quinta-feira, 21 de outubro de 2010

entre nós

Gostava de saber se é verdade,
Se pode ser assim, de vez em quando...
Se é ele que te faz discutir coisas tão claras na tua cabeça só porque gostavas que ele não pensasse dessa forma.
Será que é possível consciências e clarividencias do mundo, tão diferentes, amarem-se...
Gostava de saber se é mais amor ou gratidão...
gostava de saber s aquilo que eu acho que falta existe mesmo, ou se é só isto...
Precisava descobrir se quando te trato mal ou simplesmente não dou sinal de vida, é para que venhas à minha procura ou se estou certa no que acho: não quero estar contigo.
Gostava de saber fazer este balanço... mas tenho só mantido à tona a forma como recomeçámos.
Porque é que os estereótipos fazem de ti "ela" e de mim "ele"
Custa pensar que não é isto que quero e continuar a ocupar o meu e o teu espaço e tempo...quando sinto plenamente que falta "aquela coisa" que nem sei que existe..
Porque é que à distância me parece tudo tão ideal e quando estamos juntos tudo se desvanece num instante...
Gostava de às vezes não ter tanta pressa para saber que "é isto"... mas tenho e não a domino...
Não faz sentido seres a única causa de abandonar-nos... de ser tão fácil imaginar-me sem ti e sem doer por isso.
Já nem quero que entendas as minhas dores, nem me interessa que saibas quando vem tudo a deitar-me ao chão... porque tu não me vais agarrar... não sabes, não percebes nem podes...
Gostava que fosses tu, mas cada vez mais o que tenho não me chega...
E sonho com aquela vontade que tu tens de me ter... porque só em sonhos me parece possível...e às vezes nem és tu que lá estás...
Precisava que não aguentasses tanto o meu desinteresse e as minhas negas...
Facilitavas-me a vida se eu não te chegasse... mas quanto mais tempo passa mais tu avanças mesmo que eu recue... vês em tudo isto uma probabilidade de 100% quando para mim dizer-te adeus às vezes parece só uma questão de tempo...
Custa ser tudo agora, tudo ao mesmo tempo... tanta coisa para decifrar, para aprender... e tu baralhas-me. Será de ti? serei eu...
Amanhã vai ser um dia difícil, e não quero ninguém... nem a ti... E tu ainda percebes e aceitas que tanta da minha vida seja só minha...
O que é que eu quero?
Qualquer coisa que não seja isto...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

presença

A luta é dura, ao minuto...
cruel.
Vira-te e revira-te a cabeça num instante,
e há dias em que nem o desespero te vale... há dias que custam tanto vivias só do outro lado...
Tenho-me surpreendido, pelos diasque se transformam em semanas em que, sim!, foste capaz...
Quero saborear esta vitória que por agora só custa, só te dá mais tempo ao dia, e no fundo...sentes que é a tua obrigação, nem mais nem menos. e sentes, sente-se vergonha por sentires que cada bocadinho é difícil.
Há tantos passos que se fazem de ti sem mais ninguém à volta. A mãos, os braços e os abraços desaparecem ou estão todos ocupados...
Ela não manda mais que tu, mas ainda tens muito medo...e quando te proteges sentes-te ridícula...e eu precisava de me proteger... é que ainda tenho muito medo...
A vergonha de pedir ajuda disfarça-se pela proactividade e dás dois degraus de "ela está melhor" de uma só vez...
Queria umas coisas mais rápidas,
outras mais de vagar...
e de repente é tudo ao contrário... não, não vem nos livros.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

