quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

pesadelo de amanhã

Foi diferente, como não era há muito.
Estranho também, mas possível... e só por isso obrigada à força vinda de não sei onde e ao despertar a meio do tempo de não fazer aquilo para fugir, de ficar onde o pecado acontece mas de saber fazer diferente.
A cabea obriga já a um amanhã igual a ontem. A estratégia desenha-se negra, por mim...eu recuso-a, mas uso-a. Odeio-a mas não sei como fugir. Está aqui, ali, ali, ali também.
Sinto-me pequena, uma formiga. Um elefante formiga, que ocupa espaço a mais, mas diante daquilo é um pouco a mais de um nada, e é esse nada que se consome, em diálise, porque sobrevive sempre aquela parte, necessária para aguentar com os resultados.
Depois a fadiga imensa, o desejar desenfreado que a partir de agora já sou só eu. A solidão é o sol comigo, mais nada, mais nada...
Até quando?
Quando é que eu imponho a data e desisto, quando é que a entrega é maior que o medo, a confiança mais cega que o pernoitar conjunto e desenhado em forma de coração negro...
Não imponho a pergunta porque mais ninguém me dará a resposta.
Quero um amanhã diferente daquele que já existe em forma de pesadelo na minha cabeça.
Quero, só...
mais nada, nada, nada...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

novo

recomeçar.
reencartar-me.
recomeçar de um ponto diferente. começar.
há novos desafios, novas pessoas, novas "vontades" necessárias às novas responsabilidades.
Quero conseguir. Quero ser optima, quero receber elogios, que se surpreendam...
Aprender a separar, ser reconhecida naquilo e ocultar ao máximo o resto...nao sei, não consigo resolver. tenho medo, um medo atroz que de tão peganhento se torne "para sempre..." mas o que fazer? Apenas acreditar que o lado aplaudido também é meu, que de nada serve a punição de não aceitar as palmas por haver outro lado...negro, envergonhado, frágil...

sim, é tudo meu...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

ser sem querer

Não sei se é bom
Não sei sequer o que é, se chegará a ser alguma coisa
Importa-me antes a sensação de acontecer...
De estar para acontecer. De pressupor um futuro quando a iminência do fim deita por terra sempre qualquer plano mais sério. E ainda que seja duvidosa em mim a persistência da força maior da novidade arrisco-me a dar-lhe o prato maior, o peso mais pesado... arrisco-me a devolver-lhe vontade, daquela. Daquela que se canaliza do primeiro momento ao último na vontade intensa em que o sono leve a melhor...em que a calmaria seja eterna. Não é uma vontade inabalável de viver a proposta, é antes uma curiosidade pela novidade... ou pela repetição num estado diferente...ou vontade... vontade de sentir
sentir antes de partir
Às vezes pergunto-me se o bilhete já estará pago, se o futuro - aquele, sim, esse mesmo! - não terá alternativa...porque o vejo todos os dias...só não percebo a data, nem a hora... pergunto-mo se será a minha mão, se alguém me dará a sua. Quando? o desespero invade quando me tento esvaziar de mim... ele em mim e eu perco-me...
quero
agora

eu sei... não posso
quem é que está a falar?sou eu que quero?é ela que quer? sou eu que não a quero? e se eu não puder ser sem ter?





não-ser... essa é a única certeza
nesse dia,
peço perdão e espero que entenda...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

procrastinação

Desarma-me sempre
Irrompe-se de dentro, vindo de lado nenhum.
Talvez nem seja meu, nem seja eu ou seja esta só a desculpa eternamente resgatada.
Existe dor e medo e frio
anestesio-me inteira,
vejo de cima a morte lenta feita de tudo a que se lhe dá direito.
o cheiro, a cor, o sabor.
A falta de tudo,
A modificação substantiva,
A rir-se...
lentamente
Raiva a cores.
Até nela a vida
a sobrevida
sentir

sentir
sem questionar, escolher, seleccionar exaustivamente
Procrastinar
A vida dividida em segmentos,
festa em tudo,
orgulho alheio,
vergonha minha,
por nada a mais que isto, só disto...
ri-te, envergonha-me...
Quem?
Procrastinaste sempre...
toma, é teu.

Aceno só.
Recuso e engulo em seco, imóvel...
talvez um dia... (?)




tenho medo de já não acreditar

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

sabor

Vi ontem o passado,
o outro mais antigo
aquele abismo fascinante em que vais cair e que ninguem te pode agarrar,
em que nenhuma mão serve,
porque não há força, ou porque toda ela está canalizada no olhar.
"vou chegar até ali, só até ali"
e não desmaias nem morres a meio porque o limite é sempre superior
e já devias saber disso
experimentas o sabor
com a desculpa de saber que já não te saiba a nada mas com a vontade de experimenta-lo de novo,
saudade mórbida de uma coisa sem outra
aguentaste
sabe bem o limite depois do medo aterrador de não aguentares
aguentas
aguentaste sempre e ontem não foi diferente
também não arriscas demasiado
ficas entre o escorregar e o cair

e ficas bem
ficas sempre


não te interessa absolutamente assunto nenhum, nada de nada, ninguém.
absorve-te totalmente.
nem sequer a vitória de não ter acontecido mas a proeza futil, desgraçada, amedrontada, assustada, cheia... de dor...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

momento

Foi.
Até agora.
Se será sempre não sei,
para sempre é demasiado tempo e as entrelinhas entre o instante e o seguinte têm a mania de nos trair...
Preciso que a atenção seja chamada à razão,
que a outra morra
que a outra desista, que eu desista
dela
Nunca desisti,
apenas cedi, um dia a seguir ao outro,
dor após dor
na esperança desalmada que o prazer existisse
ainda qe momentâneo, ilusório
só para sentir



tenho saudades do que nunca conheci

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

avesso

não digo a ninguém mas prometo.
Prometo.
termina daqui a 15 minutos.
Foi a última vez.
não quero mais e ainda que o contrário seja um misto de fascínio de fim e de pânico...
ainda que me arrependa e que volte ao mesmo ponto virada do avesso.
preciso de insistir antes de desistir, mais uma vez...
preciso de sentir
o que quer que seja
o que quer que seja
preciso de existir,
por mais errado que seja,
por mais inútil que esteja
por maior que seja a distância
do conforto gelado
vai ser a última vez

domingo, 7 de fevereiro de 2010

quilometros

Preciso.
Preciso de saber de que é que preciso mais, de lhe dizer "isto".
É absurdo este descontentamento quando a mudança nunca é efectiva, muito menos definitiva...
por aqui...não funciona
por ali...medo, medo, medo, medo
por outro lado qualquer,
mil e uma maneiras
sim..."continuar, continuar, continuar..."

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Desejo

Sinto a pressa no peito
A correria de ficar de pernas presas e de imaginar só... tudo o resto, nada a mais.
De quê?
Frio suado da inconstância, da disfonia ensurdecedora de almejar que nada mais seja igual a ontem.
Farta
Enfartada
Cheia.
Entupida e enjoada, enojada.
Investir demasiado em não ser para além de, não mostrar mais do que,
A energia brutal que se gasta em conter.
E a dor de não se saber, de não se poder ser, de não haver sequer espaço para,
A sublimação exagerada,
a defesa.
Antes,
Depois,
no fim.
Sem saber sequer o que dizer, porque não se quer mais nada...
No fundo desejar,
Desejar...