25 de agosto de 2013

rocha

Depois o nó prendeu e o canal secou.
Assim, sem que um antes tivesse forçado nada, absolutamente nada.
E as gaivotas voaram a escrever liberdade no rasto que deixaram.
Estremeci da ponta dos pés à ponta da alma, e proibi o que já estava a acontecer. Não fui, só tive.

E não passou, talvez por não ser meu... e eu nunca expulsei ninguém de minha casa. Sempre preferi ser eu a dizer adeus... mesmo naquelas alturas em que a paixão tornava absurdo o simples fechar de olhos no acto de pestanejar.

Há dias em que não sei tirar-te do caminho. Há dias que parecem anos por me fazeres sentir na pele a agulha ao passar cada segundo. Há horas que corroem os ossos e os fazem mirrar. Há uma pequenez tão grande quando a dor se agiganta e berra... não há sequer eco porque desapareço no meio e não há onde o som embater para voltar para trás.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

o ninho

Recolher a âncora e seguir caminho. Não interessa muito bem onde porque a rota certa tem a mania de não se cumprir. e eu nunca me dei bem com o GPS.
Há dias em que as pessoas novas se multiplicam e esse sabor enrola-se na língua enquanto nos apresentamos... tenho a sensação de me apresentar a mim mesma quando falo com alguém pela primeira vez. e é bom. sabe a melancia fresca. o desencanto dá lugar à possibilidade sonhada há tanto tempo de começar, finalmente, a viver.

Dei por mim a limpar a ferrugem. a tratar de cada pormenor e a por-me logo ao caminho para não dar tempo à inércia de chegar cá a casa e tocar-me à campainha. Os momentos de nó-no-peito têm a mania de me fazer abraçar a almofada mais cedo e  eu fecho-os na arrecadação que não existe neste meu (sim, meu!) ninho. Ainda não aprendi a calma de esperar pelo autocarro e o passo acelerado trai-me quando quero um bom lugar no maior desafio de sempre. Já não há lugar para as desculpas de sempre para os saberes mais antigos, mas também já não há pressa de fora para resolver os medos de dentro. Os medos vão permanecer e mesmo assim é preciso arriscar corridas de resistência. Agora não há volta atrás. A minha casa. As minhas contas. O meu trabalho. A minha saúde. A minha vida. Não empresto responsabilidade a ninguém nem deixo que acabem as frases que decorei na minha alma. Há muito que fazer e muito pouco que dizer. As palavras, sim, as palavras, tantas vezes me atrasaram as acções. 

Dei por mim a boicotar o meu caminho.

Espreitei-me de fora e cuspi para o lado. Deixei-me-te morrer ali, de pés a tremer e corpo cor de arco íris desmaiado. Não te deixei sequer deitar para acordares horas depois a perguntares o que tinhas feito, o que tinha acontecido. Chega de borrachas ao meio dia. engole antes o teu medo, vira-o do avesso e põe-no ao lume.

Aprendi a apaixonar-me pela pedagoga que conheci aqui dentro.

Hoje foi dia de rebobinar a cassete a meio do filme.

A luz entrou pela janela.

Vais escrever 20 vezes cada palavra errada. decora-as para nunca mais repetires.

Varrer. lavar o chão.

ao lume.

bom dia. veste-te. é dia de trabalho.