um dia mais um dia

O que mais interessa é a forma como te levantas, o nanosegundo que tem de demorar desde a queda ao estou-de-volta.
Não adianta quereres um frente-a-frente porque vais sempre perder... perder tempo, perder-te naquela teia enlouquecedora que te grita...e enquanto acalmas a cabeça ela sussura... e a calma nunca mais chega... e dás por ti à espera por ela, a calma, na praia e sentes a outra ao lado, logo, assim que te sentas e aconchegas os dedos dos pés na areia, que ela está contigo, ao lado, à espera da calma que, pensavas, viria de ela não estar lá...
Levantei-me a tempo. Vai ser sempre a tempo se for logo logo...mas mesmo logo, não um logo depois...
Custou e doeu e passou-te o filme todo à frente outra vez, feito de uma palavra gigantesca colada por hifens cheios de todos os medos.
medos que existem em ti, que fazem parte de ti, uns que podem diminuir outros que até te dão jeito... E de repente um dia desigual acontece-te e o medo nem te deixa saboreá-lo... Agarras-te e arrastas-te para os dias seguidos em que aconteceu não ter acontecido... e queres mais... mesmo com medo... e só queres que o medo dê cabo do pânico... e o dia a seguir aconteça de dia...
A minha viagem deu-me a melhor sensação do mundo: houve um dia em que respirei fundo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ainda aqui está

Não entendo porque esta força me puxa ainda tanto
Às vezes, tantas, tenho medo de não aguentar, de ceder, de estragar tudo...
Vêm-me as lágrimas aos olhos só de pensar, só de me imaginar ali, curvada, completamente submissa...
Tenho medo dos dias em que não tenho planos, mas nem sempre os planos me chegam...e eu sei que sempre arranjei maneira de fugir... Eu não preciso dos planos para fazer o que não quero fazer, mas dão-me alguma segurança, ainda que isso implique deixar algumas regras de lado.
Vim para casa cheia delas, mas rapidamente elaborei um plano de prioridades... não foi difícil... no topo estão aquelas que mais fazem doer. Fugir delas... Mas há sempre um lado mau... e na ultima consulta foi um misto de alívio com frustração com "eu continuo a não perceber nada disto"...
Fomos por pontos... e ela começou pelos maus porque me obrigou a ver os números... desci outra vez e desci daquela "trituradora de palavras da alma" sem saber o que dizer... Até aqui nada de novo, aliás... foi o de sempre porque eu não acertei...nunca acertei... e eu era capaz de jurar, como tantas vezes fui capaz e jurei mesmo que "desta vez, desta vez é que era..." e não foi...
Vim para casa com mais recomendações e uma confusão na cabeça...
Antes disso falámos nos pontos positivos..o meu objectivo estava e está a ser cumprido...mas o corpo reclama...precisa de mais pernas, de mais braços, de mais e de mais... e fui sincera... ainda há uma força grande que me puxa...que se atreve a iludir-me momentaneamente...
Está a ser difícil... a custar imenso...
E eu continuo com medo
E continuo a chorar de noite
E continuo presa, amarrada a esta vontade vertiginosa...
e continuo a lutar... e preciso de mãos... eu não aguento falhar outra vez.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

contradições

Ainda desconfio muito do "ser capaz"
Ainda não há calma de saber que não vai acontecer nada a seguir...
Mas a verdade é que quando passam horas e outras horas se seguem sem me subjugar ao que me determinei a enfrentar quero sentir orgulho, quero sentir que essa calma que vai existindo pode ser sentida plenamente, porque cada desafio é um desafio diferente.
Há uma espécie de querer sair da concha e ver como é lá fora o mundo depois de ter mudado (tanto) cá dentro... Mas também há medo.
Por enquanto ainda nem sequer tenho autorização de ir espreitar, mesmo que a vontade seja muita... o por de baixo da pele ainda se queixa de tantos maus tratos.
Estou em casa e é em casa que devo ficar até os números se distanciarem do limbo... não vá a sorte que me embalou tantos anos trair-me nestes passos. É precisa uma paciência que me custa e me isola, e me envergonha um pouco, confesso...
Hoje podia estar só feliz pela vitórias que julguei impossíveis...mas quando atingimos o degrau a que queriamos chegar, ele deixa de ter qualquer significado e passa só a haver descontentamento de não estar já no próximo.
E a confusão continua, persiste, insiste... é um querer sem querer inteiro... e amanhã é dia de falar do que fui capaz... e nada disso, confesso, me importa face ao "vamos?".
Nessa altura levantamo-nos as duas e só o número me interessa. O pesadelo já começou e eu nem comecei a dormir...é o medo, é o medo...

