quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Da impossibilidade de se ser sem...

De repente.
Assim, sem mais e sem menos, sem pedir, sem reclamar, sem sentir qualquer réstia de compaixão pela tanta luta e tanto sufoco, sucessivamente animado de vontade.
Assim, de repente.
Mentirosa.
Tu nunca quiseste outra coisa.
Mas repeti-me, repeti-me a repetição instruída fora do corpo, para ele, nele, aquele a mais que tem de existir quando se quer ser só...um pouco menos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

nada para poder parar

Primeiro a tentativa desarmada de tirar o chão ao lado negro: nada para poder parar.
Antecipei qualquer hipótese e cansei-me propositadamente, estupidamente, decididamente. Desta vez não me pus à prova, sabia que parar era deixar a porta aberta, sabia que parar era deixar-me abrir a porta, deixar-me e cuspir-me...
olhar-me de fora...
Revistei cada falha anterior e coleccionei todos os erros num álbum: a cada um injectei-lhe a certeza automática, gritada e sem som, uma só palavra... aquela,
do querer,
do saber que se quer,
o caminho escolhido, pisado e repisado, almejante do fim... do princípio verdadeiro de tudo o que é só Teatro...
No desejo de querer chegar-um-pouco-mais-longe programeu ao milímetro quadrado cada minuto desta eternidade estendida entre um período que parece a vida toda e a incógnita do resto a que se chama "para sempre". E falho.
E falho.
E paro depois do erro e saboreio toda a raiva, toda a mágoa e todo o medo.

domingo, 10 de agosto de 2008

de peito embalsamado...

A consequência do desorgulho do saber que se cumpriu e fez, exactamente na proporção esperada e desarmada de esquemas para voltar atrás depois do sim, mesmo desalinhado do resto de dentro... A respiração afundada debaixo, abaixo do peito segurado, embalsamado pelas horas todas do dia e metade das horas da noite, até ao pedido rápido, silencioso para não ser perturbado, que o sono me leve até à alvorada seguinte...E acordo, e acordo-me e ergo-me mais uma vez...e o dia começa e termina antes do próximo e a força e a vontade tem de ser, senão, parecer a mesma vontade de qualquer coisa diferente, do outro desejo que nunca se deixa dizer.
E diz-se sem palavras no tempo intercalado em que a respiração profunda e ofegada pelo cansaço fazem picar os olhos de quem me olha...E desorgulho-me, quis tudo inteiro sem querer sequer a parte...E repetia e dava-me sem vontade...assim, ao mesmo, à mesmas...parecer, aparecer para viver...