domingo, 3 de outubro de 2010

Não quero saber dos "ses"... não é disso que se faz a História.
Foi, fui quando tinha de ser...
E voltei
cheguei
Claro que há medo de cair... mas ainda bem que o medo existe e que me alerta: "eieii! ainda está ali, aqui..."
E eu sinto, persinto aquele sussurar atrevido com a mania que é gente...
Mas agora tenho a certeza que já fui capaz, durante dias e dias seguidos.E quero outro e outro e outro.
Estou mais exigente, mais rabugenta, mais inflexível.
É por aqui que eu quero ir, e hei-de ter ao meu lado apenas quem quiser fazer o caminho das pedras duras comigo...
Hoje foi mais um dia!
E amanhã logo se vê...

Amanhã faço 24 anos. Marca a metade...aos 12 fui para o outro lado...será este ano o regresso... Não sou a que era, mas tenho tanto para ser ainda!

sábado, 2 de outubro de 2010

passagem

O que é que aconteceu?
Cheguei com vontade de chegar, medo também...mas vontade
Tudo isto é novo apesar de ficar a um passo do antigamente
Não apago nada, nem desesperos nem lágrimas amargas de uma "vida" que não tinha solução...
Não adormeço facilmente, nem o sono me chega como chegava quando não havia nada de novo para pensar, mas só ode sempre, para remoer.
Hoje abro o peito para respirar fundo sem medo de soluçar nas entrelinhas.
É que eu pensava que era impossível,
E mesmo que eu não dê mais nenhum passo em frente, valeu tudo, TUDO a pena...
Há lágrimas aqui atrás dos olhos, não posso mentir...
Mas há orgulho no chegar aqui
Cheguei
Presente
Fui capaz, é Possível e mora aqui,mesmo mesmo à beirinha...
Obrigada mães neste mês,
Dras, pelas palavras fortes, cruas, frontais
Vim para casa com o diagnóstico feio, mas que não faz sentir nada
Ele é meu e eu ainda posso ser aquilo que eu quiser...
Apetece-me o amanhã... há um lado VIDA... e é só esse que eu quero ouvir

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

check-out

... já passou...

foi bem mais que o tempo previsto e ainda bem.
Ainda estou no quarto. As malas estão feitas, eu sentada na beirinha da cama que tanto me ouviu e aqueceu nos últimos vinte e tal dias...
Estou com uma espécie de medo de me ir embora, mas também com uma espécie de vontade... Tal como no início, eu já não estava a fazer nada lá fora... e agora sinto que é preciso...um espécie de agir... uma espécie porque vou ter de ficar deitada.. continuar a "boa-vida" lá em casa...
Confesso-me farta mas nem há outra hipótese, por isso não estou farta, só um pouco apreensiva... porque não sei bem de que vão ser ocupados os meus tempos... que tempo vai haver ou quanto vai durar o tempo... é que de lugar para lugar o tempo escorre de maneira diferente... e eu não me lembro de ter alguma vez reparado como era o seu andar em minha casa.
E é estranho este sentimento de hoje... fui proibida de sair de casa mas não proibida de fazer outra coisa qualquer... pensar, por exemplo... e ao mesmo tempo que surge aqui uma panóplia imensa de possibilidades de ocupar o tempo a trabalhar ou a projectar trabalhos, há uma sensação turva neste meu sentir... como um "ainda não...dorme mais uma noites e logo pensas nisso"... Será isto preguiça ou sensatez?